O segurança particular, Anderson Bueno, foi considerado culpado pela morte do estudante Alyson Moraes Spegiorini. O crime aconteceu no dia 17 de setembro de 2016, após uma confusão em frente a uma boate no centro. A acusação pedia a condenação por homicídio triplamente qualificado, com pena prevista de até 25 anos.
No entanto, o júri popular, composto por sete pessoas, não aceitou o pedido, e o réu foi condenado por lesão corporal seguida de morte (seis anos), posse ilegal de arma (três anos) e injúria racial (um ano). O julgamento de ontem começou por volta das 9h e se estendeu até as 16h. Para evitar confusões, foi montado um forte aparato de segurança tanto no fórum quanto nas ruas próximas.
Como o acusado está em prisão preventiva faz mais de dois anos, a defesa vai ingressar com o pedido de progressão de regime. Pela lei, como Bueno era réu primário, ele poderá passar para o regime semiaberto após cumprir 1/6 da pena. “A decisão foi justa. O meu cliente colaborou com a investigação. Desde o primeiro momento, assumiu a autoria do disparo. Ele sabe que errou e está pagando por isso”, diz um dos advogados de defesa, Ney Fensterseifer.
A morte do estudante, então com 18 anos, gerou comoção na cidade. Na época, amigos e familiares fizeram passeata pedindo justiça. O fórum de Encantado ficou lotado para acompanhar o julgamento. A decisão desagradou os familiares.
“Estamos arrasados”
“Hoje eu revivi o momento mais triste da minha vida”, emociona-se o pai de Alyson, Jair Spegiorini. Para ele, a pena foi branda. “Estamos arrasados. Não existe mais justiça no Brasil. O cara matou o meu filho e em pouco mais de dois anos será solto.”
Durante o julgamento, a gravação das câmeras de segurança, que mostram o momento em que Alyson é alvejado com o tiro fatal na cabeça, foi reproduzida aos jurados. “Foram 40 segundos. Meu filho se aproximou de onde estava acontecendo a discussão e foi morto a sangue frio, sem direito a se defender”, diz Spegiorini e continua: “Se fosse para fazer isso, não deveriam ter mostrado aquela cena de novo”, completa Spegiorini.
O pai de Alyson relembra que antes do crime, o filho havia passado por uma cirurgia de hérnia de disco. “Era a segunda vez que ele saía de casa com a namorada depois de três meses em casa.” Segundo Spegiorini, o filho não tinha histórico de brigas.
De acordo com ele, a família vai recorrer da decisão e pedir a reabertura do caso, com a imputação de homicídio triplamente qualificado.

O pai, Jair e a mãe, Scheila, irão recorrer. Para eles, punição deve ser maior
Relembre o caso
Alyson Moraes Spegiorini, 18, foi atingido por um tiro durante uma discussão em frente à casa de festas Acordes, no centro de Encantado. Spegiorini estava fora da festa com a namorada quando começou uma discussão entre os seguranças e alguns clientes.
Testemunhas afirmaram que a vítima tentou se aproximar da confusão quando houve o disparo. O crime aconteceu por volta das 4h30min de sábado, 17. Os proprietários do estabelecimento estipularam o fim da festa para em torno das 5h30min e orientaram os seguranças a impedir a entrada de pessoas a partir das 4h.
Conforme a investigação da Polícia Civil, a confusão começou quando um cliente tentou retornar à festa depois de sair para comprar bebida. Após o tiro, o réu teria fugido pela porta dos fundos da casa noturna.
Bueno se apresentou na Delegacia de Pronto Atendimento de Lajeado no mesmo dia. Entregou a arma e confessou a autoria do disparo. Após prestar depoimento, foi liberado. A arma do crime estava registrada no nome de uma empresa de segurança com sede em Porto Alegre, fechada desde 1996.
O revólver havia sido furtado em 1990 e recuperado em Alvorada, em 2002. Em depoimento, Bueno disse ter comprado a arma de um desconhecido, em Porto Alegre, pois estava sofrendo ameaças.
Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br