Perto do centro, mas longe do olhar do poder público municipal. Assim se sentem os moradores do bairro Pinheiros. Distantes cerca de três quilômetros da sede do Executivo, eles reclamam da precariedade na prestação de serviços no local.
Na rua principal, a Ermindo Lohmann, os buracos são constantes em pelo menos metade do trecho. A única praça se resume a um terreno de esquina em desnível, com uma casinha, sem piso e quase sem telhado, e uma quadra de futebol sem tela atrás das goleiras. Faz mais de dez anos, a localidade não tem posto de saúde.
Na noite de segunda-feira, a sessão da câmara de vereadores foi no bairro. Em certos momentos, o clima do encontro foi tenso. “Estava todo mundo revoltado porque ninguém resolve nada”, define o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Pinheiros (Ambap), Ademir Dickel. Os moradores chegaram a interromper a fala de vereadores.
No dia seguinte, caminhões da prefeitura eram vistos largando pedriscos na rua Ermindo Lohmann. O trecho, de cerca de cem metros, apresentava buracos e ondulações. Há duas semanas, a prefeitura abriu o piso para efetuar a reforma. De acordo com moradores, desde então, a obra estava parada.
Jailson Rodrigues Alves afirma que o problema se agravou há um ano. O morador relata que as as pedras da pavimentação estão se quebrando e algumas se soltam, danificando veículos. Além de morar em frente à obra, Alves trabalha no ramo de pavimentação. Ele acredita que a necessidade seria de refazer todo o pavimento da rua. “Esta parte foi a que afundou primeiro, mas as outras já dão sinais. Daqui a alguns meses terão que arrumar outro lugar. Se ficar remendando, o incômodo vai ser maior”, diz.
Buraco tem dois anos
José Carlos Fraga mora em uma esquina da via. “Este buraco na frente da minha casa vai fazer aniversário, está completando dois anos”, ironiza. Fraga conta que já se prontificou junto à prefeitura para realizar ele mesmo o conserto. Pedia apenas o material, foi negado.
Além dos buracos, ele reclama da poeira da rua de cima, a Jorge Pedro Strohner, que é de chão batido. Uma ligação mal feita de esgoto é outro motivo de incômodo. “Aqui, nós estamos sofrendo, mas na parte baixa do bairro é pior ainda. À noite e em dias de chuva não dá pra aguentar o mau cheiro.”
Falta posto de saúde
Cristina Dalla Nora morava a poucos metros do posto de saúde, o acesso era fácil. Há nove anos, seu marido, José Moisés, teve um AVC. Hoje, quando ele precisa de algum serviço de saúde, é necessário uma ambulância para levá-lo. “Faz muita falta pra gente um posto de saúde. Quando precisa, tem que ir ao Boa União ou no postão”, afirma.
Para José Moisés o pior problema é o “bicharedo”. No fim do dia, ratos e baratas saem dos esgotos. Eles solicitaram que fossem instaladas telas, mas até agora não foi dada solução.
Associação oferece ajuda
Observando as condições da sede da associação de moradores, vizinha da praça, é possível entender a indignação da comunidade. O salão está todo reformado, com banheiros acessíveis, piso novo na cozinha, freezers, mesas e cadeiras recém compradas. A própria diretoria pôs as mãos à obra para construir estrutura e telhado na entrada do salão.
Ademir Dickel manifesta preocupação em relação ao acúmulo de água parada em dias de chuva, que oferece risco de doença às crianças. Ele afirma que falta vontade dos agentes públicos e que a instituição está disposta a ajudar nas melhorias. “Se a prefeitura não tem condições, passa esta área para a associação que a gente dá um jeito. Pelo menos para as crianças terem onde brincar, os pais poderem tomar um chimarrão. Assim não tem nem como usar”, diz.
Comunidade cobra vereadores
Na sessão de segunda-feira, a comunidade pressionou os representantes do Legislativo em busca de soluções. Dois vereadores moram no bairro, Volnei Zancanaro (PR), da oposição, e Marco Wermann (PV), da base do governo.
Para Zancanaro, há descaso por parte da prefeitura. “Não dão atenção nenhuma. A coleta de lixo é ruim, a rua Julio Carlos Lohmann faz dois meses que pedimos um tapa-buraco, colocaram pó de brita e já saiu. A gente tá muito triste”, afirma. Para o vereador, falta também uma ligação direta do bairro com o centro.
“A pressão ajuda”
O presidente da câmara, Marcos Wermann (PV), é morador do bairro e esteve presente na sessão. O vereador destaca algumas iniciativas do poder público em relação ao bairro. “Nos últimos cinco anos, foi construída uma nova creche, feita a cobertura da quadra esportiva da escola e o bairro ganhou seção eleitoral”, afirma.
Em relação à pavimentação de ruas, ele reconhece: “A Ermindo Lohmann é a pior rua de Estrela”. Wermann afirma que se trata de um problema antigo e que a empresa que fez o piso faliu.
Entretanto, o presidente do Legilsativo pondera que a demanda da cidade era de 110 ruas vias no início do governo e que 40 já foram pavimentadas. Até o fim do mandato, a previsão é que esse número dobre. Wermann afirma ainda que seis vias já têm reforma garantida no Pinheiros.
“Muitas coisas foram feitas, sim. A gente tem trabalhado muito. De outro lado, é muito legítimo as pessoas trazerem estas reivindicações. A pressão ajuda a gente a conquistar melhorias”, conclui.
Matheus Chaparini: matheus@jornalahora.inf.br
