Morte alerta para riscos em balneários da região

Vale do Taquari

Morte alerta para riscos em balneários da região

A temperatura alta é um convite para banhos nos rios da região. Bombeiros alertam para riscos. No domingo, jovem morreu afogado

Morte alerta para riscos em balneários da região
Vale do Taquari

O Corpo de Bombeiros de Lajeado realizou buscas durante todo o dia de ontem para tentar resgatar o corpo de Riã Schmmer, vítima de afogamento no início da tarde desse domingo, no Camping da Cascalheira, em Cruzeiro do Sul. O balneário fica próximo à eclusa do Taquari, e não tem salva-vidas. Segundo amigos, o jovem de 16 anos sabia nadar e conhecia o local, mas desapareceu ao tentar cruzar o rio.

Até o fechamento desta edição, o corpo não havia sido encontrado. No momento do afogamento, Schmmer estava acompanhado de uma prima e do namorado dela. Ambos testemunharam o momento em que ele submergiu e gritou por ajuda. O amigo tentou ajudá-lo e quase teria se afogado também.

Jovem de 16 anos, Riã Schmmer se afogou em balneário de Cruzeiro do Sul, no domingo

Jovem de 16 anos, Riã Schmmer se afogou em balneário de Cruzeiro do Sul, no domingo

Jovem conhecia o local

O afogamento aconteceu por volta das 14h, cerca de 30 minutos após os três chegarem ao local. Aquele ponto do rio é conhecido pelo “canal” por onde passam embarcações de grande envergadura. Moradores também alertam para o alto número de buracos no fundo do leito. Schmmer se afogou próximo a um ponto onde outro adolescente de 16 anos morreu, em fevereiro de 2017.

Segundo uma ex-colega do rapaz, que estudou durante quatro anos com ele na Escola Estadual de Ensino Médio João de Deus – onde uma faixa preta presta homenagem ao jovem –, testemunhas lhe disseram que “foi tudo muito rápido.” Ainda abalada, ela relembra o amigo. “Ele sabia nadar, costumava ir até aquele camping. Vivia nos rios.”

Sem salva-vidas

O camping, segundo a ex-colega, nunca contou com salva-vidas, mas sempre recebe um grande público durante a temporada de verão. No local, não é permitido entrar com produtos para comer ou beber. Tudo deve ser consumido, de acordo com os proprietários, no ponto de venda interno do balneário. “Moro aqui em Cruzeiro do Sul faz oito anos. Sempre frequentei aquele local. Nunca vi tragédia igual”, recorda.

Schmmer morava com os pais no bairro Passo de Estrela, próximo ao ginásio de esportes. Era filho único. Na noite de domingo, o pai precisou ser hospitalizado, pois teria passado mal devido ao fato. Ontem à tarde, porém, ele, a mãe do jovem, amigos e outros parentes acompanhavam as buscas ao corpo.

Na foz do Forqueta, pescadores alertam para o risco de redemoinhos. Ponto é um dos que mais registrou mortes

Na foz do Forqueta, pescadores alertam para o risco de redemoinhos. Ponto é um dos que mais registrou mortes

Outro caso

No dia 22 de fevereiro de 2017, outro adolescente de apenas 16 anos também morreu afogado naquele ponto do Rio Taquari, a cerca de 500 metros abaixo da barragem de Bom Retiro do Sul, e muito próximo ao Camping da Cascalheira, em Cruzeiro do Sul, mais precisamente na localidade de Desterro.

Thales Daniel dos Santos era morador de Teutônia e foi até aquele ponto acompanhado de amigos. O corpo dele foi localizado por volta das 11h50min do dia seguinte, uma terça-feira, pela equipe Grupo de Buscas e Salvamento (GBS) de Santa Maria. Assim como no caso de Schmmer, um dos amigos tentou resgatar a vítima antes do afogamento, mas não obteve êxito.

“O Taquari é muito perigoso”

Principal rio na região, o Taquari também tem um dos leitos mais perigosos do estado, avisam pescadores que conhecem o manancial faz mais de 30 anos. Marino Stacke é natural de Marques de Souza, mas vive em Lajeado. Ele tem um pequeno caíco que fica ancorado na foz do Rio Forqueta, logo abaixo da Ponte de Ferro, no bairro Carneiros.

Segundo ele, aquele é um dos pontos mais “traiçoeiros” do Taquari, e também um dos mais frequentados por banhistas durante o período de verão. “Nunca se preocuparam em colocar salva-vidas nesse local”, lamenta. “O ideal seria, ao menos, a colocação de boias para delimitar os pontos mais perigosos. Tem muito redemoinho escondido sob a tranquilidade aparente do rio”, observa.

Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br

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