“Nunca mais quero passar por isso”

Vale do Taquari

“Nunca mais quero passar por isso”

Maikel Ohlweiler perdeu o pai num acidente de trânsito. Sem médico legista em Lajeado, levou o corpo ao IML de Porto Alegre, ajudou a alocá-lo na mesa de necropsia e pagou R$ 800 pelo translado

“Nunca mais quero passar por isso”
Vale do Taquari

Além da dor da perda do pai Jackson Ohlweiler, 42, morto em um acidente na madruga do último sábado, 10, na ERS-130, em Lajeado, com a falta de médico legista na região, Maikel, 21, teve de encarar a tristeza de ir sozinho até Porto Alegre para acompanhar o corpo até o Instituto Médico Legal para perícia.

Dos três médicos legistas responsáveis pela região, nos últimos quatros anos, um pediu transferência e outro se aposentou.

Com apenas um médico legista, a cada dois plantões em fins de semana no Vale do Taquari, outros dois plantões são feitos na Capital.

Como ocorreu na morte de Jackson. No dia em que se acidentou, o médico legista da região estava de folga. Junto da funerária, Maikel acompanhou o corpo do pai até o IML de Porto Alegre, onde teve de esperar por 6h até a liberação.

“Foi um stress grande. A gente poderia ter feito o sepultamento do meu pai antes”, conta o filho de Jackson.

Trauma

Das cenas que ficaram na memória de Maikel, está a ajuda em colocar o pai em cima da mesa de perícia do IML de Porto Alegre.

“Nunca mais quero passar por isso. Tive que ajudar a tirar meu pai da urna e colocá-lo na mesa. Além disso, depois tive que botar ele em um saco branco e realocá-lo na urna”, lamenta Maikel.

Despesa

Para trazer o corpo do pai de Porto Alegre para o velório em Estrela, a família de Jackson arcou com cerca de R$ 800 – valor que não seria cobrado caso tivesse mais médicos plantonistas no Vale.

“Não tem cabimento não termos médicos legistas todo o fim de semana”, protesta o filho.

E para piorar o drama das famílias, não há previsão de concurso ou transferência de médicos legistas para a região, segundo o IML.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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