Os dez vereadores que aprovaram a doação do prédio histórico da Polar, em Estrela, entram para a história. A decisão é catastrófica. Insipiente e grosseira. Repassar aquele patrimônio cultural para o Estado demolir é de uma tolice petulante. Não ouviram a população, cuja posição maciça sempre foi pela rejeição do projeto de construção da sede da 3ª Vara Criminal naquele espaço. A pergunta que fica é: a quem interessa essa insensata negociação?
Mesmo com algumas reformas recentes – que lhe tiraram parte do valor histórico –, a arquitetura do prédio construído originalmente em 1950 pode, sim, ser considerada um patrimônio histórico e cultural da pequena cidade margeada pelo Rio Taquari. É valioso. Insubstituível. Tal como o prédio do antigo hospital, vendido na primeira gestão do mesmo prefeito quando já servia de sede para a Secretaria de Saúde.
O prédio da clássica cervejaria – que nasceu no município e depois virou até símbolo no estado – é um verdadeiro cartão-postal instalado junto ao reformulado belvedere. Aliás, é isso que me intriga: como pôde a mesma gestão responsável pela excelente iniciativa de reformar a escadaria optar, desta vez, pela destruição de um dos maiores patrimônios culturais do Vale do Taquari? A quem interessa, afinal?
Voltei esta semana de uma “peregrinação” de 30 dias pelo berço dos nossos antepassados. Alemanha, Itália e Portugal são exemplos de preservação da própria história. Mais. Os alemães e os italianos foram primorosos nos trabalhos de reconstrução de boa parte daqueles mesmos patrimônios, destruídos durante os intensos confrontos da Segunda Guerra Mundial.
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Não se cogita, hoje, destruir patrimônio cultural e histórico no berço dos nossos imigrantes. A lei impede. A lei protege. A manutenção dos prédios antigos, ou a adequação desses com o que há de mais moderno em termos de lojas, restaurantes e afins é um dos pilares da monetização do turismo naqueles países. É isso que mais atrai turistas à Europa: os prédios antigos e suas histórias.
Aliás, não é preciso viajar à Europa para se dar conta da bobagem encomendada pelo Executivo e balizada por quase todo o Legislativo – apenas os vereadores João Braun (PP) e Volmir Zancanaro (PR) respeitaram a opinião pública. O Brasil e o próprio Rio Grande do Sul apresentam distintos e importantes bons exemplos de preservação histórica. A recuperação do belvedere estrelense, reforço, é outro bom exemplo, cujo sucesso já é verificado em pouquíssimo tempo.
A quem interessa, afinal? Como pôde o mesmo governo acertar em cheio e, logo ao lado, errar de forma tão drástica?
É inegável, sabemos, a necessidade urgente de um prédio adequado para o Fórum estrelense, onde ocorrem centenas de julgamentos e onde repousam tantos milhares de documentos de suma importância, também, para a nossa história. Mas a solução apresentada pelo prefeito e rejeitada pela maioria da população não poderia ser mais equivocada.
Foi um erro para ficar na história.
Susaf e SIM em Lajeado
O governo lajeadense tem prazo até 20 de janeiro de 2019 para efetivar os ajustes exigidos pelo governo estadual referentes ao Susaf. O prefeito Marcelo Caumo, entretanto, garante que a intenção é encaminhar à câmara, até o fim deste mês, a lei referente às necessidades apontadas pela auditoria. Menos mal. Mas resta lembrar que o problema – falta de servidores, fiscalização fraca e não cumprimento de prazos por parte do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) – já perdura desde junho.
Prêmio para Taquari
O programa Fala, Prefeito recebe o prêmio de Projeto Inovador 2018. A distinção será entregue durante o 2º Congresso Gaúcho de Cidades Digitais, que ocorre no dia 23, em Campo Bom. A iniciativa é simples e muito interessante. Emanuel de Jesus conversou diretamente com contribuintes por meio do Facebook, respondendo a questões pertinentes ao governo municipal e ouvindo reclamações dos eleitores. Serve de exemplo para quem se esconde no gabinete.
Tiro curto
– O orçamento de Estrela para 2019 será de R$ 125,2 milhões;
– Na câmara de Lajeado, circula anúncio de agência de turismo para uma provável excursão a Brasília na virada do ano. O motivo seria a posse do novo presidente;
– Também em Lajeado, Sérgio Rambo (PT) briga pelo posto de presidente da câmara em 2019. Neca Dalmoro (PDT) também quer.
– Ainda sobre os vereadores, a população estranhou a ausência da maioria deles na abertura da Expovale, principal feira comercial da cidade;
– A construção do prédio da Escola Estadual Carlos Fett Filho, em Lajeado, orçada em R$ 2 milhões, murchou com a derrota do governador José Ivo Sartori (MDB) nas urnas;
– Prefeitos do PSDB indicaram Jonatan Brönstrup, gestor de Teutônia, para acompanhar as tratativas de composição do novo governador, o tucano Eduardo Leite. Os progressistas do Vale também foram chamados, e a indicada é Mareli Vogel;
– Enio Bacci deve mesmo trocar o PDT pelo PTB e, assim, ingressar no governo estadual a partir do próximo ano;
– Em Encantado, muitas mudanças. João Vidal deixou a assessoria jurídica. Adroaldo Dacroce deixará a Secretaria da Fazenda, assim como Neide Graciola, da Educação, e Joel Bottoni, da Agricultura. Já a secretária-geral de Governo, Joanete Masiero, deve ir para a Secretaria de Obras;
– Em tempo: e as urnas eletrônicas, tudo certo?
Boa quinta-feira a todos!
“Quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas, mas não tem pés.”
Joseph Joubert