A força de um setor que congrega 83% das famílias do Vale do Taquari foi evidenciada durante o lançamento do espaço Mundo Cooperativo da Expovale. O estande com 525 m² reúne 13 cooperativas e tem programação exclusiva para o associativismo.
A cerimônia de abertura do espaço ocorreu na manhã de sábado, 10. Presidente do sistema Ocergs/Sescoop/RS, Vergílio Perius destacou o potencial da região, que considera o maior exemplo nacional de sucesso do modelo cooperativo.
Segundo ele, ao todo, são 378 mil associados, incluindo pessoas que são sócias simultaneamente de cooperativas de energia, saúde e crédito. “A região é o exemplo de cooperativismo mundial, com índices que só são acompanhados pelo Canadá.”
Presidente da Expovale, Valmor Scapini ressalta que a feira aposta no Mundo Cooperativo como uma das suas principais atrações. Conforme Scapini, o associativismo é o mais forte e estratégico alicerce da cultura do Vale do Taquari.
Estande com 525 metros quadrados reúne 13 cooperativas. Modelo tem mais de 378 mil associados na região. Número coloca o Vale do Taquari como referência nacional em total de adesões
“O Mundo Cooperativo materializa nossas mais elevadas aspirações como sociedade organizada”, reforça. Segundo ele, a sociedade regional enxerga no cooperativismo o passado glorioso, faz dele o presente venturoso e percebe como fundamental para a construção de um futuro brilhante, de desenvolvimento econômico e social e qualidade de vida para todos.
Prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo aproveitou a oportunidade para sugerir à Ocergs a realização de eventos anuais voltados para o cooperativismo na cidade. “Esse nosso pedido é para que possamos transmitir para o mundo inteiro o que o Vale e o cooperativismo tem feito.”
Para Caumo, os dados apresentados pela Ocergs, que mostram a região como a principal do cooperativismo no país, ajudam a explicar os índices positivos da economia, saúde e educação.
Dália e Languiru firmam parceria inédita
As décadas de disputa entre duas das maiores cooperativas do RS ficaram para trás. Durante o lançamento do espaço Mundo Cooperativo, dirigentes da Dália/Cosuel e da Languiru assinaram o acordo que prevê a união de esforços e a complementação de atividades.
De acordo com o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, a cooperativa já utiliza as instalações da Dália para a produção de leite em pó, e a previsão é ampliar o leque de ações conjuntas. “As vantagens são recíprocas. É uma parceria de enorme potencial.”
Presidente da Languiru, Dirceu Bayer enaltece que parceria garante vantagens para as duas cooperativas
Conforme Bayer, a Dália ingressará no mercado de aves com apoio da Languiru, que comercializará cortes de frangos resfriados para que a parceira possa apresentar seu potencial ao mercado. A partir de outubro de 2019, a Languiru também fornecerá frangos vivos para a Cosuel, que serão abatidos e comercializados pela Dália.
Outra proposta é permitir que a Languiru utilize a nova planta de produção de rações da Dália para ampliar o fornecimento de insumos aos produtores da cooperativa com sede em Teutônia. “Estamos diante de uma concorrência muito acirrada na nossa região com as grandes multinacionais. Essa união nos torna mais fortes.”
Presidente-executivo da Dália/Cosuel, Carlos Alberto Freitas ressalta que a parceria é fruto de meses de reuniões e conversas entre as diretorias e as áreas técnicas de ambas cooperativas.
Segundo ele, o objetivo da parceria é implementar uma cooperação por meio do compartilhamento de expertises e de negociações conjuntas. “Além de negócios, começa uma troca de experiências entre os profissionais das duas cooperativas.”
Para Freitas, além das ações já definidas, o acordo também possibilita novas parcerias para o fortalecimento das duas cooperativas no futuro. “Temos muitas ideias em discussão com potencial de melhorar a atuação nas áreas de mercado e serviços.”
O acordo entre a Languiru e a Dália foi considerado histórico pelo presidente da Ocergs, Vergílio Perius, que foi um dos articuladores da parceria ao lado do diretor técnico sindical da Ocergs, Irno Pretto. Líderes e autoridades regionais também participaram dos bastidores do acordo.
Abertura do mercado brasileiro
Após a solenidade, os dirigentes das 13 cooperativas participantes e da Ocergs abordaram os desafios do setor durante entrevista. Questionados sobre o novo governo federal e a previsão de maior abertura da economia brasileira para investimentos do capital estrangeiro, os representantes do setor acreditam que a mudança será positiva.
De acordo com Freitas, existe a chance de encerrar um período de dificuldades na disputa pelo mercado mundial devido ao custo financeiro da produção nacional. “O Brasil tem um modelo tributário e de legislação que nos impede de competir com os demais países.”
Cita como exemplo países como Espanha e Rússia, que agora começam a se tornar exportadores de carne. “A informação é que o governo vai reduzir a alíquota de imposto sobre máquinas e demais tecnologias, hoje quase inviável devido ao custo tributário.”
Conforme Bayer, o sentimento é de esperança, mas também é preciso estar vigilante. Um dos fatores mais importantes para o otimismo, ressalta, é a queda na cotação do dólar, que diminui o custo dos insumos.
“O mercado externo é importante, mas o interno é fundamental, e depende da estabilidade econômica e política.” Lembra que os grandes conglomerados internacionais já atuam na região, e que as cooperativas locais conseguem competir de igual para igual com as multinacionais.
Para o presidente da Languiru, um exemplo da influência das questões políticas na sustentação econômica do agronegócio é a crise do leite. Segundo ele, a importação desenfreada, motivada por alíquotas favoráveis para a compra de leite em pó de outros países, resultou no abandono da atividade para 20 mil famílias gaúchas.
“O governo não se deu conta do estrago que fez”, critica. Conforme Bayer, somente com a organização do segmento foi possível pressionar a Assembleia Legislativa de forma a reverter os decretos que permitiram a importação desenfreada.
Carlos Alberto Freitas, Dirceu Bayer e Gilberto Piccinini assinaram acordo de cooperação na manhã de sábado
Cooperativismo presente
De acordo com os participantes, o cooperativismo pode contribuir com os mais diferentes setores da sociedade. Conforme a presidente do Conselho de Administração do Sicoob Meridional, Solange Martins, as cooperativas de crédito são um importante propulsor das economias regionais. “Nosso modelo é mais justo”, conclui.
O presidente da Sicredi Integração RS/MG, Adilson Metz, lembra que as cooperativas de crédito oferecem juros e tarifas mais atrativas na comparação com os bancos comerciais. Além disso, ressalta o trabalho social realizado pelas instituições, que destinam recursos para projetos nas comunidades onde estão inseridas.
No caso das cooperativas de energia, além de um fornecimento de qualidade com valor mais baixo na comparação com as demais concessionárias, as cooperativas ainda atuam na construção de pequenas usinas hidrelétricas para geração própria.
Conforme o presidente da Certel, Erineu Hennemann, a burocracia para obter os licenciamentos ambientais ainda trava os projetos. Segundo ele, a região tem total condições de alcançar a suficiência energética se todas as propostas saírem do papel.
Outros segmentos nos quais o cooperativismo também proporciona serviços a preços mais atrativos são a saúde e o transporte, representados na Expovale pela Unimed VTRP, a Uniodonto VTRP, a Valelog e a Rede Transportes.
Cooperativas participantes
Arla Cooperativa
Certaja
Certel
Dália Alimentos (Cosuel)
Languiru
Rede Transportes
Sicoob Meridional
Sicoob São Miguel
Sicredi Integração RS/MG
Unicred VTRP
Unimed VTRP
Uniodonto VTRP
Vale Log
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br
