Pelas periferias do teatro e da arte, existem muitas histórias desconhecidas. Narrativas que representam o ponto de vista de pessoas que ainda não são totalmente incluídas socialmente, como os negros, tema do espetáculo Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustância de Meninos e Homens, que ocorre segunda-feira, 12 , às 20h, no Teatro Sesc Lajeado.
E 2008 surgiu a proposta de pesquisar de forma cênica essa representação, na Escola Livre de Teatro Santo André, em São Paulo, onde o artista Jefferson de Oliveira, o Jé Oliveira, criou o grupo Coletivo Negro.
Como parte da encenação e roteirista da peça, ele conta que o espetáculo trata da experiência de ser um homem negro na urbanidade periférica do país. Para isso, ele entrevistou 12 homens negros de diversas idades e ocupações, e a partir disso foi criando a dramaturgia e as canções que compõem o espetáculo.
“Faço teatro há 20 anos, e profissionalmente há dez. Mas antes disso eu já era do movimento hip hop, por isso, tenho essa ligação com a rima, que também coloquei no espetáculo”, lembra. Essa arte, para ele, significa a possibilidade de influenciar politicamente em alguns assuntos relacionados à questão negra e relacionados ao país como um todo.
O grupo Coletivo Negro também é formado por Aysha Nascimento, Flávio Rodrigues, Jefferson Mathias e Raphael Garcia, com a ideia de diminuir o hiato histórico sobre a sensibilização do corpo negro nas artes cênicas. “A nossa presença é muito colocada em segundo plano, sem interferência na dramaturgia, ou quando presentes, de um modo estereotipado”, lembra Jé Oliveira.
Ele explica que tratar desses assuntos em primeira pessoas e do ponto de vista de quem vivencia essas questões, tem potências e limitações próprias. “Muito mais do que fazer teatro, nós falamos sobre a vida”, conta. Além da peça falar sobre a dor, começando pela morte, ela chega nas questões da vida, porque segundo Jé Oliveira, a o espetáculo busca ser um acalento no coração das pessoas que sofrem e das pessoas que se importam com esse sofrimento.
Toda a composição é feita por meio da palavra falada e cantada, pela construção poética da presença cênica, com paisagens sonoras e imagéticas se materializando na narrativa. A obra também faz um tributo ao legado dos Racionais MC’s e rendeu a Jé Oliveira o 6º Prêmio Questão de Crítica em 2017.
Obras
Entre as obras apresentadas pelo grupo ns espetáculos, estão: Movimento número 1: o silêncio de depois… (2011), {Entre} (2014), Revolver (2015), Farinha com Açúcar ou Sobre a sustança de meninos e homens (2016) e Ida (2016).
Ingressos
Os ingressos estão disponíveis no Sesc por R$ 10 para pessoas com o Cartão Sesc/Senac na categoria Comércio e Serviços, estudantes, idosos e meia-entrada, e por R$20 para público em geral. Mais informações pelo 3714-2266 ou www.sescrs.com.br/lajeado.
Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br