O Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) reconheceu as personalidades civis e militares com destacada atuação comunitária. A solenidade de entrega da comenda da Brigada Militar ocorreu na tarde de ontem, na Praça da Matriz, em Lajeado.
Na ocasião, o chefe do Estado Maior da BM, coronel Júlio César Rocha Lopes, enalteceu a atuação comunitária de líderes civis do Vale do Taquari. Segundo ele, a participação da sociedade no auxílio à corporação é de conhecimento estadual. “Acompanhamos no comando da BM o trabalho desta comunidade. Por meio dessa participação social, vemos com alegria a redução de muitos índices criminais. Isso é possível graças a esse comprometimento”, realça.
De acordo com o oficial, apesar do comando regional ser recente em comparação com a história de 181 anos da BM, já conquistou um espaço de destaque no RS devido a esse envolvimento comunitário. “Só temos de agradecer à sociedade do Vale do Taquari, pois estão sempre presente, apoiando a corporação. Seja no aporte de recursos, nos equipamentos e mesmo no incentivo da palavra. Isso aumenta a autoestima de todos os policiais”, diz Rocha.
Com base nessa afirmação do comandante, o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, também frisou o esforço dos gestores públicos, do Ministério Público e do empresariado na busca por garantir melhorias na segurança pública.
Segundo Caumo, os prefeitos da região escolheram neste ano como principal área de atuação justamente a segurança pública. “Esse é um indicativo das prioridades que temos. Pensar segurança é garantir a repressão, mas também trabalhar a prevenção, em especial com as crianças.”
Ao todo, a comenda do CRPO foi entregue para 11 pessoas. Também foram homenageados policiais que ingressaram na reserva e entregue o título de PM padrão para o sargento Walesko Do Val Baroni Gomes. A cerimônia teve presença de prefeitos da região, integrantes do Ministério Público, empresários e familiares dos militares.
Representante do Vale
Walesko Do Val Baroni Gomes, 34, representa o Vale do Taquari na disputa do PM padrão do RS. Após provas que envolvem técnicas policiais, conhecimento jurídico e defesa armada, o sargento natural de Santana do Livramento ganhou o título regional. “É muito gratificante conseguir esse reconhecimento. Nosso trabalho na rua é desafiador. Atendemos desde acidentes de trânsito até conflitos armados. Sem dúvida, essa honraria é uma motivação a mais para seguir no cumprimento do meu dever.”
O sargento Gomes ingressou na BM em junho de 2006. Fez o curso preparatório em Estrela e decidiu se inscrever para continuar na região. “Queria conhecer novos lugares. Também pensei em ficar devido à divisão de vagas”, conta.
Entrevista
“Nosso maior problema ainda é o efetivo”
O comandante do CRPO, Ricardo Hoffmann, acredita que, com o início da formação de novos soldados em Lajeado, será possível criar grupos de operações especiais nas sedes de companhias em Arroio do Meio, Encantado, Arvorezinha, Taquari, Teutônia e Estrela.
A Hora – Tendo em vista a crise na segurança pública e a cobrança da sociedade por mais policiamento, como avalia a condição da BM na região?
Ricardo Hoffmann – Quando cheguei em fevereiro, estávamos em uma situação mais crítica do que agora. Tínhamos armamento deficiente, viaturas velhas, tinham problemas com outros equipamentos. Agora, com a doação comunitária e com o aporte que recebemos do Estado, estamos bem armados, inclusive com fuzis, que era uma deficiência. Todos os policiais têm pistolas .40, não se usa mais revólver, estamos com novas viaturas. Então estamos bem equipados, bem armados e bem treinados, pois também intensificamos muito a formação dos policiais.
Nossa dificuldade é a quantidade de efetivo. Temos 37 municípios, a maioria deles com cinco policiais. Essa é nossa limitação. Quando a gente consegue recompor esse efetivo, segunda-feira se apresentam 90 alunos para o curso de formação de novos BMs, com isso, acredito que teremos mais capacidade para nos organizarmos e criar nas sedes de companhia Grupos de Operações Especiais para atuar em microrregiões.
O Vale do Taquari tem sofrido com a violência de facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas. Como coibir esse avanço? É por meio da repressão ao usuário de entorpecentes ou com inteligência para “estourar” bocas de tráfico?
Hoffmann – Esse é um tema muito complexo e que uma instituição sozinha não vai resolver. Porque o prende e solta é uma realidade. Um dos grandes problemas é a impunidade. O furto de veículos, por exemplo, identificamos um índice elevado, fizemos um trabalho específico, identificamos os autores e alertamos o Judiciário. Com a saída desses suspeitos, reduziram os índices.
Esse é um exemplo de trabalho integrado para resolver questões pontuais. E estamos buscando isso, aproximando relações entre BM, Polícia Civil, Polícia Federal, Ministério Público, Susepe, a Justiça e as prefeituras da região. Quando há essa integração o sucesso é maior. É preciso investir em prevenção, do contrário, é enxugar gelo. Pois se fecha uma boca de fumo hoje, amanhã outro assume. Sem dúvida, é necessário atuar com inteligência, conhecer as rotas que chegam às drogas, identificar os veículos que vão buscar os entorpecentes no Paraguai, trabalhar com tecnologia, com sistemas de monitoramento que identifiquem as placas dos veículos. Isso vai diminuir o problema. Resolver não vai.
Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br