Fazer teatro vai muito além de subir aos palcos e interpretar roteiros. É uma arte que envolve treinamento, técnica e desenvolvimento do espírito crítico e observador de quem atua. No Colégio Cenecista João Batista de Mello, o Mellinho, essa manifestação artística é praticada com os alunos durante todo o ano e hoje, às 19h30min, eles se apresentam na Mostra de Teatro.
O professor de teatro do Mellinho, Pablo Capalonga, montou duas esquetes para apresentar esta noite. Uma com os alunos do colégio e a outra com o grupo de teatro da Univates, que dirige faz 12 anos.
“Trabalhamos a expressão corporal, procurando incentivar todas as habilidades do aluno de forma expressiva. Muitos exercícios são feitos sem que eles falem, justamente para que o corpo seja o protagonista naquele momento”, lembra.
No palco, as turmas se dividem em pequenos grupos para que possam mostrar suas ideias, sempre com um trabalho de dicção e oralidade ensinado pelo professor.
“O resultado de tudo isso é que a gente acaba tendo alunos mais desinibidos, falantes, criativos e sensíveis, de forma a perceber as suas potencialidades, dificuldades e encontrar caminhos no teatro, para vencer a timidez”, comenta.
Mostra de Teatro
O grupo infantil apresentará a esquete A Orquestra, em um exercício de contracenação em que, de forma criativa e engraçada, conta a história de uma orquestra que está no último ensaio de preparação para a apresentação do dia seguinte. Ela mostra as confusões do maestro com a orquestra, com uma série de equívocos e empecilhos para que o trabalho aconteça, e apresenta um final surpreendente.
Para os alunos do 7º ano do Ensino Fundamental à 2ª série do Ensino Médio, o trabalho desenvolvido é mais específico. “Pela primeira vez na escola eu vou trazer uma linguagem de teatro”, explica o professor. Segundo ele, a atividade tem vários tipos de interpretação, como o bufão, por exemplo, que foi o escolhido para a esquete.

Alunos do grupo infantil apresentam “A Orquestra” na mostra do colégio
Essa linguagem artística é inspirada no ambiente dos mendigos. “Dentro deste universo, recriamos uma história de Romeu e Julieta, de Shakespeare, onde, na peça, uma menina e um menino de grupos distintos de mendigos começam a se perceber e as ‘famílias’ tentam impedir o contato entre eles.”
Para finalizar a noite, o grupo de teatro da Univates, também dirigido por Capalonga, apresenta o miniespetáculo O Rouxinol e a Rosa, do escritor Oscar Wilde. O texto foi escrito em 1988 para os filhos dele, como fábulas para crianças, e apesar de apresentar uma história de amor, também fala sobre a morte e como ela deve ser encarada. “No palco há uma romantização de tudo isso, mas não podemos esconder esses temas das crianças”, explica o professor.
Para Capalonga, o teatro é uma prática poderosa que desenvolve habilidades e faz com que cada um perceba o que é capaz de fazer. Ele conta que no grupo da universidade já estão entrando alunos que tiveram aulas com ele no Mellinho.
“Essa troca é importante para incentivar os que estão começando. Para mim é um prazer muito grande trabalhar essa arte que carrega tanto valor com eles e com a comunidade”, finaliza.
Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br