Após 12 anos, o Chile anunciou a retomada das importações de carne de frango e ovos. O embargo ocorreu após o registro da doença de newcastle em 2006. Para o diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, o embargo dava a entender que o estado ainda tinha esse problema. O Chile hoje é uma das principais vitrinas da América do Sul, afirma.
Santos diz que a retomada tem um efeito que vai muito além do volume a ser negociado (carne de frango e ovos). Estima-se que nos últimos 12 anos 385 mil toneladas de carne deixaram de ser embarcadas.
“Essa é uma ótima conquista para avicultura do RS em tempos de entraves nas exportações avícolas”, frisa Nestor Freiberger, presidente da Asgav.
Com mais uma opção de venda dos produtos, a cadeia produtiva amplia suas chances de reverter o cenário de recuo das vendas externas.
Neste ano, a suspensão imposta pela União Europeia a frigoríficos brasileiros, a taxação chinesa sobre o produto e a negociação com a Arábia Saudita sobre a insensibilização dos animais impactaram os embarques feitos a partir do RS. Até agosto, a quantidade negociada era 30% menor do que em igual período de 2017.
Rigor na fiscalização
De acordo com a médica-veterinária Flávia Bornancini Borges Fortes, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), “o estado segue os mais rigorosos procedimentos de controle e fiscalização avícola.”
Flávia completa dizendo que o mercado chileno é um dos mais exigentes do mundo, o que serve de parâmetro para que outros países possam comprar do RS.
Avicultores comemoram
A retomada das exportações para o Chile é comemorada pelo avicultor Christian Ivan Giebmeier, 21, de Travesseiro. Recentemente ele investiu R$ 350 mil em um aviário automatizado com capacidade de alojar 20 mil aves por lote. “Tendo mercado, o negócio rende bons lucros”, resume.
Os animais ficam alojados na granja por 42 dias. O retorno financeiro por ave chega a R$ 0,60.
Produtor faz 36 anos, Elir José Favaretto, 53, está feliz com a notícia, mas preocupado com o cenário econômico e político.
Morador de Arroio Galdino, interior de Sério, ele substituiu o fumo e as vacas leiteiras pelo frango de corte. Investiu cerca de R$ 1 milhão faz três anos e assim conseguiu fazer os dois filhos retornar à propriedade. “Para ampliar, era necessária mão de obra. Após uma conversa, eles aceitaram o desafio”, comenta.
Dois aviários foram reformados e um novo foi construído. Todas as estruturas seguem o modelo dark house. A produção foi ampliada de 27 mil para 75 mil cabeças por lote. “As novas exigências minimizaram os riscos de doenças como salmonela. Estamos adaptados a padrões internacionais de sanidade. Isso nos torna referência e abre novas oportunidades”, destaca.
As visitas técnicas são semanais e a entrada de estranhos está proibida. “A sanidade é nossa maior riqueza. Temos que preservar”, afirma. Recebe em média R$ 1,70 por ave.
Para reduzir custos com energia elétrica, cerca de R$ 5 mil por lote, planeja instalar um sistema fotovoltaico. O valor a ser investido chega a R$ 200 mil.
Para saber
O estado é o terceiro maior produtor de frangos de corte do país, sendo também o terceiro maior exportador brasileiro. Em 2017, de acordo com a Asgav, 791 milhões de aves foram abatidas.
Em exportações, também em 2017, o RS exportou 743 mil toneladas de carnes de aves, número que representa 17% das exportações avícolas brasileiras. Os principais mercados compradores são Ásia, Oriente Médio, África e Europa.