Produtividade surpreende triticultores

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Produtividade surpreende triticultores

Primeiras lavouras apresentam rendimento médio de 3 mil quilos por hectare. Saca de 60 quilos está cotada a R$ 39. Projeção é de aumento no preço da matéria-prima, como a farinha

Produtividade surpreende triticultores
Foto: Divulgação
Vale do Taquari

As lavouras começam a entrar de forma acelerada na fase de maturação. No estado, a área colhida chega a 45%. Na região, as primeiras colheitas registram produtividade entre 2,8 mil e três mil quilos por hectare.

Conforme o engenheiro agrônomo da Emater, Cláudio Dóro, a área cultivada no RS reduziu 3,3% em relação ao ciclo anterior. Passou de 691 mil para 668 mil hectares.

Apesar das chuvas intensas, granizo e ventos fortes, a qualidade do grão é considerada de regular a boa. “O rendimento inicial chega a 50 sacas por hectare, considerado bom. A safra total deve chegar a 2,06 milhões de toneladas”, estima.

Outro fator positivo é o aumento no preço. Em comparação com a safra passada, o valor subiu em torno de R$ 6. Esta semana, a saca de 60 quilos chegou a R$ a 39.

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Venda direta

Pedro Francisco Gabriel, de Nova Santa Cruz, Santa Clara do Sul, manteve a área de oito hectares neste ciclo. As primeiras lavouras colhidas confirmam as expectativas de produtividade e qualidade do grão. “Apesar da alta umidade e ventos fortes, as plantas ficaram em pé. Os cachos estão bem preenchidos e sadios. A estimativa é de colher uma média de até 60 sacas por hectare”, calcula.

Além da produtividade maior, em torno de 25 sacas em relação ao ciclo anterior, o preço anima Gabriel. Há vários anos, ele vende o cereal direto aos produtores de leite e suínos. “Ganho até R$ 7 a mais por saca”, comenta.

Demanda reprimida

O país consome cerca de 11 milhões de toneladas do grão e produz apenas cinco milhões. Mais de 50% do que é consumido aqui é importado, sobretudo da Argentina.

E aí começam os entraves para a composição do preço do grão, da farinha e, consequentemente, do pão francês, encarecendo o produto.

Segundo o diretor-superintendente do Moinho Taquariense, Andreas Elter, os balizadores do mercado internacional são os valores cotados nas bolsas mundiais, em Kansas, Chicago, além do trigo russo, que teve quebra na safra devido à seca.

Segundo ele, em cada local, o tamanho da safra plantada e a situação do clima, como a falta ou a sobra de chuva e catástrofes, influenciam na colheita e na qualidade da produção.

Neste ciclo, as lavouras do Paraná, maior produtor nacional, apresentam o maior percentual de áreas consideradas “ruins” em cinco anos e a expectativa é que a produção dificilmente chegue a três milhões de toneladas.

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Conforme o diretor do Moinho Estrela, Gerson Pretto, o preço da farinha e do pão ainda não foi repassado porque há demanda reprimida de mercado. “O consumo está retraído devido à crise. Quem comia dois pães está comendo um e a população não sabe o que vai ocorrer num futuro próximo”, comenta.

A combinação de fatores como valor pago pela matéria-prima, reajustes na conta de luz e nas embalagens faz moinhos projetarem aumento no valor da farinha. A estimativa é que o acréscimo fique em torno de 10% e venha no fim deste mês.

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