Aquarela

Opinião

Ricardo Petter

Ricardo Petter

Músico e professor

Aquarela

“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo…”. Oi, gente! Hoje vamos conversar sobre o clássico, Aquarela. A princípio, o fato de falar em clássico já renderia um papo inteiro. Porque o que é clássico, não se descarta com o tempo. Um grande desafio para o momento atual, principalmente musical, em que, frequentemente, o que vale mais é a novidade e essa, cada vez mais, se apresentando como efêmera e descartável.
Mas vamos à Aquarela. E quando vamos à obra, é inevitável ir ao encontro do compositor. Toquinho (1946) é paulista e filho de descendentes italianos. Era carinhosamente chamado pela mãe de “meu toquinho de gente”, o que acabou sendo seu nome artístico. Cantor, compositor e violonista brasileiro, ele é conhecido pelas várias parcerias musicais e, evidentemente, seu maior parceiro foi o poeta Vinícius de Moraes.
Um grande destaque da carreira do Toquinho é, sem dúvida, a parte de sua obra que abrande o universo infantil. Durante a década de 1980, surgiram quatro trabalhos originais: Arca de Noé 1 e 2 (1980/81), em parceria com Vinícius, a Casa de Brinquedos (1983) e Canção de Todas as Crianças (1987), que talvez seja um dos mais importantes trabalhos artísticos que já se fez no Brasil, objetivando a temática da criança e da infância.
“E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo…”. No enredo da canção Aquarela, composta em parceria com Vinícius de Moraes e os italianos Maurizio Fabrizio e Guido Morra, temos um personagem colorindo o mundo à sua maneira, de norte a sul, navegando entre as nuvens, pintando um quadro quase que romântico sobre a amizade e a aventura rumo à maturidade na vida moderna.
É uma obra mágica que, ao mesmo tempo, faz as crianças viajarem em suas fantasias e os adultos despertarem a criança que carregam dentro de si, de maneira verdadeira, como convida a letra, “basta imaginar”.
Assim, com o roteiro da canção, a gente vai desenhando, pintando, viajando e “caminhando chega num muro”! Então, a poesia nos alerta para o enigma do futuro, “uma astronave que tentamos pilotar”, que guarda em sua essência a implacável ação do tempo, sem piedade, fazendo tudo perder a cor, perder o viço, perder a força, até que um dia, enfim, descolorirá.
Até lá, seguimos “nessa estrada, (onde) não nos cabe conhecer ou ver o que virá. O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela…”.

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