Um novo pedágio arcaico

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Um novo pedágio arcaico

Se tudo ocorrer conforme o anunciado, inicia hoje o leilão da BR-386 à iniciativa privada, em uma nova tentativa de garantir a qualidade da pista e os esperados investimentos na malha rodoviária do Vale do Taquari. Um “novo” ainda velho. Caro e injusto. Aqui na Europa, os modelos de cobrança são infinitamente mais justos com os condutores. Mas as velhas amarras brasileiras impedem a utilização do que há de mais moderno no setor viário.
O modelo europeu é simples. Mas complexo para os padrões tupiniquins. Em Portugal, por exemplo, o condutor paga especificamente pelos quilômetros rodados em determinada rodovia. Isso funciona nas estradas marcadas com a letra A, que são as principais no país. Há também vias secundárias – B e C –, onde não há cobrança, mas as ligações são mais reservadas.

Fiquemos na letra A

A situação é assim. Ao optar pela cobrança por distância percorrida, o condutor vai pagar só no momento em que deixar a rodovia. É bastante simples, reforço. Ao acessar determinada estrada, o motorista passa por uma “portagem” – nome dado para as praças de pedágios portuguesas. Não há cobradores. Há apenas uma máquina que imprime um ticket, com informações acerca do ponto inicial da viagem.
Há outras “portagens” em cada saída dessa determinada rodovia. Ao passar por essas, o condutor precisa inserir o mesmo ticket em uma máquina, que é muito semelhante aos parquímetros lajeadenses. O cálculo da distância é feito automaticamente pelo aparelho, e o valor é apresentado ao motorista. Pronto. Você pagou pelo que de fato usou. Sem injustiças.
Vamos imaginar o sistema na BR. Digamos que o preço definido no edital por quilômetro rodado fique em R$ 0,07. No mundo ideal, só a cada cem quilômetros o condutor precisaria desembolsar R$ 7. Mas, no modelo nacional, um motorista que percorrer uma ínfima distância de dez quilômetros – entre Fazenda Vilanova e Paverama, por exemplo – e passar por uma “portagem”, vai pagar os mesmos R$ 7 de quem viajou por uma distância dez vezes maior.

Percebem a injustiça?

O modelo de pagamento por distância percorrida foi debatido durante as diversas audiências, reuniões, encontros casuais e chás de cadeira entre membros da ANTT e líderes de diversas regiões do estado. Mas as amarras políticas, financeiras e legislativas repeliram tal ideia para bem longe da nossa 386. Afinal, tudo é complexo e tudo parece inviável em terras tupiniquins.
Entre as amarras, o excesso de entradas e saídas junto à BR. Algo que aumenta a bel-prazer dentro de cada perímetro urbano, onde prefeitos decidem quase que por conta própria a abertura de novos acessos para beneficiar empresas e compadres. Outra problemática seria a iminência de ocorrer inadimplência diante do pagamento posterior, um pessimismo compartilhado entre ANTT e Tribunal de Contas da União.
Menos mal que existem cláusulas previstas no futuro contrato para eventual funcionamento desse sistema. Já é um alento e, de certa forma, uma “conquista” ao nível do desenvolvimento do Brasil. Mas enquanto a tecnologia nem tão nova assim teima em não aterrissar no Vale do Taquari, seguiremos com esse modelo caro, injusto e arcaico. Haja paciência…


Letreiro certeiro

Marcelo Caumo acerta com a instalação do letreiro do Parque dos Dick. O nome de Lajeado em letras garrafais – e a custo baixo – copia cases de sucesso de outras cidades e atrai a atenção de fotógrafos amadores. Mas como tudo é polêmica no Brasil há quem não goste. E isso é democrático. Gosto não se discute. O problema é o exagero nas críticas e o inexplicável pedido de investigação junto ao MP, originados por quem já está em campanha.


“Erro bibliográfico”

A coordenadora regional de Educação (CRE), Greicy Weschenfelder, foi condenada a se desculpar com um estudante de Jornalismo, pois teria plagiado frases da monografia do rapaz, e utilizado no livro dela, Romance-Folhetim Alemão. A agente pública pode pagar multa, mas ainda cabe recurso. Segundo ela, é um trecho de apenas um parágrafo, “de domínio público”, entre mais de 300 páginas. E não seria plágio, mas, sim, um mero “erro bibliográfico”.


Tiro curto

– Após a coluna da semana passada, Elmar Schneider e Leandro Vuaden – possíveis candidatos à prefeitura de Estrela em 2020 – encontraram-se para um almoço no Estrela Palace Hotel. O assunto é amplo. E há quem diga que o ex-árbitro estaria migrando para o PSL, partido do novo presidente, Jair Bolsonaro;
– Quem entraria na coligação do PSL, em Estrela, é o DEM. Tal como em Brasília. É a tal “renovação”;
– Em Encantado, avançam de forma acelerada duas obras do projeto “asfalto comunitário”. Uma em Linha São Roque. E a outra faz a ligação da cidade com a vizinha, Capitão;
– Lajeado finaliza a abertura de nova saibreira própria para gerar economia na manutenção de vias públicas. O espaço fica em Alto Conventos, na rua Pedro Beuren. O aluguel do espaço custa R$ 2 mil mensais. Serão mais de 50 cargas por mês retiradas do local;
– O Hemovale de Lajeado pediu prazo de 60 dias para anexar documentações e evitar o fechamento do espaço. O governo do Estado aceitou e tudo deve se encaminhar para um bom desfecho;
– Perguntinha: o midiático juiz Sérgio Moro cometeria o erro de assumir um ministério do presidente da extrema-direita pouco depois de condenar o principal representante da esquerda?

Boa quinta-feira a todos!

“A justiça sem a força é impotente, a força sem justiça é tirana.”
Blaise Pascal

 

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