O zelo ao extremo

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

O zelo ao extremo

A impressão ao caminhar pelas ruas de Frankfurt é de extrema segurança. Não fossem as aglomerações em alguns pontos da cidade alemã, principalmente no belíssimo centro histórico, onde alguns desavisados são vítimas de golpes contra turistas, seria um paraíso na terra. Mas tudo isso teve e tem um preço muito alto para a sociedade. O excesso de zelo.
Lá não há chance ao azar. Se no Brasil o governo espera explodir para depois catar os cacos da realidade, na Alemanha, o zelo fala mais alto. Sempre.
Passei por uma experiência curiosa esta semana. Era o último dia em solo alemão. Ciente do tamanho do aeroporto, antecipei a ida de trem ao local para não correr o risco de perder o voo a Lisboa. Coisa de lajeadense.
Cheguei quatro horas antes do horário do voo. Tenho meus excessos de zelo, por vezes. Mas, por essas sortes de jornalista, foi essa pressa que me proporcionou uma experiência nova.
O aeroporto tem um excelente serviço de internet gratuita. Aliás, isso funciona nas principais ruas de Frankfurt e em cidades menores, como Erlangen e Boppard. Mal acostumado com tanta mordomia, resolvi me aprumar em uma cafeteria da rede Starbucks, onde o serviço de acesso à rede é ainda melhor.
Fiquei cerca de uma hora e 15 minutos. Ao meu lado, uma família de franceses. Pai, mãe e duas filhas.
Eles deixaram o espaço e eu fiquei um tempo mais. Então me levantei para ir até o guichê da TAP, mas fui interpelado pela atendente da cafeteria. Em um alemão misturado com inglês, me avisou que eu havia esquecido uma mala. Mas o objeto era, na verdade, dos franceses que estavam sentados ao meu lado.
Neste momento, a tranquilidade virou ao avesso. Não sei se fui compreendido ao explicar que a mala pertencia a uma inocente família francesa. Sei que minha tentativa foi ignorada.
Em menos de um minuto, dois policiais fortemente armados chegaram ao local. A evacuação da cafeteria e de outros quatro estabelecimentos próximos foi imediata. Mas imediata mesmo!
A evacuação atingiu pelo menos 50 guichês já lotados de passageiros apressados. Um ou outro estrangeiro reclamou. Em vão. Agora, o medo do terrorismo havia se instalado por completo no antes tranquilo – embora polvoroso – aeroporto: era uma ameaça real de bomba.
Em segundos, um esquadrão já estava no local. O robô movido por controladores foi o único a se aproximar da mala que antes repousava ao meu lado.
Dois ou três minutos após o início da operação, o patriarca da família voltou. Esbaforido. Primeiro tentou cruzar a faixa. Foi impedido pelo policial. Então falou, em inglês: “Só preciso pegar a mala da minha esposa”.
Todos riram. E quando o francês descobriu que aquela “muvuca” era “culpa” dele, mais risadas por parte dos demais passageiros e policiais. De alívio, acredito.
A operação desfeita e os guichês passaram a funcionar. Vi pessoas correndo para recuperar o tempo, mas não as vi reclamando. O zelo, antes de tudo, carece da compreensão de todos. Afinal, vivemos em sociedade. E é algo que no Brasil ainda estamos distantes de perceber.


Não é tão simples

O contato direto com agentes do desenvolvimento no primeiro mundo deixa uma certeza: não há mais tempo e espaço para paraquedistas e falsos líderes. Não há mais tempo a perder com quem não tem qualquer base para sustentar os próprios discursos. A Europa já enfrentou a onda de quem se julga apto a ensinar empreendedorismo, mas nunca empreendeu de fato. O sucesso não é simples. E discursos vagos, por aqui, não colam mais.


Imprensa acuada

A forte criminalização dos meios de comunicação iniciou em 2013. Tudo passou a ser questionado – o que é bom –, mas muito passou a ser desprezado. Principalmente a liberdade editorial dos veículos e de expressão dos repórteres. Empresários se deram conta que, ao ameaçarem os patrões, conseguiriam constranger os jornalistas. Deu certo. Hoje o silêncio dos profissionais nas redes sociais é barulhento. E quem sempre perde é a nossa democracia.


Tiro curto

– Hoje o governo de Lajeado lança a programação natalina. Entre as novidades, uma aldeia de Natal no Parque dos Dick;
– Prefeito de Encantado nesta semana é o vereador Marino Dewes (PP), presidente da câmara. Em 2015, o irmão dele, Marcelo Dewes, não recebeu tal chance por parte do então chefe do Executivo;
– Em Estrela, o governo estuda diminuir o número de secretarias em 2019. Entre as mudanças, a volta do Meio Ambiente para a pasta da Agricultura e a junção da Cultura, Esporte e Lazer com a Educação. Já a Sedesth pode voltar à Saúde;
– Já entre os possíveis sucessores de Rafael Mallmann na prefeitura estrelense, Elmar Schneider e o ex-árbitro, Leandro Vuaden;
– Chefe do Setor de Projetos Especiais do governo de Lajeado, Isidoro Fornari anuncia novo acesso e saída para a BR-386 no bairro Florestal, próximo à passarela, em frente ao shopping;
– À frente nas pesquisas, o candidato a governador Eduardo Leite (PSDB) deve chamar a senadora Ana Amélia Lemos para compor a administração em caso de vitória;
– Por outro lado, a chapa de José Sartori (MDB) está longe de jogar o pano. E o assunto que ainda deve repercutir ainda envolve o Hemovale.

Boa quinta-feira a todos!

“Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave.”
Carlos Drummond de Andrade

 

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