Não se viu na história recente do Brasil um fenômeno tão avassalador quanto o ocorrido no domingo, no primeiro turno das eleições. Em quase todas as regiões, os eleitores disseram NÃO ao modelo tradicional de fazer política.
Longe de ser a solução para os problemas complexos do país, a renovação no Congresso, Senado e nas Assembleias Legislativas, serve de alento aos brasileiros e, de alerta, aos políticos em geral.
O advento das redes sociais acabou com o monopólio de alguns institutos de pesquisa, e mesmo de grupos de mídia, identificados com determinada candidatura ou projeto político.
Collor, Lula, FHC e, mesmo Tancredo Neves, chegaram ao poder “ungidos” ou “empurrados” por setores da mídia. Quando cederam ao status quo de alguns grupos econômicos, receberam exposição e apoio estratégicos, por meio de noticiários e entrevistas.
Diferente, Bolsonaro não teve nada disso. Não fosse a facada, teria “morrido à míngua” nos noticiários. Ele dependeu, principalmente, das redes sociais. E conseguiu.
E agora, como será daqui para frente?
O segundo turno é uma nova eleição. O PT resolveu adotar a estratégia de 2004, quando Lula trocou o vermelho pelo azul na rua quanto nos cenários para a propaganda na televisão. Na época deu certo. Lula crítico virou “Lulinha paz e amor”.
De olho nos votos do centro, Haddad tenta reeditar a estratégia. O material ficou mais bonito, mais harmônico e menos agressivo do que o tradicional vermelho petista. Resta saber como isso influenciará na opinião pública.
Bolsonaro largou em vantagem nas primeiras pesquisas para o segundo turno. Agora terá tempo de televisão e poderá dizer a que veio. Não pode se esquivar dos debates importantes, sob pena de desacreditar o eleitorado que, em grande parte, o vê como alguém “invencível”.
Ainda que o sentimento popular seja pela mudança, Bolsonaro terá de provar suas convicções e estruturar melhor seu discurso. Já não poderá usar da desculpa de pouco tempo na propaganda eleitoral, nem usar a condição frágil de saúde.
Parcela do eleitorado mais fanática pode aceitar algumas dissimulações, mas o eleitor atento não perdoará e nem confiará no “cabra macho”, se não demonstrar firmeza na prática. Muitos querem o enfrentamento e, se Bolsonaro não atender a expectativa, vai causar decepção e desconfiança que o levará ao descrédito antes de assumir, isso, se vencer.
Sua sorte é a rejeição ao PT. Todavia, esperar que essa supra qualquer deficiência para uma vitória de qualquer jeito é tão equivocado quanto a arrogância do PT. A prova está aí. Haddad muda de discurso da “água para o vinho”, na maior cara de pau. E o eleitor, certamente, interpreta com desconfiança.
Enquanto isso nos pampas…
O Rio Grande do Sul protagoniza uma eleição histórica, com dois nomes identificados com a centro-direita, no segundo turno. O PT gaúcho, quase dizimado, conseguiu reeleger o senador Paulo Paim. Ademais, teve um desempenho pífio em relação às eleições anteriores.
Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB) defendem projetos semelhantes. Máquina enxuta, reformas estruturais no Estado, apoio a uma política mais orientada às privatizações e incentivo ao desenvolvimento econômico.
A diferença maior entre os dois está na idade, e talvez, no estilo. Sartori (74) teve oportunidade para mostrar um jeito “gringão”, como ele mesmo se define. Enfrentou brigas herculanas, necessárias e urgentes. Venceu e perdeu. Acertou e errou.
Leite (33) foi prefeito de Pelotas, não quis a – apesar do alto índice de aprovação – e assim defende suas convicções na política como missão. Na cidade conservadora que governou, marcou pela quebra de paradigmas. Quer imprimir um ritmo de inovação e entusiasmo também no estado.
Ambos soam coerentes no discurso e na prática. Um mais realista e pessimista, e o outro mais idealista e entusiasta. Sartori enxerga o jeito e a experiência que o trouxe até aqui. Leite defende ideias mais “disruptivas”.
Eis o embate que separa os dois, ambos intocáveis no aspecto da corrupção. Nenhum tem vínculos com relações escusas, nem se dobra aos desmandos de seus partidos, ambos enlameados em nível de país.
Espero que o debate entre os dois siga no campo das ideias e propostas para melhorar o estado. Não aprovo a politicagem, nem o discurso raivoso e divisório do “nós contra eles”, muito insuflado pelo lulopetismo. Bolsonaro é uma infeliz consequência dessa divisão míope que em nada contribui para resolver os problemas estruturais do país.
Assim como o Brasil, precisamos unir o Rio Grande. Ceder e reconhecer equívocos. Admitir avanços e reformas necessárias. Parar com o jogo sorrateiro e sem responsabilidade.
Sartori ou Leite. Ambos me agradam. Os pontos divergentes prefiro reservar e expressar na urna, ao votar naquele que considero mais apropriado para o momento.
Polêmica do Banco de Sangue
Ainda que alguns possam ter exagerado no uso político, não se pode “tapar o sol com a peneira”. Existe motivo para ligar os sensores de alerta em relação ao fim do Banco de Sangue local. Não fosse o estardalhaço todo, e num período eleitoral, talvez a história seria outra.
Quero crer que a polêmica tenha servido para evitar o fato concreto.
Comitê de empreendedorismo
O Sebrae lidera o processo de formação de um comitê de empreendedorismo na região. A cidade inicial é Lajeado, onde um grupo de voluntários debaterá cinco eixos estratégicos para o município. O grupo se reuniu por dois dias, e em alguns encontros setoriais.
No dia 23, será apresentado o Comitê e seu Plano de Ação. Sera às 14h, no Hotel Weiand, para imprensa e líderes locais.
A Hora envia jornalista à Europa
O anuário TUDO 2018 será a grande atração aos leitores do A Hora no fim do ano. O jornalista Rodrigo Martini viaja neste sábado aos países da Alemanha, Portugal e Itália, para visitar regiões semelhantes ao Vale do Taquari.
Não é a primeira missão internacional do A Hora, mas é disparada a mais desafiadora e complexa nos seus 16 anos.
Faz dois meses, um grupo de líderes e empresários do Vale auxilia e embasa a pesquisa, o debate e o tema da publicação. O objetivo é cotejar os avanços europeus com os do nosso Vale. Por meio do jornalismo, o A Hora mostrará como agem as empresas, as entidades, os órgãos públicos e quais estratégias que melhor funcionam na Europa, sempre de regiões semelhantes e de onde saíram nossos antepassados.
Propiciar aos leitores uma comparação saudável dos pontos positivos e negativos. Observar e comparar nossa evolução e gargalos ao longo de 200 anos de imigração europeia com as realidades de regiões milenares.
Enquanto isso…
No passo que o colega Martini desembarca na Europa, os demais colaboradores do A Hora se debruçam sobre os projetos e ações em curso na região.
Nesta terça-feira, 16, o A Hora realiza seu maior evento corporativo, com foco no empreendedorismo. Líderes e marcas serão reconhecidos para demonstrar a força e pujança de uma região seleta de empreendedores.
Por que fazer
A Hora acredita que eventos dessa natureza tornam o Vale maior. Abrem caminhos para o encorajamento. Estimulam o mérito e propagam a evolução da qualidade local.
Como veículo de comunicação, o A Hora não poderia ter propósito mais genuíno do que estimular a transformação. Significa executar ações alinhadas com as estratégias das forças vivas de nossa região, seja com as universidades, escolas, clubes sociais e de serviços, órgãos governamentais ou empresas.
Qualquer empresa que conseguir contribuir para o fortalecimento do seu entorno terá vida longa.