Mais de 240 mil eleitores compareceram às urnas nos 38 municípios da região nesse domingo, 7. Entre as conclusões sobre os números referentes ao pleito no Vale, destaca-se o apoio massivo ao candidato do Partido Social Liberal (PSL), Jair Bolsonaro. Se dependesse apenas do eleitorado regional, o militar da reserva venceria em primeiro turno, com 59,9% dos votos válidos.
Ao contrário do cenário estadual para a definição de quem comandará o Rio Grande do Sul nos próximos quatro anos, o Vale mostrou preferência por José Ivo Sartori (MDB) em relação a Eduardo Leite (PSDB). Em disputa acirrada nas cidades da região, o atual governador teve ligeira vantagem de 7,4 mil votos.
Um aspecto curioso foi a diminuição dos votos inválidos a presidente em relação a 2014. Quando a disputa estava entre Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB, na época), a quantidade de brancos e nulos foi de cerca de 19,8 mil. Em 2018, o número caiu para 15,8 mil. Para o cargo de governador, o índice de eleitores que anularam o voto cresceu.
Outra característica foi o fraco desempenho dos candidatos a vagas no Legislativo com o intuito de representar a região. De 27 postulantes a cargos na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, apenas um teve êxito. Com 43.836 votos, o deputado estadual Edson Brum (MDB) conseguiu emplacar o quinto mandato. Apesar de ser natural de Rio Pardo, mora faz 22 anos em Encantado.
Os dados demonstram a baixa adesão às candidaturas locais e a preferência histórica do Vale por políticos que representam outras áreas do estado. Sem vínculos com a região, fizeram votos aqui 369 candidatos a deputados federais e 664 candidatos a deputados estaduais.
De 2014 para 2018, brancos e nulos para presidente diminuem no Vale
Na relação 2014 e 2018, a quantidade de votos nulos e brancos para o cargo de governador aumentou de 26.385 para 30.473 na região. Trata-se de um crescimento de 15,4%. Ao contrário dessa tendência, o número de eleitores que não escolheram candidatos à presidência da República diminuiu. Na eleição passada, foram 19.827 nulos e brancos; neste ano, 15.853. Ou seja, o volume de votos inválidos para o cargo máximo da nação diminuiu cerca de 20% no Vale.
Bolsonaro faz 48% no Vale
Jair Bolsonaro foi a preferência dos eleitores da região para ocupar a presidência. O candidato do PSL venceu em 37 cidades do Vale. A exceção foi Canudos do Vale, onde Fernando Haddad (PT) foi a maioria. Em toda a região, contudo, o petista somou 43.962 (15,6%), contra 134.835 (15,6%) do militar.
Ciro Gomes (PDT) apareceu em terceiro, com 17.393 (6,2%), e Geraldo Alckmin (PSDB) em quarto, com 12.387 (4,4%). Os outros candidatos receberam 16.262 votos (5,8%). Brancos, nulos e abstenções representaram quase 20%.
Sartori vence Leite na região
Diferente da disputa entre os presidenciáveis, em que o postulante militar tem ampla vantagem, a peleia para o Palácio Piratini ficou mais equilibrada na região. Se dependesse apenas dos eleitores do Vale, José Ivo Sartori (MDB) venceria o primeiro turno com 85.022 votos (30,26%). Em segundo, Eduardo Leite (PSDB) teve 77.546 (27,6%).
Sartori venceu o pleito em 26 cidades do Vale, enquanto Leite foi o mais votado em 12. Miguel Rossetto (PT) fez 25.583 (9,1%); e Jairo Jorge (PDT), 15.609 (5,5%).
Eleitores preferem candidatos de fora
O insucesso dos candidatos da região pode ser atribuído à baixa votação obtida na própria base. Dos 241.224 eleitores que compareceram às urnas, apenas 64.965 votaram em pessoas do Vale a uma vaga na Assembleia Legislativa. Já 139.884 votaram em representantes de outras regiões. Os índices de votos brancos e nulos para esse cargo (36.415), somados às abstenções (39.713), também colaboraram para o fraco desempenho.
Na corrida à Câmara dos Deputados, esse comportamento do eleitorado do Vale fica ainda mais evidente. De 241.224 votos, apenas 43.788 escolheram candidatos a deputados federais do Vale, e 164.033 eleitores escolheram votar em representantes de outras regiões. Ou seja, políticos de fora fizeram quase o quádruplo de votos que os políticos daqui. Além das 39.713 abstenções, 33.403 anularam ou votaram em branco.
Dos 27 candidatos da região, apenas um se elege
A pouca representatividade política regional junto à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados persistirá na próxima legislatura. Dos 18 concorrentes a uma das vagas a deputado estadual, apenas Edson Brum se elegeu. Para federal, Márcia Sherer fez maior número de votos, ainda assim, insuficiente para ocupar uma das cadeiras do parlamento em Brasília.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br | Colaboração: Ezequiel Neitzke e Gesiele Lordes