Em sessão na manhã dessa sexta-feira, a câmara arquivou o relatório que pedia a cassação do prefeito Sandro Herrmann. Após três meses de investigação, o parecer da comissão processante não alcançou o quórum necessário de dois terços dos parlamentares para destituir o chefe do Executivo.
Foram mais de cinco horas de debate sobre supostas infrações político-administrativas no processo licitatório para a contratação de serviços do único posto de combustíveis da cidade.
Na votação, os parlamentares precisaram se posicionar acerca dos três apontamentos do relatório da comissão: descumprimento de princípios administrativos públicos e da Lei das Licitações; ilegalidade em licitação; e negligência na defesa dos bens, rendas, direitos e interesses do município.
Os vereadores que votaram conforme o parecer – a favor da cassação – foram o relator da comissão processante, Rodrigo Horn (MDB), o presidente da casa, Fabiel Zarth (MDB), e Juliano Kohl (PT).
Horn e Zarth, contudo, não contaram com o apoio das correligionárias Justines Magagnin e Geni Scherer. A primeira votou contra, e a segunda se absteve. Também votaram pelo arquivamento Cassiano Goldmeier (PP), Mirno Gallas (PP), Jonas Klein (PDT) e Klaus Driemeier (PP).
Na Justiça
Sobre o processo licitatório, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) abriu auditoria, mas não apontou irregularidades. O caso ainda está em análise na 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.
Se o resultado fosse a cassação de Herrmann, seria o segundo chefe do Executivo a perder o mandato em Colinas. Em setembro de 2013, a chapa do ex-prefeito Gilberto Keller e do vice Marcelo Schroer, ambos do MDB, foi impedida de governar sob acusação de crimes contra à administração pública.
Entrevista
“Muita apreensão e poucos horas de sono”
O prefeito Sandro Herrmann acompanhou a sessão. Para ele, a partir de agora é necessário unir o município.
A Hora – Como você avalia o arquivamento do processo?
Sandro Herrmann – Foram 90 dias bastante tensos. Sabíamos que tínhamos tomado as decisões corretas, que não havíamos cometido nenhuma infração ou erro grave, conforme apontou o próprio parecer do TCE. Mas como a votação na câmara é um julgamento político, a gente sempre fica preocupado com essa situação, até por que não temos a maioria no parlamento. É uma pena que perdemos tanto tempo com essa questão.
A Hora – Qual aprendizado dessa situação?
Herrmann – A preocupação é diária sobre como fazer a gestão. Desde o primeiro momento em que assumimos, a preocupação é com a gestão e muitas vezes nos esquecemos do lado político das decisões. Mas sempre pensamos no melhor para Colinas.
A Hora – Há uma polarização das forças políticas em Colinas. Isso dificulta?
Herrmann – Com certeza. Como pôde ser visto durante a sessão, há um trabalho muito forte ainda em cima das brigas políticas do passado, como a cassação e as condenações relativas ao ex-prefeito. Isso gera consequências no dia a dia da cidade. Quando assumimos, sabíamos que poderia acontecer esse revanchismo político. Desde o início da nossa gestão, um dos nossos desafios é tentar unir a comunidade.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br