As mulheres são responsáveis pelas principais mudanças no perfil dos postulantes as 55 cadeiras da Assembleia Legislativa em relação a 2014. Mais especificamente, as mulheres negras. Comparando o perfil dos candidatos desta eleição com a anterior, elas são o público que mais cresce. Eram apenas seis mulheres afrodescendentes na eleição passada, hoje são 34.
A idade média geral subiu de 46,1 para 48,1 anos, puxada pelo maior número de mulheres acima de 51 anos. Eram 33% das candidatas, hoje são 43,3%.
Em relação à escolaridade, houve aumento nos dois extremos. Na eleição anterior, os candidatos que apenas liam e escreviam representavam 2,2 do total, agora são 3%. Aumento é constatado também entre os que têm o nível superior completo, que passaram de 42% para 46,9%.
Atrair o voto feminino
O crescimento da participação de mulheres negras surpreende o doutor em Ciência Política Paulo Peres.
Para o professor da Universidade Federal do RS (UFRGS), ele se explica por uma crescente participação delas na política. O cientista político considera um avanço, mas que revela elementos contraditórios.
Enquanto para cargos proporcionais o número de mulheres cresce, para as vagas majoritárias esse movimento não se repete. “Como a política sempre foi masculina, dentro dos partidos, há pontos de maior resistência”, afirma.
Ele chama a atenção para um outro dado. Entre as candidaturas à presidência da República, há apenas uma candidata com poucas chances de vitória, de acordo com as pesquisas. Porém, nas vagas de vice, nota-se o crescimento das mulheres. “É uma forma de atrair o voto feminino”, define.
Partidos novos
Outra característica é a maior distribuição das candidaturas entre os partidos. As duas siglas com mais postulantes, PT e MDB, tinham 65 e 61 candidatos, respectivamente.
Nesta eleição, respondem por 43 e 49. Esse índice é influenciado pelo surgimento de novos partidos, que não disputaram a eleição passada. São 73 candidaturas de seis partidos novos. Entre esses, o Novo lidera com 23, seguido pela Rede, com 17, e o Podemos, com 15.
Matheus Chaparini: matheus@jornalahora.inf.br | Colaboração: Ezequiel Neitzke