O momento de decidir quem nos governará durante os próximos quatro anos inicia ou termina neste domingo. É o dia D da nossa frágil e degenerada democracia. E é com este intuito, de valorizar a conquista de nossa soberania como cidadãos, que devemos prestigiar o ato de votar. A luta por tal direito foi árdua. Não faça disto um mero passatempo ou brincadeira. Vote por todos.
A imagem deste artigo é de um velho conhecido dos lajeadenses. Já falecido, Aldino Gallas hoje dá nome a um dos belvederes do Rio Taquari. Lá, morou por muitos anos. Quase como um morador de rua, devido às precárias condições financeiras do folclórico andarilho. Na foto, ele está exercendo um direito que, à época, restava quase desfalecido.
Aldino levou 26 minutos para escolher o governador, o deputado estadual e o deputado federal em 1986, um ano após o fim do regime militar. Um ano após a nossa sociedade recuperar a soberania do voto, algo tão basilar e primordial nos bem-sucedidos modelos democráticos mundo afora, mesmo que este não esgote o exercício da cidadania.
Imagino o esforço de Aldino para votar. Era analfabeto. Na imagem, dá para perceber também a disposição de um voluntário para auxiliá-lo. E dá para perceber que a roupa dele foi delicadamente escolhida para o dignificante momento. Foram exatos 26 minutos, reforço, conforme a contagem do repórter do já extinto jornal Folha de Lajeado.
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Ora, convenhamos. Com todas as facilidades e condições de hoje, seria um desrespeito ao saudoso Aldino eu abnegar da minha soberania, não?
Na verdade, eu lembro pouco do “famoso” andarilho. Meu pai, isso lembro bem, sempre o citava com muito carinho. Sempre o cumprimentava. Mesmo de longe. Com aquele jeito italiano do agora “véio” Martini. Assim aprendi a ter carinho por ele. E, após rever esta imagem e perceber seu esforço para abraçar a democracia, recuperei parte da minha “crença”, tão amolecida nos últimos anos.
Antes disso, confesso, e assim como tantos outros, pensava até em abrir mão do voto neste pleito. Sei lá. Sair para remar no Taquari durante todo o domingo. Gastar o tempo sem compromisso. Afinal, queria mesmo era eleger uma vida melhor para todos os Aldinos. Para os cuidadores de Aldinos. Para todos. Algo visivelmente ignorado entre as inúteis bravatas e promessas de vingança nas campanhas.
Estava pouco motivado para domingo, repito. Agora não. A perseverança de Aldino nesta imagem me motivou. Vou preparar a fatiota, estufar o peito, colocar o título de eleitor no bolso e vou votar. Sem interferir no voto de ninguém. Apenas votar. Tal como fez Aldino, em 1986. E em respeito à luta de tantos brasileiros, um ano antes.
Alianças não matam
Escuto com frequência a interessante tese sobre desarmamento. Dizem os armamentistas que as “armas não matam”, mas, sim, quem as manuseia. Faz muito sentido. Vejo, no entanto, que tal tese se aplica ainda melhor à política. Mais especificamente às alianças entre partidos, hoje criminalizadas por alguns políticos. Mas “alianças não matam”. São na verdade essenciais para uma boa e democrática governabilidade. O problema está no manuseio por parte da maioria.
Berços no lixo
Vereadores de Lajeado “desenterraram” uma polêmica intrigante. Diversos berços usados foram destruídos por uma retroescavadeira, junto com lixeiras antigas e outros entulhos diversos. A imagem “pegou mal” para o governo e, para piorar, a secretária de Educação, Vera Plein, “furou” com os parlamentares e não compareceu ao chamado para explicações. Nos bastidores, especula-se que o material estaria fora de uso faz mais de três anos.
Tiro curto
– Desabafo. A primeira-dama de Estrela postou texto com certo impacto na rede social. Segundo ela, diversas pessoas estariam espalhando boatos sobre uma possível internação do prefeito Rafael Mallmann. Carine pede respeito e diz que a família estava apenas aproveitando as férias;
– Em loteamentos populares inaugurados faz poucos anos, os quiosques e salões de eventos estão bastante disputados. São campanhas diversas, dizem os moradores. No cardápio, claro, muito frango e salsichão;
– Só para esclarecer: tais jantares ainda estariam ocorrendo em residências, campos de futebol (inclusive hoje, parece), sedes de associações, e por aí vai. Será que tais denúncias também chegam ao MP?
– Vereador Marcos Schefer (MDB), de Lajeado, sugeriu, em plenário, que empresários não contratem imigrantes para, assim, preservar vagas de trabalho aos lajeadenses. Parabéns a Mozart Lopes (PP) que, contrariando o colega, defendeu a criação de empregos para os mesmos imigrantes;
– Promotor de Justiça Carlos Fioriolli fala em um montante aproximado de R$ 350 mil a R$ 500 mil de dinheiro gasto com o consumo de drogas por semana em Lajeado. E pensar que isso poderia ser legalizado, tributado e, com os recursos desses impostos, poderíamos tratar os dependentes. E o principal, causaríamos um colapso nos altíssimos lucros do tráfico. Mas a maioria segue tapando o sol com a peneira…
Boa quinta-feira a todos!
“A democracia não corre, mas chega segura ao objetivo.”
Johann Goethe