O candidato à reeleição pelo MDB, José Ivo Sartori, esteve no Vale do Taquari nessa sexta-feira. O atual governador tem como principal proposta dar continuidade à busca do equilíbrio fiscal e garantir o acordo com a União para suspender o pagamento da dívida pelos próximos anos.
À frente nas pesquisas, conforme o Ibope, com 29% das intenções de voto, adota como estratégia apresentar as mudanças feitas ao longo de três anos e meio. “Não acompanho muito as pesquisas. O que importa é o trabalho. Olhamos para o que fizemos e o que deve ser feito.”
A coligação do candidato é a maior entre os oito postulantes ao Piratini. É composta por nove partidos (MDB, PSD, PSB, PR, PSC, Patriotas, PRP, PRP, PMN, PTC).
Sartori estava acompanhado por uma comitiva composta pelos candidatos ao Senado, José Fogaça e Beto Albuquerque (PSB), e dos postulantes a cargos na Assembleia, Sidnei Eckert, e à Câmara federal, Márcia Scherer.
O A Hora adota como postura editorial conceder espaço para candidatos ao Piratini durante visitas ao Vale do Taquari.
A Hora – Por que deve continuar como governador do RS?
José Ivo Sartori – Essa é uma opção do MDB e dos demais partidos que compõem a coligação. Eles optaram por manter a mesma trajetória. Vamos continuar com as mudanças e transformações na estrutura, sem deixar de fazer o que é básico. No RS, em mais de 40 anos, em apenas sete, a receita e as despesas estiveram equilibradas. Além disso, é preciso buscar todas as formas de negociação. Isso fizemos com o governo federal na renegociação da dívida. Posso dizer com certeza que não deixamos de fazer o essencial, tanto na saúde como na educação e na segurança. Na infraestrutura, fizemos alguns milagres. Recuperamos e fizemos a manutenção em rodovias, abrimos novas estradas, novos acessos. São quase três mil quilômetros de asfalto. Destravamos a ERS-118, obra paralisada que atinge mais de dois milhões de pessoas da Região Metropolitana.Claro, mas precisa-se de dinheiro. Eu, como governador, não pude fazer nenhum financiamento, nenhum empréstimo, sequer um centavo.
Qual o futuro da EGR?
Sartori – O futuro da EGR é um só. Decidimos mantê-la no início da gestão. Abrimos um processo de concessão das rodovias e para ser repassada é preciso ter um trajeto determinado e ver se é compatível economicamente. Estamos na fase final da modelagem do programa. Os trechos concedidos ficarão de fora da área das praças da EGR.
A produção do leite é uma das principais forças econômicas do Vale. No entanto, os produtores sofrem com a variação no preço. Como temos cooperativas que atuam nessa área aqui, houve um descontentamento com os benefícios à Lactalis. Como equilibrar essa questão?
Sartori – Penso que o tema é mais amplo. Todos gostam de atrair investimentos. Esse é um mercado que está aí. Essa é uma disputa de mercado. Vai acontecer, quer a gente queira, quer não.É preciso dizer que em relação ao leite reduzimos tributos, demos condições de melhoria para os pequenos, incentivamos as cooperativas, coisa que nunca se teve oportunidade.Mais importante do que tudo isso, é preciso fortalecer a produção. Não é uma discussão momentânea, ocasional. Precisamos olhar na área do leite e proteger quem produz, em especial os pequenos. Pois ainda é a melhor fonte de renda à família, mesmo que o preço esteja um pouco abaixo do que as famílias esperam, mas é um salário permanente que garante o sustento.
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Por ele não ter perfil técnico no ramo da segurança. O trabalho do secretário Cezar Schirmer agrada o governo?
Sartori – Acredito que o Schirmer, quando o convidei para ser secretário de Segurança, ele teve uma atitude muito elevada. Renunciou ao mandado de prefeito para cumprir essa tarefa. O trabalho está bem integrado com as forças de segurança. Avançamos na sincronização com os municípios pelo sistema integrado. Avançamos bastante na área empresarial, com a lei de incentivo à segurança. Aqueles que devem impostos podem deduzir a partir do investimento em equipamentos, armamentos e veículos. Com isso, está nascendo uma consciência nova.Também estamos nomeando aprovados em concurso e fizemos uma nova seleção, de seis mil pessoas que, paulatinamente, vamos chamar. Sempre tendo o cuidado de ver se há dinheiro para pagar. Na segurança, foi a área que mais avançamos. Tanto é verdade que hoje os servidores recebem 70% a mais em comparação com o governo passado. Em termos gerais, a segurança melhorou. Os indicadores mostram redução em vários crimes, como latrocínios, homicídios e roubos. Mas falta muito ainda. No entanto, o Estado sozinho não vai cumprir essa missão.
De que forma reverter a crise econômica?
Sartori – Mudar o modelo econômico, combater a inflação, ter estabilidade econômica, atrair investimentos e mudar o jeito de fazer. Em 2008 e 2009, disseram que não tinha problema no país, só na Europa. Agora o resultado está aí.
Há uma previsão de quando o governo poderá pagar os salários do funcionalismo em dia?
Sartori – Com relação aos salários, desde o primeiro dia, procuramos pagar em dia. Não deu por- que não tinha dinheiro.
Tínhamos uma perspectiva de chegar ao término do governo com um déficit de 25,5 bilhões, reduzimos para R$ 8 bilhões. Mas falta muito ainda. A folha de pagamento no Executivo é de, no mínimo R$ 1,2 bilhão. Então, isso vai longe ainda. Mas quero dizer, nunca deixamos de pagar até o décimo dia útil. Uma única vez foi no dia 21.
A população está consciente dessa realidade, quem não está são alguns que criaram a crise no RS e, quando foram propostas mudanças, não colaboraram para mudar, caso contrário, já teríamos resolvido isso.
Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br