“O Vale ficou em segundo plano nos investimentos”

ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS

“O Vale ficou em segundo plano nos investimentos”

Ex-vereador e ex-prefeito de Arroio do Meio, Sidnei Eckert (MDB), 53, acredita que a falta de representatividade do Vale do Taquari reduz a chance da região conquistar investimentos necessários, em especial na infraestrutura rodoviária. Para ele, é preciso um Estado mais eficiente para garantir políticas públicas nas áreas de saúde, segurança e educação

“O Vale ficou em segundo plano nos investimentos”
Vale do Taquari

Sidnei Eckert – MDB | Candidato a deputado estadual

Nome: Sidnei Eckert
Idade: 53
Profissão: comerciante
Naturalidade: Arroio do Meio

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Histórico político:
Sidnei Eckert foi vereador em Arroio do Meio. O primeiro mandato foi pelo PDT, de 1993 a 1996. Depois, ingressou no parlamento municipal em 2001 e seguiu até 2008. No ano seguinte, foi eleito prefeito. Quatro anos depois, foi reeleito. Administrou Arroio do Meio de 2009 até 2016. Ocupou o cargo de superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral por 11 meses.

Vida comunitária:
Nascido na localidade de Bicudo Alto (hoje pertence a Capitão) se mudou para o bairro Navegantes por volta de 1975. Começou a trabalhar com 11 anos em um bar onde havia uma cancha de bocha. O pai era funcionário de um curtume e a mãe era empregada doméstica. Após servir ao Exército, começou a trabalhar como comerciante em uma farmácia.
Foi presidente de associação de moradores, da liga de bocha da cidade, integrou a diretoria do Clube Esportivo Arroio do Meio. A atuação como líder comunitário foi uma herança do pai. “Sempre gostei dessas atividades. Me sinto como um homem comunitário.” A entrada na política, diz, foi uma consequência dessa experiência.


A Hora – Por que você se candidata a deputado estadual?

Sidnei Eckert – Como vereador, prefeito de Arroio do Meio, presidente da Amvat, vice do Codevat, sempre participei das discussões regionais. Acredito que essa bagagem me ajudou a ser reconhecido no Vale. Acredito que me tornei um político comunitário da nossa região.

Com essa experiência e participação nas atividades locais, nos debates institucionais, sempre ouvi dos líderes que faltava uma representação política maior do Vale do Taquari. Diante disso, como eu gosto de fazer política, com a falta alguém da nossa região no parlamento, e com a oportunidade que tive dentro do partido de ser candidato, vou tentar ser esse elo da Assembleia Legislativa com o Vale do Taquari.

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Se eleito, como será a sua atuação junto à comunidade do Vale do Taquari? De que forma pretende articular as prioridades regionais dentro do parlamento?

Eckert – Em primeiro lugar, sempre fui um homem comunitário. Tenho como característica ser uma pessoa de fácil acesso. Conheço as demandas da nossa região. Serei um deputado presente na comunidade. Vou estar perto da população e dos líderes locais para construir formas de tornar viáveis os pleitos do Vale do Taquari.

Sobre a articulação com os demais deputados, vou trabalhar para conseguir mais investimentos na nossa região. Nos últimos anos, em se tratando de infraestrutura rodoviária, o Vale ficou em segundo plano nos investimentos.

Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, a EGR construiu o trevo Fritz e Frida. Aqui, no nosso Vale, a grande obra foi o alargamento da ponte sobre o Saraquá, entre Lajeado e Santa Clara do Sul.

Essa é uma mostra de que a região não tem efetividade nos seus pleitos e da falta de representação política. Comigo lá, teremos esse canal de comunicação para trazermos melhorias para os nossos municípios.

Na área da saúde, temos outro exemplo. Nos últimos quatro anos, pouco o Estado investiu nos hospitais daqui. Com o meu gabinete, vamos estar em contato permanente com as instituições locais e com a Secretaria da Saúde.

Atividade similar vamos desenvolver no setor alimentício. Aproximar a Assembleia das cooperativas, dos sindicatos e dos produtores rurais. Junto com a Univates e a La Salle, criar políticas públicas para fortalecer nossa matriz econômica. Levar a produção primária para uma nova etapa.

A descrença na política está cada vez maior. Qual é a sua estratégia para convencer o eleitor a acreditar nas suas propostas?

Eckert – Quando faço abordagem para o eleitor, eu entrego um cartão de apresentação. Converso e digo: este ano é um ano em que para votar é preciso pesquisar. Estão aqui minhas informações para buscarem informações.

Com essa afirmação, estou dizendo que minha vida é transparente. Nos meus mandatos como vereador, como prefeito, e na atuação como empresário, não tenho problemas com a Justiça. Nunca fui investigado. Minha gestão sempre foi aprovada pela população de Arroio do Meio. Quem me conhece, o jeito de viver, ao longo de todos os anos, sabe que continuo o mesmo.

Meus quatro filhos não estão em atividades públicas. São trabalhadores assalariados. Minha esposa é uma trabalhadora, gerente de farmácia.

Minha vida é cercada de credibilidade, por isso, posso me apresentar para o eleitor e debater política. Sempre tive como base fazer política por gostar e, por meio dela, buscar formas de melhorar a vida das pessoas e da comunidade. Nunca procurei benefício, seja para mim ou para minha família. Por isso, vou com muita tranquilidade pedir o voto dos eleitores.

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A eleição federal e estadual muitas vezes serve de trampolim para as eleições municipais. Ou seja, candidatos lançam nomes para se promover a cargos em esfera municipal na eleição seguinte. O que você pensa sobre isso?

Eckert – Isso não se aplica para mim. Eu estou fazendo a escalada política correta. Já foi vereador, prefeito, presidente da Amvat. Desde o dia 2 de janeiro de 2017, quando tracei a meta de ser candidato, comecei a andar por todo o Vale do Taquari e outras cidades adjacentes. Passei por mais de 70 municípios com o único e real objetivo de me apresentar e buscar uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Essa questão da vitrine política eu já passei. Eu quero atender ao pedido das lideranças da nossa região. Essas pessoas dizem que sentem falta da presença nas discussões da região. E eu estou aqui, estou próximo, por isso, me candidatei.

Nossa matriz econômica está sustentada no setor de alimentos. Temos sofrido, nos últimos anos, por adoções de políticas públicas equivocadas, especialmente na cadeia de leite. Se eleito, como pretende trabalhar pelo fortalecimento da nossa principal base econômica?

Eckert – Por meio de uma construção coletiva. Vivemos no Vale do Taquari, próximo das cooperativas, dos sindicatos, dos agricultores, da Univates, da La Salle. Com todas essas organizações, vamos buscar desenvolver a região e planejar o futuro.

Diante da falta de representação, vimos que esses elos sociais se unem em momentos de crise. Como aconteceu na oscilação do preço do leite pago aos produtores. Mostramos para o estado e para o país que as políticas públicas estavam atrapalhando o trabalho das famílias rurais.

Isso é uma prova de que precisamos de um planejamento estratégico. E, tendo um gabinete parlamentar do Vale, teremos mais representatividade e condições de proporcionar essa construção coletiva.

Essas organizações conhecem a realidade local e precisam ser ouvidas. Só assim, teremos como melhorar nossa base econômica e garantir um futuro melhor.

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Temos problemas de infraestrutura graves. Rodovias insuficientes e precárias, enquanto outros modais, como ferroviário e hidroviário, continuam obsoletos. Qual é sua proposta de atuação nessa área?

Eckert – Temos de lembrar, que somos um estado que há muitos anos vem em crise financeira. Temos de ver que o país também está assolado por dificuldades financeiras e políticas. Não adianta prometer grandes obras, grandes mudanças, porque isso só se faz com investimento. Nem o governo nacional nem o estadual podem garantir isso. É preciso pensar bem antes de falar ou prometer qualquer obra.

Sobre a hidrovia e ferrovia, depende muito da vontade política em nível federal. Sabemos que por meio desses modais se reduz os custos, diminui o movimento nas estradas, mas isso não depende de uma posição de um deputado estadual.

O que depende de um parlamentar estadual, nesse país onde a infraestrutura rodoviária é o principal modal de transporte, precisamos de força política, como ocorre em outras regiões. O Vale do Taquari não pode ficar para trás. Os mesmos investimentos feitos em Santa Cruz do Sul, como citei antes, precisam ser destinados para cá.

A nossa região está carente de melhorias nas estradas. Se vermos a ERS-130, faltam melhorias nos acessos, na BRF, em Lajeado, e também em Arroio do Meio. Temos a Via Láctea em Teutônia insuficiente para o alto fluxo.

Qual é sua avaliação sobre a implantação de pedágios? Como seria o modelo ideal?

Eckert – O ideal é não ter pedágios. Gostaria que o imposto que todos nós pagamos garantisse as obras necessárias. Se, mesmo com o pagamento dos impostos, não conseguimos dinheiro suficiente para fazer as melhorias, o pedágio vira uma alternativa. Isso não é só no Brasil, na Europa tem pedágios.

Nós no Vale temos de voltar a atuar sobre a EGR. Não dá para ter o abandono da estatal nos últimos quatro anos. Temos de trazer os responsáveis e discutir o que está sendo feito aqui.

Hoje não sabemos o que entra de recursos pelos pedágios, como é o retorno em termos de obras. A sociedade regional precisa ser a controladora das melhorias. O modelo ideal é que a comunidade gerencie a aplicação do dinheiro arrecadado.

Em tempos de crise econômica, políticas de austeridade são adotadas pelos governos. Nesse debate, está a privatização de estatais. Qual é sua opinião sobre isso?

Eckert – Entendo que o estado, o município e o governo federal tenham de proporcionar serviços à população. Aqueles essenciais. Precisamos fortalecer a geração de emprego, garantir atendimento em saúde, educação de qualidade, segurança e estradas em boas condições.

Esses são eixos básicos. O que estiver fora disso e que gere prejuízo, o Estado não deve cuidar e deve eliminar.

Sobre o Banrisul, ele dá lucro. Se está bem administrado e tem resultados positivos, deve permanecer sob o controle estatal. Aquelas empresas públicas que dão prejuízos, que precisam de aporte financeiro para se sustentar, não devem existir.

Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br

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