“Precisamos estar no centro da história”

ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS

“Precisamos estar no centro da história”

Vereador de Encantado em primeiro mandato, Diego Pretto se lança como candidato a deputado federal pelo Progressistas. Ele defende a necessidade de a região estar no debate político nacional e garantir a defesa das demandas do Vale

“Precisamos estar no centro da história”
Vale do Taquari

Diego Pretto – Progressistas | Candidato a deputado federal

Nome: Diego Augusto da Rosa Pretto
Idade: 42
Profissão: odontólogo
Naturalidade: Encantado

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Histórico político:
Vereador em primeiro mandato de Encantado, Diego Pretto afirma que decidiu ser candidato ao Congresso porque a sociedade precisa assumir os espaços institucionais para mudar a política. Participou de movimentos estudantis, foi presidente de centro acadêmico e tem participação orgânica em entidades de odontologia e do conselho regional da área. “Nos últimos anos, tenho usado a minha linha política dentro da profissão. Isso me fez aceitar este desafio de representar a odontologia, o cooperativismo e o Vale do Taquari”, destaca.

Vida comunitária:
Cirurgião-dentista faz mais de 20 anos, integrou diversas entidades comunitárias de bairros em Encantado, especialmente da localidade de Santo Antão, onde mora. Colaborou no trabalho da Apae e entidades voltadas a menores de idade. Foi um dos proponentes do primeiro estacionamento rotativo do centro, de 2010 a 2012, e colaborou de forma voluntária na busca de recursos para construção da parte nova do albergue do presídio do município. Como vereador, afirma doar o salário da câmara (R$ 5,4 mil) todos os meses a entidades beneficentes.


A Hora – Por que você é candidato a deputado?

Diego Pretto – Dentro da minha profissão, percebemos a necessidade de uma representação política para os dentistas e também para a população do Vale. A quantidade massiva de pedágios aqui é um exemplo disso, e não há ninguém para dizer que nós não queremos isso. Cada vez mais há a necessidade de nos mobilizarmos para entrarmos nesses espaços e reconquistar a nossa representatividade para trazer coisas boas para cá. Sinceramente, iniciou ali, em reuniões dentro da nossa profissão, tivemos apoio do setor cooperativista e levamos para as comunidades as nossas preocupações em termos de desenvolvimento, crescimento e necessidade de liderança política. Sou um cara muito comum, sou muito normal, mas acredito que é esse tipo de gente que tem que estar na política, e não aquele tipo espertalhão, velhaco, que não consegue responder às nossas perguntas. Sou uma pessoa simples, do dia a dia, que sente a necessidade de termos um estado menor, que utilize bem os seus recursos, que diminua os impostos, que não atrapalhe a nossa vida. Sou uma pessoa que decidiu levantar da cadeira diante da nossa falta de alternativas.

Se eleito, como será sua atuação junto à comunidade do Vale do Taquari? De que forma pretende articular as prioridades do Vale dentro do parlamento e com os demais deputados?

Pretto – Inicialmente, a nossa prioridade é fazer um mandato participativo. Pode parecer meio demagógico isso, mas como deputado eu serei apenas um voto, uma cabeça no Congresso. Eu não posso dominar isso e decidir tudo por mim. Queremos reunir as lideranças de todas as vertentes, não apenas do meu partido, e discutir as nossas necessidades de forma conjunta. A gente reclama do jeito que eles fazem, e a única coisa que nós não podemos fazer é igual a eles. Tudo o que for possível, a gente tem que trazer para cá, sejam emendas, ou sejam recursos de ministérios, etc. Estou vendo as nossas cidades envelhecerem, nós precisamos achar um caminho. Se eleito, vamos definir as prioridades assim. Na defesa da nossa região em Brasília, a gente pode encontrar também outras soluções para o resto do estado. Quero trazer 100% das emendas parlamentares que conseguir em meu mandato para o Vale do Taquari. Isso é o que nós precisamos.

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A descrença na política está cada vez maior. Qual sua estratégia para convencer o eleitor a acreditar nas suas propostas?

Pretto – Um dos motivos para eu ser candidato é que eu também sou um descrente na política. Os atuais políticos já nos mostraram as respostas que podem dar. Eles são assim. Eu sou um dentista, não estou procurando um novo emprego. Eu gosto da minha profissão. Nós temos que abrir os olhos, levantar da cadeira, sair do facebook e do whatsapp, e fazer alguma coisa. Se não for eu a escolha deles, tudo bem, que façam escolhas melhorar, que tenham comprometimento com o voto. Nós temos que passar essa esperança ao eleitor, dentro da seriedade, do compromisso com a palavra. Como exemplo de minha palavra, eu prometi doar o salário de vereador durante campanha, e faço isso todos os meses. Temos que mudar a política mudando de políticos. Se nós elegermos pessoas de fora, vamos ter mais quatro anos ainda piores aqui na região.

A eleição federal e estadual muitas vezes serve de trampolim para as eleições municipais. Ou seja, candidatos lançam nomes para se promover a cargos em esfera municipal na eleição seguinte. O que você pensa sobre isso?

Pretto – Não é a minha posição, não é isso o que eu quero. Não questiono, pois acho que cada um tem o seu caminho. Talvez seja uma forma que alguns encontram de apresentar as suas propostas à comunidade, mas não é a minha estratégia. Em 2020, eu não vou ser candidato a vereador, a prefeito ou a vice-prefeito em Encantado.

Nossa matriz econômica está sustentada no setor de alimentos. Temos sofrido, nos últimos anos, com políticas públicas equivocadas, especialmente na cadeia de leite. Se eleito, como pretende trabalhar pelo fortalecimento da nossa principal base econômica?

Pretto – Estamos falando de cooperativismo. Esse setor é composto pelas empresas cooperativistas que temos em nossa região. Nós temos 12% do PIB agrícola do estado, de transformação e produção, aqui no Vale. Nossas grandes cooperativas são resultado da união dos pequenos, que se transformaram em grandes. Quem se sustenta é o cooperativismo, por isso que eu luto por ele. Eu acredito que a renovação do cooperativismo pode acontecer a partir de uma mudança e melhoria da nossa legislação. A nossa região é cooperativista. Temos 342 mil habitantes em nossa região, e 378 mil associados de cooperativas. Logicamente, há pessoas que integram mais do que uma cooperativa. A força da nossa região está nisso.

Temos problemas de infraestrutura graves. Rodovias insuficientes e precárias, enquanto outros modais, como ferroviário e hidroviário, continuam sem investimentos. Qual é sua proposta de atuação nessa área?

Pretto – Esse é outro motivo que me fez entrar neste desafio. Eu não admito isso. A ERS-130 e ERS-129 estão mal cuidadas, mal conservadas, e com três pedágios. Isso é falta de representatividade. Estamos jogando fora os nossos votos, não temos pessoas da região comprometidas e que vivam aqui. Se tivermos representantes suficientes, poderemos mudar isso. Não podemos admitir um pedágio em Encantado e outro em Cruzeiro do Sul, e a 130 e a 129 nessas condições. Quando Santa Cruz do Sul conseguiu aquele viaduto, que é maravilhoso. Isso nos esfrega na cara que nós não sabemos votar. Esse é o problema. Quem decide, não decide por nós. Nós colocamos eles lá e eles não nos representam.

Precisa duplicar é lógico. Temos de lutar por isso. Precisa recapear, claro. Mas vai lá em Encantado e vê o que fizeram. Seis meses depois, o asfalto está todo estragado. A gente não merece isso, a nossa região é de pessoas trabalhadoras, mas na hora de votar, parece que não aprendeu. A minha resposta é essa. Enquanto mantivermos os mesmos políticos lá, vai ser isso para pior.

Sobre o porto e a ferrovia. Estão abandonadas, está fora do roteiro de investimento. E por quê? Mais uma vez devido à falta de representação.

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Qual é a sua avaliação sobre a implantação de pedágios? Como seria o modelo ideal?

Pretto – Em princípio, sou contra os pedágio. Absolutamente. Pagamos impostos em todos os lados. Com esse recurso, deveriam cuidar das estradas. Mas não há uma gestão competente. Em outros estados, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, tem um modelo mais apropriado. Eles não pagam R$ 7 para passar nas praças. É menos, só para manter a rodovia em condições. Começamos a conversar se a tarifa fosse de R$ 2.

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Daí os governantes vêm com o argumento de que não teria condições de obras de infraestrutura. Não têm porque eles não cuidam do nosso dinheiro. Só pensam em colocar mais impostos. Temos de cobrar. As melhorias nas rodovias são de responsabilidade dos poderes Executivos. Não é dever da população pagar a duplicação da BR-386, por exemplo.

Agora o Vale está perto de ter mais pedágios na rodovia federal. Isso vai impactar na nossa economia, no nosso desenvolvimento. Vai inviabilizar as nossas indústrias. Mais uma vez reforço, precisamos de representantes que falem isso, que defendam nossos interesses e não admitam mais pedágios na nossa região.

Acham que precisam de pedágios, vamos colocar na metade sul do estado. Mas tem dez deputados lá. Vamos botar na BR-290, que só tem um. Coloca na BR-158. Mas lá também estão com representantes. Por que não tem em Farroupilha e Caxias do Sul, que tem cinco deputados.

O meu contrato ideal seria: eu pago pedágio, mas desconta do IPVA, do Imposto de Renda ou na gasolina.

Em tempos de crise econômica, políticas de austeridade são adotadas pelos governos. Nesse debate, está a privatização de estatais. Qual é sua opinião sobre isso?

Pretto – Penso que as estatais tiveram um papel fundamental no desenvolvimento do país no seu momento. Na época que o Estado não tinha um banco, fizeram o Banrisul. No momento que não tínhamos eletricidade, foi instituída a CEEE. Na telefonia, tivemos a CRT.

Naquele momento, se justificava. Hoje, temos de avaliar o que é estratégico. Nesse sentido imagino o debate da privatização. Temos de privatizar no momento em que não se tem mais função social ou está monopolizando um setor, ou que não consegue evoluir em função da má gestão. Sobre a Petrobras, tem que ser muito debatida. Pois é uma área estratégica para o país.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br | Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br

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