Passa por nós

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Passa por nós

O desastre cultural no Rio de Janeiro é o retrato perfeito do Brasil contemporâneo. E a culpa é toda nossa. Falta-nos cultura até mesmo para dimensionar o tamanho do desastre. Nos falta cultura para perceber o quão atrasados culturalmente estamos. Isso transparece no nosso dia a dia, no nosso comportamento rotineiro. O desastre cultural definitivamente passa por nós.
Somos uma nação predominantemente desinteressada pela cultura. É fato. E, ao contrário do que pensam muitos, essa realidade não está predominantemente ligada às questões financeiras. É mais por desinteresse mesmo. Um desinteresse culturalmente nosso.
Somos uma nação desinteressada pela nossa própria cultura. “Índio é tudo vagabundo” e “Carnaval é só baixaria”, dizem muitos afortunados de dinheiro, mas pobres de cultura. “Museu e orquestra são coisas de burguês”, dizem alguns vira-latas mal amados. Ler livros, então, virou atividade “retrô”. “E a maioria dos artistas são comunistas.”
Nossa cultura recheada de preconceitos predomina sobre a arte, e isso é outro fato. É outra razão que se sobrepõe às questões financeiras quando se debate o acesso ou não à cultura. Somos criados para odiar um lado em detrimento do outro. É cultural. Fechamos mais portas do que abrimos. Nos falta cultura para debater ‘esquerda x direita’, por exemplo.
É nossa culpa, reforço. Quem não aprende, não aplica. E pesquisas sobre acesso à cultura demonstram isso. Em São Paulo, por exemplo, um dos principais centros urbanos da cultura nacional, recente estudo comprova o desinteresse.
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A pesquisa realizada por uma empresa de consultoria em parceria com Datafolha e Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentou dados preocupantes. Como dito, o dinheiro não é o principal motivo da baixa inserção cultural da população. É a mais pura falta de interesse e a sensação de mal-estar.
Restou comprovado que o principal meio de inserção cultural se dá dentro da própria casa, ouvindo música ou assistindo a filmes na TV. Já entre as programações externas, o cinema e os shows musicais são as atividades pagas com maior prática entre os maiores de 12 anos de idade. O primeiro atrai 60% dos entrevistados. O segundo, 56%.
A maioria das outras atividades culturais é deixada de lado pela maior fatia da população. O teatro, por exemplo, apresenta números pífios. Cerca de 60% das pessoas afirmaram não assistir aos espetáculos. Entre as causas, a falta de interesse (32%) e a localização (24%). O preço alto foi apontado por 10% das pessoas. E só 7% afirmaram que “falta dinheiro”.
Mas voltamos aos museus, assunto que pauta a semana. O descaso com as casas de acervo é ainda maior. Do total, 61% responderam que não costumam frequentar esse tipo de atividade. Entre eles, 30% cita a distância como principal problema, e 29% a falta interesse. Os custos dessa prática foram citados por apenas 4% dos entrevistados.
Cultura é educação. Educação é discernimento. E por isso a nossa realidade é tão preocupante. Nossa falta de cultura se reflete predominantemente nos votos. No Brasil da insciência e da bronquice, velhas raposas se tornam mitos e mitos viram presidiários. Mas o eleitor segue louvando-os.
É triste, também, a nossa cultura eleitoral.


Falsa economia

O Legislativo de Estrela anuncia a “devolução” de R$ 100 mil aos cofres da prefeitura. É a mesma cartada realizada ano após ano em Lajeado. Ora, historicamente, os gastos efetivos anuais dos legislativos municipais se mostram menores em relação às leis orçamentárias anuais. Superestimam as previsões e depois fingem economizar só para ganhar aplausos. É pura jogada. Manjada. Mas ainda aplaudida e eficiente para a perpetuação no cargo.


37ª Arte na Praça

Neste domingo ocorre mais uma edição do Arte na Praça, em Lajeado. Como de costume, o evento inicia pela manhã na praça João Zart Sobrinho, no bairro Americano. São esperados mais de 30 expositores, brinquedos infláveis, guloseimas e outras atrações. Entre essas, a mostra de camisetas do Clube Esportivo Lajeadense, do colecionador Alexandre  Carvalho, a música nativista de Atahualpa Maicá, e o piano de Vicente Breyer. Não perde, vivente!


Tiro curto

– Morreu o folclórico “Teleguinha”, em Arroio do Meio. Seu Aldino, Tafú, Seu Manoel e tantos outros personagens “misteriosos” do cotidiano do Vale do Taquari o esperam no céu;
– Parabéns ao amigo Rogério Winck pelos 15 anos de rádio e pela publicação do livro Compartilhando Histórias de Empreendedorismo. Custa R$ 20 e toda a renda será destinada à Apama;
– Em Estrela, moradores do bairro Boa União ainda aguardam um solução para o trevo da Rota do Sol;
– O governador José Ivo Sartori (MDB) realizou um “jantar de arrecadação” no Estrela Palace Hotel, ontem à noite. O ingresso individual custou R$ 1 mil;
– Na próxima semana, inicia a recuperação do asfalto da av. Benjamin Constant, em Lajeado;
– Em Encantado, as inscrições para o Canto da Lagoa estão abertas desde segunda-feira e seguem assim até o dia 28 de setembro;
– O Vale do Taquari está com quase três dezenas de candidatos para menos de 300 mil eleitores. Quem tudo quer…
– PS: Calma, eu não sou o seu inimigo. Apenas pensamos de forma diferente!

Boa quinta-feira a todos!

“A cultura está acima da diferença da condição social.”
Confúcio

 

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