“Precisamos estar no centro da história”

ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS

“Precisamos estar no centro da história”

Ex-secretário municipal em Teutônia, Ricardo Wagner quer preencher a lacuna de representatividade do Vale no Congresso Nacional. Por meio do planejamento estratégico, acredita ser possível promover o desenvolvimento regional

“Precisamos estar no centro da história”
Vale do Taquari

Ricardo Wagner – PR | Candidato a deputado federal

Idade: 55
Profissão: administrador
Naturalidade: Estrela

Histórico político:
Apesar de ter ocupado funções importantes na esfera municipal, Ricardo Wagner se candidata pela primeira vez a um cargo eletivo. Antes da campanha, era o titular da Secretaria de Planejamento e Mobilidade Urbana de Teutônia no governo de Jonatan Brönstrup. Coordenou o planejamento estratégico no município no início dos anos 2000 e participou da elaboração de planos de governo de gestões anteriores.

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Vida comunitária:
Pastor evangélico, Wagner é o fundador da Rede Apostólica Cristã no Brasil. Como líder religioso, tem forte atuação em comunidades de diversas regiões do estado. Por meio da evangelização, acolhimento e reabilitação, afirma ter auxiliado muitas pessoas que “haviam perdido a esperança na vida”, devido a problemas familiares, com álcool, drogas e em situação de rua. “Já conseguimos reintegrar muitas pessoas à sociedade com esse trabalho que desenvolvemos por meio de uma rede que tem capilaridade em todo o estado”, destaca.


A Hora – Por que você se candidata a deputado?

Ricardo Wagner – Em função da minha preparação e da minha escolaridade, eu sempre fui muito procurado por pessoas influentes, como deputados, prefeitos, inclusive o governador, para atuar na condição de um conselheiro, e não como um agente protagonista. Esse dia chegou. Eu percebo como uma vocação e um compromisso diante do cenário que a gente está vivendo, diante das poucas perspectivas que temos. É uma espécie de chamado para que eu estivesse neste pleito. Não se trata simplesmente de um sonho pessoal, mas sim de um sentimento de convocação para disputar essas eleições.

Se eleito, como será sua atuação junto à comunidade do Vale do Taquari? De que forma pretende articular as prioridades da região dentro do parlamento e com os demais deputados?

Wagner – Nós sabemos que a nossa região ficou muito tempo fora desse círculo, sem um deputado efetivo da região. Sem essa representação, nós ficamos fora de muitas coisas, sem poder reivindicar, sem ter acesso a informações. Do que acontece lá em Brasília, nós só pegamos a “rebarba”, “a rapa do tacho”. Está na hora de mudar isso. Nós precisamos estar no centro da história. Se eleito, a minha intenção não é simplesmente colocar o gabinete à disposição. Não fazer que a região vá até Brasília, mas o contrário: que Brasília venha até a região. Outra estratégia importante que queremos implementar é um projeto de regionalização. Os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) tinham esse objetivo, mas se tornaram apenas uma figura simbólica e não tornaram isso realidade. Nosso propósito é criar um sistema prático, iniciado pelo Vale do Taquari, envolvendo os diferentes atores da região para a construção de planejamento estratégico de desenvolvimento regional integrado, considerando nossas vocações e gargalos, nos conceitos político, educacional, econômico e social. Desenvolvimento não acontece por acaso, ele precisa ser planejado. E essa é minha especialidade, porque sou mestre em Engenharia Estratégica, pós-graduado em Administração Estratégica, toda a minha formação é voltada à área de estratégia.

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A descrença na política está cada vez maior. Qual sua estratégia para convencer o eleitor a acreditar nas suas propostas?

Wagner – A primeira coisa é a minha credibilidade, a minha história. Existem três coisas fundamentais para um líder político. Primeiro, é a sabedoria, de discernir o que é bom e o que é ruim, o que é certo e o que é errado, o que leva ao progresso e o que leva à desgraça. Por falta de capacidade de discernimento, muitas vezes as pessoas optam pelo negativo, em vez do positivo. A segunda coisa é a inteligência, que é a capacidade intelectual para exercer uma função. Ou seja, o preparo, o conhecimento de causa, de necessidades e de saídas. E o terceiro elemento é a experiência, que é o que te dá critérios, que te dá credibilidade perante a sociedade. A minha trajetória atesta quem eu sou, a minha capacidade, a minha credibilidade. Eu sempre digo assim: um ponto isolado não significa nada, dois pontos demonstram uma tendência, três pontos mostram uma linha. Muitas vez os políticos são muito demagogos. Eu, pelo contrário, sou muito pragmático. Sou movido por resultados. Vindo do meio empresarial como eu, não se pode ser demagogo.

A eleição federal e estadual muitas vezes serve de trampolim para as eleições municipais. Ou seja, candidatos lançam nomes para se promover a cargos em esfera municipal na eleição seguinte. O que você pensa sobre isso?

Wagner – Se alguém tem essa estratégia, eu respeito. É uma tática da pessoa se projetar. Não é a minha intenção. Não sei se no futuro eu irei disputar outro cargo, se não for eleito. Ainda não pensei nisso. Quando procurei partidos políticos, eu ouvi: “Ricardo, se você não for eleito nesta, na próxima estará pronto para ser prefeito”. E eu disse: “Não penso nisso ainda. Não é a minha intenção”. Não posso dizer que isso não vai acontecer, mas a priori não tenho esse pensamento, não estou construindo trampolim. Tudo o que estou fazendo é para ser deputado federal.

Nossa matriz econômica está sustentada no setor de alimentos. Temos sofrido, nos últimos anos, por adoções de políticas públicas equivocadas, especialmente na cadeia de leite. Se eleito, como pretende trabalhar pelo fortalecimento da nossa principal base econômica?

Wagner – A primeira coisa é construirmos um planejamento estratégico compartilhado, com todos os agentes envolvidos nessa área. Ou seja, um planejamento complexo, porque há muitos interesses distintos e que precisam de uma base comum. Nós não podemos ser superficiais nas decisões. Precisamos nos entender estrategicamente primeiro para saber quais as decisões que devemos tomar, o que precisamos em termos de leis, de incentivos, de interferência governamental, o que precisa ser barganhado internacionalmente ou junto a bancos de fomento. Nós precisamos nos organizar cooperativamente na região, e não competitivamente. Hoje nós competimos internamente na região dentro da produção de alimentos. As empresas competem entre si aqui no Vale. Precisamos gerar um sistema de cooperação interna para sermos mais competitivos externamente. Nossa cadeia do leite foi muito prejudicada em função das leis de abertura. Temos que proteger o nosso mercado, se não os competidores internacionais vão acabar conosco.

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Temos problemas de infraestrutura graves. Rodovias insuficientes e precárias, enquanto outros modais, como ferroviário e hidroviário, continuam obsoletos. Qual é sua proposta nessa área?

Wagner – Nessa área também precisamos de planejamento estratégico. Não podemos simplesmente dizer que temos que construir uma estrada nova, por exemplo. Temos que saber para que, se precisamos de fato, se é importante para nós, haverá demanda para isso. Não devemos pensar pontualmente. Temos que entender genericamente para agir pontualmente. O grande problema é que a maioria dos administradores só pensam de forma pontual e não entendem o sistema geral. Precisamos da estrutura básica para o desenvolvimento econômico. Mas qual seria essa estrutura? O que de fato queremos? Ou seja, precisamos planejar a nossa própria história, quem queremos ser. Tudo parte de um ideal.

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Qual é sua avaliação sobre a implantação de pedágios? Como seria o modelo ideal?

Wagner – Bom, é claro que o modelo ideal é que não tenha pedágio. Em caso de o governo não ter capacidade de sustentar a construção, modernização e conservação das vias, então, se torna necessário. Os pedágios são muito injustos hoje. Quem anda 10 km e passa por uma praça de pedágio paga o mesmo valor que aquele anda 100 km. Em vários países, existem os pedágios por quilômetro rodado. Na entrada e na saída da via, há pontos de pagamento que fazem esse controle. Obviamente que isso exige uma estrutura muito maior. Essa seria a forma mais justa, a ideal.

Em tempos de crise econômica, políticas de austeridade são adotadas pelos governos. Nesse debate, está a privatização de estatais. Qual é sua opinião sobre isso?

Wagner – Estou hoje no PR (Partido Republicano), que depois das eleições vai se tornar PL (Partido Liberal). E a política liberar é justamente na qual eu acredito. Economicamente, eu sou um liberal. Penso que o governo precisa se concentrar naquilo que é de sua competência: segurança, saúde e educação. Inclusive, se fosse pela minha decisão, eu privatizaria todas as escolas para o Estado comprar cotas. A iniciativa privada sempre é mais eficaz do que as iniciativas governamentais. Se no poder público, um aluno custa X. Com esse mesmo X, na iniciativa privada, conseguimos oferecer muito mais. Sou completamente a favor das privatizações. O mercado precisa se ajustar e ele se ajusta em função da demanda que o mercado dispõe. O governo precisa ter órgãos regulamentadores dos sistemas para que isso esteja dentro dos parâmetros planejados pelo Estado. O governo tem que fomentar a economia, e não abocanhar e gerir a economia. No passado, foi importante que o estado criasse a Eletrobras, a Petrobras. Aquele momento econômico era diferente para a nossa sociedade, a produção não alcançava a demanda. Mas essa lógica mudou na década de 1960. Agora temos uma produção muito maior que a demanda. No passado isso foi fundamental, mas agora é desnecessário.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br

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