Tomar banho, escovar os dentes, se alimentar, tratar doenças e outras tantas tarefas simples do cotidiano dependem de processos químicos. Embora ainda interpretada de forma negativa pela sociedade, o químico industrial André Kolling desmistifica o conceito da química. “É uma ciência de transformação. Consiste em retirar algo da natureza, fazer um procedimento químico e o resultado disso beneficia as pessoas no dia a dia”, explica.
O profissional alerta para as quantidades. Segundo ele, as substâncias são utilizadas para diversos produtos. “A clorexidina, por exemplo, é usada para desinfecção dos ambientes na indústria alimentícia e está presente também no creme dental, no uso doméstico. O que muda é a quantidade. E, muitas vezes, a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”, observa. Kolling revela curiosidade sobre a utilização de mesmas substâncias para diferentes fins: o material presente nas fraldas descartáveis está, também, nas solas dos tênis para amortecer o atrito. “A química também facilita a limpeza e as desinfecções, que beneficiam a saúde humana”, ressalta.
Substituir medicamentos por métodos naturais parece ideal. No entanto, conforme a farmacêutica Juliana Dörr, produtos orgânicos também podem causar intoxicação. “As pessoas pensam em recorrer aos chás, mas desconhecem o tipo da planta e seus efeitos. E também não sabem que o próprio ato de fazer o chá é um processo químico”, aponta. Ela ainda reforça que grande parte dos medicamentos se originam de materiais retirados do ambiente natural e são transformados em benefício das pessoas.
De olho na legalidade
A designer de interiores Liana Bittencourt Kich compra produtos de limpeza para a marcenaria da família. Se preocupa em ter produtos licenciados para garantir eficácia e segurança no manejo. A partir disso, começou a entender mais sobre química. “Estamos rodeados por ela. A água, para ser potável, passa por tratamento químico. Assim como nosso próprio organismo e sentimentos são reações químicas”, salienta.
Assim como a designer de interiores, Milton Oliveira também compra produtos químicos certificados. Ele atua como gerente comercial num frigorífico. Detergente e cloro fazem parte do dia a dia da limpeza. “Sem química, uma empresa como a nossa não funciona. Se não tivermos os produtos adequados, não é possível fazermos higienização como deve ser feita. E isso é essencial, não conheço outra forma”, declara.
De acordo com o chefe da vigilância sanitária de Teutônia, Evandro do Canto Borba, o órgão atua como fiscal das ilegalidades e de forma preventiva. Em conjunto, as vigilâncias e coordenadorias combatem a clandestinidade e usam a internet para ajudar na fiscalização. “Quem produz um produto saneante, não atende às normas e não registra, não visa a melhoria da saúde da população, mas se interessa apenas pelo lucro”, pontua.
A vigilância sanitária supervisiona o setor de alimentação, produtos e serviços. Para funcionarem, as empresas devem apresentar documentação técnica para obter alvará sanitário. Sem a rastreabilidade dos produtos, Borba afirma que a probabilidade de risco à saúde é imensurável. “Explicamos pro empreendedor comprar um produto legalizado, que tem um poder de eficiência, porque o barato sai muito caro”, finaliza.
O amor tem relação com a química?
Amor é química! Todos os sintomas de amar têm uma explicação científica: são causados por um fluxo de substâncias químicas fabricadas no corpo da pessoa apaixonada. Entre essas substâncias, estão adrenalina, noradrenalina, feniletilamina, dopamina, oxitocina, a serotonina e as endorfinas. São necessários vários hormônios para sentir aquela sensação de quando se está amando.
Por que o gás hélio afina a voz?
O ar que respiramos tem 78% de gás nitrogênio (N2). Já o gás hélio é bem mais leve que esse ar que respiramos (cerca de 7 vezes mais leve). A velocidade de propagação do hélio é maior em relação à propagação do ar atmosférico. Por isso, quando o hélio é inalado, a velocidade de propagação da voz é bem maior se comparadas com as condições normais. Dessa forma, a frequência da voz se altera e provoca um timbre mais fino. Por exemplo. se você inalasse um gás mais denso, a voz se propagaria em uma menor velocidade e engrossaria.
Por que choramos ao cortar cebola?
Uma das células da cebola é rica em sulfuretos, enquanto a outra é rica em enzimas. Quando cortada, as células da cebola se misturam e ocorre uma reação entre suas substâncias que resulta numa terceira: o ácido sulfênico. Esse ácido é transformado em gás e, em contato com a água, uma fraca solução de ácido sulfúrico é produzida. Como os olhos estão sempre úmidos, ocorre essa transformação do gás em ácido e, assim, ocasiona a irritação dos olhos.
Nathália Lauxen: nathalia@jornalahora.inf.br
