Emaranhado de fios eleva risco de curtos

Lajeado - risco permanente

Emaranhado de fios eleva risco de curtos

Após incêndio provocado por curto-circuito na rede elétrica no centro de Lajeado no fim de semana, alerta sobre suposto aluguel de concessionárias a empresas de comunicação volta à tona

Emaranhado de fios eleva risco de curtos
Lajeado

Basta um olhar para cima enquanto se caminha pela maioria das ruas do município para constatar o emaranhado de fios de rede elétrica que aumentam a cada semana. Como se não bastasse, não é raro ver rolos de fios pendurados em postes.

“Este é um sinal evidente de que a quantidade fios em postes tende a só aumentar”, diz o coordenador de Relações Comunitárias e Setoriais, Ítalo Reali.

Na rua Júlio de Castilhos, no centro, o excesso de conexões de rede elétrica se embaralham sobre os postes e trazem preocupação a quem passa pelo principal ponto de comércio da cidade.

Em 2016, MP abriu inquérito para averiguar “aluguel” de postes

Em 2016, MP abriu inquérito para averiguar “aluguel” de postes

“Os fios ficam muito junto, qualquer vento pode fazer causar um curto-circuito. Já vi isso acontecer”, lembra o aposentado Almerindo Petry, 70.

Testemunha de situação similar na cidade, a empresária Janeci Gerhardt, 48, com comércio na região central, também já presenciou problemas na fiação elétrica.“De fato, é um excesso de fios nos postes”, diz.

Fogo

No sábado, 18, por volta das 23h, o Corpo de Bombeiros teve de controlar um incêndio em poste da rede elétrica, nas imediações do Daer, na avenida Benjamin Constant.

A suspeita é de que tenha acontecido um curto-circuito. Foram danificados o poste, a fiação elétrica e uma árvore próxima à estrutura. Sem energia, o semáforo no cruzamento das avenidas Pasqualini e Benjamin Constant ficou fora de funcionamento.

Investigação

No segundo semestre de 2016, a insegurança provocada pelo emaranhado de fios foi alvo de inquérito civil aberto pelo Ministério Público (MP).

A investigação teve a finalidade de apurar irregularidades nos postes de sustentação de energia elétrica a partir de queixas de clientes.

O inquérito ouviu pelo menos 13 empresas, entre concessionárias de energia e empresas de telecomunicações.

Entre as suspeitas, empresas responsáveis por postes na cidade estariam alugando das de telecomunicação sem o devido cuidado e manutenção nas fiações.

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“Acabou não dando em nada este processo e a ‘fiorama’ só aumenta na cidade. Vai chegar um momento que vai faltar poste na cidade”, diz Reali.

Subterrâneo

De acordo com o governo de Lajeado, o único trecho do município que tem rede elétrica subterrânea consta num curto espaço da avenida Amazonas. No restante da cidade, a fiação é aérea.

“Não temos previsto neste momento nenhum projeto para aterramento da rede. A principal razão disso é o valor do investimento porque rebaixar uma rede elétrica é uma obra caríssima e que causa muitos transtornos para ser executada”, explica o prefeito Marcelo Caumo.

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Entrevista

“É um risco iminente”

Para Ítalo Reali, coordenador de Relações Comunitárias e Setoriais do governo Caumo, falta conscientização por parte das empresas de telecomunicação sobre o uso adequado e seguro dos postes.

A Hora – Ao que se deve o fato do descontrole sobre a fiação elétrica nos postes da cidade?

Ítalo Reali – Na cidade, se tu não tiver ordenamento, uma previsão lógica e uma visão de futuro, ocorre isso que estamos vendo em Lajeado. Hoje temos 80 mil habitantes e somos a capital do Vale do Taquari. Se tu for para Estrela, vai observar que tem bem menos fio pendurados nos postes, mas, quando a cidade crescer, vai acontecer a mesma coisa.

Em vários pontos da cidade, observamos rolos de fio pendurados em postes e fio enjambrados de um lado a outro. Por que isso acontece?

Reali – As concessionárias alugam os postes e cobram um determinado valor pela locação. Deixam de fazer as instalações elétricas de forma subterrânea alegando que é mais caro. É um risco iminente. E se um caminhão-baú passa e arranca uma rede? E quem estiver passando embaixo? Aí você liga para uma empresa de telecomunicação e eles te transferem para Goiás, São Paulo ou até Porto Alegre. Eles não fazem ideia de onde fica Lajeado. Precisamos das empresas de telecomunicação, mas precisamos que elas tenham mais consciência.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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