A nostalgia dá lugar à tristeza quando a nossa Ferrovia do Trigo flerta com o sucateamento. Inaugurada com as devidas pompas nos anos 70, a linha férrea entre Roca Sales e Passo Fundo sucumbiu diante do monopólio rodoviário que já se assentava sobre o Brasil desde a década de 1950. Uma pena. Melhor seria contar com ambos os modais.
Hoje nosso país tem a maior concentração rodoviária de transporte de cargas e passageiros entre as principais economias do mundo. Segundo índices do Banco Mundial, chega a 58% do total. Números que se acentuaram a partir de uma política um tanto quanto simplória, que colocou como norte principal dos investimentos públicos a rapidez na conclusão.
Mas a pressa sempre foi a pior inimiga da perfeição. Ainda mais em um país onde “rapidez” e “obra pública” dificilmente andam lado a lado.
O ex-presidente Juscelino Kubitschek foi um que entrou forte nesta onda. Com ele, o Brasil se afastou dos trilhos. Seu plano de crescimento rápido – “crescer 50 anos em cinco” – não tinha espaços para a complexidade dos trilhos. As ferrovias foram preteridas de forma avassaladora pelas rodovias e o asfalto monopolizou a logística de distribuição de riqueza no solo brasileiro.
(SEM LEGENDA)
Havia muito lobby por detrás disso, é claro. Gigantes internacionais condicionaram à vinda deles – mesmo de forma intrínseca – a esse processo de desmonte das ferrovias e de aposta total na malha rodoviária.
Não quero aqui condenar tais decisões do passado. “Há males que vêm para o bem”, talvez tivessem pensado os governantes da época, vislumbrando os altos investimentos pré-anunciados. Muitos desses de fato chegaram após os primeiros empreendimentos públicos na malha rodoviária e nos consequentes subsídios disponibilizados às empresas do ramo.
Mas e o resto? Valeu mesmo a pena garantir o monopólio para só um modal viário?
São quase 160 quilômetros de trilhos ociosos. E o viaduto de número 13 da Ferrovia do Trigo – ou EF-491 – é o símbolo da tristeza. Ilustra este artigo. É o maior em altura das Américas. Quarto mais alto do mundo. Uma obra-prima da engenharia moderna. E está lá. Quase ocioso. Sucateando. Sofrendo em razão da pressa de quem só enxergou com um olho.
Este artigo não busca demonizar o imprescindível modal rodoviário, mesmo que menos de 13% das nossas estradas estejam pavimentadas – índice que está muito longe de acompanhar o aumento da frota nacional, por exemplo. Este artigo é apenas uma reflexão de quem, ao caminhar pelos trilhos da EF-491, sentiu que ainda podemos aproveitá-la melhor.
Cena deplorável
Fiquei com o estômago embrulhado ao assistir à cena de centenas de brasileiros cantando o hino nacional enquanto famílias venezuelanas eram escorraçadas de volta para o país de origem. Outras centenas de crianças estavam naquele bolo de pessoas desesperadas. Tiveram seus pertences queimados, o que torna ainda mais dolorosa a forçada partida. Aquela região de Roraima é um verdadeiro barril de pólvora. Por sorte, não morreu ninguém.
Suplente constrangido
O suplente de vereador em Lajeado, Eduardo Iglesias (PT), foi constrangido na sessão desta semana. Foi para a guerra, mas estava desarmado. Afirmou que o valor mensal de R$ 7,2 mil é alto para quem “só trabalha duas horas por semana”, tempo médio de duração da sessão plenária. Entretanto, e como bem lembrado pelos demais parlamentares, Iglesias sequer participou das reuniões semanais das comissões enquanto titular na câmara. Ficou feio!
Tiro curto
– Líder do PT na Câmara Federal, Paulo Lula (sic) Pimenta ingressou com uma representação no TCU para sustar o edital que, entre outras rodovias, transfere a BR-386 para a iniciativa privada. Para ele, o processo representa riscos ao interesse público e social, e à livre concorrência;
– Vinícius Renner é o novo diretor de Trânsito de Lajeado. Hoje pela manhã ele se reúne na câmara com taxistas. Na pauta, os aplicativos de transporte de passageiros;
– Fazer campanha em igreja pode configurar crime eleitoral. Em todo o país. Inclusive em Teutônia;
– Na terça-feira, grupo formado pela Seavat e Sinduscon esteve reunido com o promotor de Justiça, Sérgio Diefenbach. Na pauta, o novo Plano Diretor de Lajeado;
– Algumas escolas de Estrela ainda não recuperaram as aulas perdidas com a greve dos caminhoneiros;
– Também em Estrela, o Certificado de Regularidade Previdenciária está suspenso desde maio, alerta um vereador;
– A onda da “Escola Sem Partido” chega com força na região, avisa um leitor da coluna. Pais e ex-alunos de conceituada escola particular querem barrar o que desconfiam se tratar de ensinamento ideológico-partidário de esquerda dentro de salas de aula. Acho justo. Desde que também fiscalizem “obras” da direita!
Boa quinta-feira a todos!
“As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas.”
Sun Tzu
