Madrugada de 17 de dezembro de 2006. O contador Alex Lopes, 51, fanático pelo Colorado, não conseguiu dormir de tamanho nervosismo. Pulou da cama às 7h15min. Aflito. O Inter disputaria o Mundial com o Barcelona às 8h20min.
“Olhei o jogo com uma turma na casa de um amigo que estava de aniversário e ressaca. Quando chegamos na casa dele, organizamos o churrasco e a televisão um minuto antes de começar a partida”, lembra.
Doze anos depois, o nervosismo pela conquista da taça era proposital, em suas devidas proporções, à espera de dividir o campo da Arena Alviazul com alguns dos craques que conquistaram o título em 2006 – Alex, Adriano Gabiru, Perdigão, Índio e Wellington Monteiro. Hoje Monteiro atua no Lajeadense e foi o responsável pela organização a partida beneficente em prol da manutenção do estádio.
O torcedor colorado Wellington Andrei, 22, aproveitou presença dos craques Monteiro e Alex para pegar autógrafos na camisa do Inter
Vestiário vermelho
Quando o craque Adriano Gabiru entrou no vestiário dos torcedores que dividiriam a camisa vermelha do time dos campeões, homenagens ao jogador ecoaram pelas paredes do Alviazul. Atleta responsável pelo gol que conquistou o Mundial, emocionou-se com a receptividade dos colorados do Vale do Taquari.
“Deus me iluminou naquele jogo. Estou muito feliz de estar perto dos torcedores e dos meus companheiros colorados”, diz Gabiru. “A única tristeza foi a gente perder nosso capitão Fernandão. Mas tenho certeza que ele está num lugar muito bom.”
O zagueiro Índio, responsável pelo lançamento a Iarley (que jogaria no domingo, mas não foi à partida devido à morte do pai) que fez o passe certeiro para o golasso de Gabiru, também mostrou-se contente com a alegria da torcida colorada para o amistoso.
Os pequenos colorados da região também aproveitaram a visita dos campeões do mundo a Lajeado em partida amistosa beneficente ao Alviazul
“Fomos campeões do mundo, porque quando se veste a camisa do Inter não tem como não ser guerreiro”, orgulha-se o atleta que, embora fora de forma, disputou a partida no Alviazul com muita raça.
Para dividir o amistoso ao lado dos craques do Mundial, os torcedores colorados que jogaram no domingo pagaram R$ 600.
“Jogar com eles é uma emoção que não tem preço”, conta Leonardo Wolferdt, 35, de Arroio do Meio.
Lambreta o ídolo
Custando R$ 350 para jogar contra os ídolos do título colorado de 2006, os torcedores colorados, apesar de admiração pelos craques, não mediram esforços na disputa do amistoso.
“Conviver este minutos com eles em campo é muita alegria. Sou fã do Índio, mas vou tentar meter uma lambreta nele”, diz o colorado Adir Klein, 24.
Apesar de terem perdido a disputa, os colorados que jogaram contra os campeões do mundo não ficaram tristes.
“Foi uma oportunidade única, não tenho dúvida. Meu maior ídolo sempre foi o Fernandão e o Alex”, compartilha o colorado Rodrigo Borges, 28, de Cruzeiro do Sul. “Com o Alex tive esta chance”, comemora.
Além do gramado
O campeão do mundo Alex, considerado pelos torcedores como melhor atleta em campo no domingo, além dos gols, somou no placar aquilo que todos os colorados esperavam dele: um jogador focado e dedicado ao Inter.
“O Inter mudou minha vida. Completei 9 anos de clube. É muito bom construir carreira com uma questão pessoal muito forte, pois o futebol profissional passa e o que mantém sua carreira é a conduta e o respeito para com os torcedores.”
Com a tinta da caneta ainda recente na camiseta autografada, o torcedor Wellington Andrei, 22, vibrava pela presença dos craques em Lajeado.
“Eu tinha 10 anos quando eles ganharam e estavam em Bom Retiro do Sul com meus avós”, lembra. “Nunca imaginei que um dia jogaria ao lado do Alex”, diz emocionado.
Galeria de fotos
Colorado nato
Aclamado pelos colorados como uma “lenda viva” do clube, Perdigão parabenizou o Lajeadense e a comunidade por terem se engajado na partida beneficente de domingo.
“O Inter é o time onde fui muito feliz e alcancei minhas maiores conquistas”, orgulha-se o ex-atleta que, apesar de estar fora de forma, arriscou dribles ousados e não negou fogo durante toda a partida amistosa.
“O mais importante deste encontro é vermos as famílias reunidas no Alviazul em prol do esporte. Não foi um jogo de rivalidade, foi um jogo de amizade”, comemora o organizador do evento e campeão do mundo Wellington Monteiro.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br
