A agência dos Correios foi assaltada na manhã de ontem, 20, no centro. O crime aconteceu por volta das 12h, quando cerca de 25 pessoas estavam no estabelecimento. A ação foi desempenhada por um homem armado e durou menos de 30 minutos. O bandido levou o dinheiro do caixa, do cofre e de alguns clientes.
Uma das vítimas, que prefere não se identificar, conta que o criminoso entrou de forma discreta e surpreendeu todos ao anunciar o assalto. Recolheu os celulares para que ninguém chamasse a polícia. Fez ameaças de morte, exigiu silêncio e trancou os clientes em uma sala. Segundo a testemunha, o assaltante usava apenas um boné e roubou pelo menos R$ 6 mil.
Conforme a Brigada Militar, a maioria das pessoas que estava na agência no momento do crime é funcionária da Calçados Beira-Rio e aguardava na fila para retirar o pagamento do mês. Enquanto o homem conduzia a ação dentro do estabelecimento, um comparsa o aguardava para a fuga em um Uno Mille prateado.
De acordo a polícia, o carro foi localizado durante a tarde, na área central da cidade. O veículo havia sido roubado em Venâncio Aires também na manhã de ontem.
Cidade vulnerável
A agência assaltada fica a uma quadra do posto da BM de Santa Clara do Sul. No momento do crime, os policiais registravam a ocorrência de outro assalto no interior do município e não perceberam a movimentação no estabelecimento situado a cerca de cem metros de distância.
Em março, os serviços bancários passaram para a agência dos Correios depois que a unidade do Banco do Brasil no município foi destruída em outro assalto com o uso de explosivos. A sequência de crimes nos últimos meses, que inclui um homicídio no centro registrado em junho, deixa a comunidade assustada e expõe a vulnerabilidade do município na área de segurança.
A agricultora Janete da Silva Rosa, 37, mora faz mais de 20 anos na localidade de Sampainho. Ela conta que um dos fatores que motivaram a família a se mudar para a cidade foi a segurança. Contudo, a situação mudou bastante nos últimos anos. “Está bem complicado. Até para vir para o centro a gente fica com medo”, revela.
Na mira
Este foi o quarto assalto a agências dos Correios nos últimos 30 dias no Vale do Taquari. Desde o início deste ano, foram pelo menos oito ocorrências. Na quinta-feira passada, 16, dois homens roubaram uma unidade em Mato Leitão, em ação que durou menos de 5 minutos. Quantia não revelada em dinheiro foi levada, e ninguém ficou ferido.
No dia 13 deste mês, foi a vez da agência de Paverama. Três homens encapuzados cometeram o roubo e ainda tentaram, sem sucesso, assaltar uma lotérica. A quantia roubada também não foi divulgada.
Em Boqueirão do Leão, outro crime semelhante aconteceu em 30 de julho. A ação teve a participação de quatro pessoas, que levaram o dinheiro do cofre da agência.
Perdas
O assalto em Boqueirão do Leão afetou o atendimento a clientes do Banco do Brasil de toda a microrregião. A agência dos Correios concentrava os serviços bancários desde o fechamento, no ano passado, das unidades do BB no município e em Progresso, após ataques com uso de explosivos. Correntistas de cidades vizinhas, como Canudos do Vale, Gramado Xavier e Sério também eram atendidos no local.
Cerca de 20 dias depois, os serviços bancários na agência continuam suspensos. Comerciantes reclamam da queda de movimento devido ao fechamento das agências. “Aposentados e agricultores foram receber o dinheiro em outras cidades e com isso deixam de circular em nosso município”, constata o empresário Claercio Baier.
Redirecionados para outras agências da região, alguns deixaram de movimentar e utilizar serviços. “Não uso mais o cartão de crédito. Fica difícil depositar o valor da fatura e acompanhar os lançamentos. Não tenho aplicativo do banco no celular, preciso ir até Barros Cassal para gerar a senha de serviços on-line”, conta o técnico em Agropecuária, Mathias Oliari, 31.
Maria Goreti, 58, por muitos anos, movimentou a conta acessando crédito agrícola e outros serviços do Banco do Brasil. “Nossa agência era centralizada, atendia vários municípios. É uma perda para nós, clientes, e também afeta a economia da cidade. Racionamos o uso do cheque. Para emitir novo talão, é preciso ir até Barros Cassal ou então outra agência da região”, comenta a agricultora.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br | Colaboração: Felipe Neitzke