Pela segunda vez no ano e em menos de quatro meses, criminosos queimaram uma das câmeras de videomonitoramento da cidade, Em comum, os casos aconteceram no bairro Navegantes, região onde há domínio do tráfico de drogas.
O primeiro caso aconteceu em abril e o último na madrugada de ontem. Pela manhã. o crime foi registrado na Polícia Civil pelo presidente do Consepro Victório Alba, uma das entidades responsáveis pela administração das câmeras, junta do Acie e parceiros como o Ministério Público e a Justiça do Estado.
Responsável pelas investigações do município desde 4 de julho, o delegado Augusto Cavalheiro aponta que os crimes ocorreram a pedido de líderes do tráfico da região que se sentiram desconfortáveis com a instalação das câmeras no bairro em função dos negócios ilegais praticados por eles.
“Provável que eles se sentiram ameaçados pela instalação das câmeras e achavam que elas estão prejudicando ou podem prejudicar alguma atividade ilegal naquela área”, conta Cavalheiro.
Pneus
Para atear fogo na câmera, os criminosos lançaram pneus de bicicleta em chamas para o alto, em direção a câmera de videomonitoramento.
Assim que conseguiram fazer com que um dos pneus ficasse preso na câmera, em seguida, com a ajuda de um tijolo e uma corda, levantaram a borracha em chamas na altura da câmera.

Na madrugada de ontem, uma câmera de vigilância foi incendiada no bairro Navegantes, notória área de tráfico de drogas. Primeiro caso foi comandado de dentro do presídio
Dentro da cadeia
Quatro meses depois, ao fim da investigação do primeiro caso de câmera de videomonitoramento queimada, a Polícia Civil descobriu que o crime ocorreu comandado por um traficante de dentro da cadeia.
Em uma recente prisão feita, em um celular de um bandido do bairro Navegantes, a Polícia Civil encontrou conversas onde dois traficantes conversavam com dois soldados do crime onde era estabelecido o modo como a câmera da região seria queimada – todos os envolvidos já foram identificados pela investigação.
Serra
Outra câmera de videomonitoramento que seria instalada no bairro Jardim do Trabalhador também foi alvo de bandidos antes mesmo que o projeto fosse executado por completo.
O crime ocorreu em maio, de acordo com o presidente do Consepro, bandidos serraram o poste onde a câmera seria instalada.
Prejuízo
Implantadas faz um ano, o município conta com cerca de 40 câmeras de videomonitoramento que funcionam em 16 pontos da cidades. A primeira fase do projeto teve investimento de R$ 390 mil, disponibilizados num rateio entre Aci-e, Câmara de Vereadores, Clbe Recreativo de Encantado e Poder Judiciário.
Segundo Victório Alba, cada câmera custa em média R$ 12 mil. Com as duas câmeras queimadas no bairro Navegantes somados ao poste serrado no Jardim do Trabalhador, o prejuízo já passa dos R$ 25 mil.
Sensação de segurança
Na tarde de ontem, a aposentada Adelsia Pretto, 68, estacionou o carro nas imediações do Hospital Beneficente Santa Terezinha, avistou uma câmera de videomonitoramento. Segundo ela, “o equipamento transmite uma sensação de segurança aos cidadãos”.
“Me senti mais tranquila. Mesmo assim a gente tem que ter cuidado”, diz.
O eletricista de automóveis, Cesar Pedaccini, 49, lamenta o avanço do tráfico na cidade. “Estão tomando conta, mas as câmeras são muito boas para a cidade.
Sobre o caso da câmera queimada, o motorista Marcos Roberto, 29, protesta. “Queimar câmeras é vandalismo. Não tem explicação”.
Entrevista
“Não vamos desanimar, pelo contrário, vamos nos unir ainda mais”
Presidente do Consepro, Victório Alba garante que câmeras queimadas motivam maior união de empresas, entidades e comunidade no combate ao crime.
A Hora – Para o Consepro, um dos principais responsáveis pela execução do projeto de videomonitoramento, como é recebida a queima de mais uma câmera?
Victório Alba – Estamos fazendo este projeto de coração. Para ajudar a sociedade a combater a criminalidade. Estamos colhendo bons resultados desde a implantação do sistema de videomonitoramento. Teve um vereador, faz mais ou menos um mês, que teve a casa invadida, coincidentemente, também no bairro Navegantes, e a Brigada Militar conseguiu intervir no assalto e impediu a ação destes criminosos. Não vamos desanimar, pelo contrário, vamos nos unir ainda mais. Por que não somos contra as pessoas, somos a favor do bem.
Dois casos aconteceram no mesmo bairro, as câmeras serão reinstaladas no mesmo ponto?
Alba – Sim. Queremos também identificar os envolvidos nestes crimes e cobrar deles. Sabemos que neste bairro tem muita gente de bem e trabalhadora, mas tem muita “batata podre”. Infelizmente, há muito tráfico de drogas naquela região. Mas não é porque queimaram duas câmeras e serraram um poste que vamos desistir do projeto. Isso prova que os criminosos estão tendo prejuízos com nosso sistema de segurança. No local onde serraram o poste de ferro, por exemplo, vamos colocar um de concreto e ainda mais alto. Nossa esperança em combater o crime continua.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br