Campanha abre dia 16. Vale tem 19 concorrentes

Vale do Taquari - Eleições 2018

Campanha abre dia 16. Vale tem 19 concorrentes

Durante os próximos 45 dias, os candidatos serão apresentados aos eleitores por meio da televisão, rádio, internet, panfletos, santinhos, informativos e adesivos. Redes sociais ganham espaço, mas gráficas continuam como principal meio de divulgação. Novas regras reduzem tempo e recursos, e diminuem o impacto das eleições na economia

Campanha abre dia 16. Vale tem 19 concorrentes
Vale do Taquari

A campanha eleitoral começa oficialmente na próxima quarta-feira, 16. Durante os próximos 45 dias, os eleitores serão apresentados aos candidatos às vagas de deputado federal e estadual, senador, presidente e governador, seja por meio da televisão, rádio, internet, panfletos, santinhos, informativos, adesivos ou outras formas de divulgação previstas na lei.

A concorrência entre os postulantes aos cargos promete ser uma das mais acirradas da história. Mas, antes da votação, outra disputa movimenta os bastidores das eleições: a da indústria da propaganda. Agências de publicidade, produtoras, gráficas e plataformas virtuais vislumbram uma fatia de um mercado que no Brasil alcança cifras bilionárias

Em 2018, serão destinados R$ 1,7 bilhão para a campanha por meio do fundo partidário. Somam-se a esse recurso as doações de pessoas físicas e por meio de financiamento coletivo via internet. Na comparação com 2014, as regras estão mais rigorosas.

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Além de estar proibida a doação de empresas, foi criado um teto para os gastos da campanha. Para governador e senador, o valor varia de acordo com o número de eleitores do estado, entre R$ 2,8 milhões e R$ 21 milhões e R$ 2,5 milhões a R$ 5 milhões, respectivamente. Os candidatos a deputado federal podem gastar até R$ 2,5 milhões e a estadual, R$ 1 milhão.

Para presidente, o limite é de R$ 70 milhões, caindo pela metade do valor no segundo turno. Em 2014, somente as campanhas de Dilma Rousseff e Aécio Neves gastaram, juntas, R$ 800 milhões. Esta nova realidade acirra ainda mais a concorrência entre as empresas que prestam os serviços de divulgação.

Menos material impresso

Se em anos anteriores as indústrias gráficas eram as principais beneficiadas no negócio das campanhas eleitorais, hoje a internet e as redes sociais ocupam um espaço fundamental nas estratégias dos candidatos.

Dono de uma gráfica em Lajeado, Delmar Toepper acredita em um incremento de 15% a 20% no faturamento durante o período, percentual modesto se comparado com campanhas anteriores. “Os próprios candidatos nos falam que estão dividindo o dinheiro entre o santinho, o panfleto e as redes sociais.”

Conforme Toeppler, as eleições estaduais e nacionais representam menos faturamento do que as municipais, devido ao número menor de candidatos na região. Por outro lado, um único candidato representa um volume muito maior de materiais, devido à abrangência estadual da campanha.

Indústrias gráficas preveem crescimento de 15% a 20% de faturamento no período

Indústrias gráficas preveem crescimento de 15% a 20% de faturamento no período

“Raramente uma gráfica do interior consegue serviços das campanhas de governador e presidente”, ressalta. A redução no tempo de campanha, que em 2014 era de 90 dias, também diminui a quantidade de material impresso.

Jornalista e sócia de uma agência de comunicação, Meire Brod acredita que o mercado gráfico está afetado não em função do meio digital, mesmo que esse protagonize a divulgação. “A questão está mais ligada ao percentual de fundo partidário que os candidatos têm direito.”

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Para ela, quem trabalha com material gráfico precisa entender que houve uma redução intensa no aporte para impressos. “As pessoas acham que haverá muito dinheiro investido nas redes sociais, o que não é verdade.”

Especialista em Marketing Político, Max Montiel Severo acredita que a publicidade gráfica continuará sendo a principal forma de contato entre candidatos e eleitores. “A internet toma relativo espaço, pois os materiais tradicionais são de mais fácil acesso.”

Além disso, considera que a entrega do material possibilita uma pessoalidade que não existe no meio virtual. “É a forma como o candidato tem de chegar até as pessoas, mesmo que seja por meio dos cabos eleitorais.”

Para Toepper, independente das mudanças no mercado, as campanhas eleitorais representam um recurso extra importante, ainda mais diante da realidade econômica. Para ele, é um momento em que todos ganham, pois os candidatos conseguem aparecer, os eleitores podem se informar para votar com consciência e a indústria consegue produzir e movimentar a economia.

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Revolução da internet

Diretor de uma agência especializada em mídias digitais, Maico Eckert acredita que esta será a primeira grande campanha focada nas mídias digitais. Lembra que em termos globais esse fenômeno iniciou na primeira campanha de Barak Obama à presidência dos Estados Unidos, e se fortaleceu ainda mais na eleição de Donald Trump, nesse caso, com uso maciço de robôs virtuais.

“Acredito que as mídias sociais serão os principais canais de contato entre os candidatos e o eleitor”, afirma. Segundo ele, o meio digital é um espaço onde partidos e candidatos com menos visibilidade em meios tradicionais como rádio e televisão conseguem se equiparar com os grandes nomes.

“É onde eles podem ter o tempo que quiserem para apresentar propostas e seus pontos de vista”, afirma. Por outro lado, como neste ano os políticos poderão impulsionar suas publicações no Facebook, aumentando a visibilidade, acredita que os candidatos acabarão enfrentando mais comentários negativos dos chamados haters.

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Independente de repercussões positivas ou negativas, considera que o mercado digital voltado para a política cresce exponencialmente e deve permanecer em alta. Segundo ele, estudos indicam que o principal salto das plataformas deve ocorrer a partir de 2020.

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“A próxima eleição presidencial será uma loucura”, acredita. Eckert acredita que a revolução digital é uma excelente oportunidade para as empresas que atuam no segmento politico, diante da grande demanda de serviços e pessoas de uma campanha.

“O politico enquanto marca exigirá muito tempo de trabalho e expertises diversas, e isso tem um custo alto”, aponta. Segundo ele, 2018 é o melhor momento para profissionais e agências se especializarem visando o futuro desse mercado.

Para Meire, os políticos ainda precisam amadurecer muito para compreender o mercado digital. “Tem muto candidato achando que vai fazer o mesmo que fazia quando não existia a campanha digital. Não vai funcionar.”

Segundo ela, é preciso todo um engajamento e uma conversa nas redes sociais para que as postagens tenham um mínimo de valor. “Não é algo estático, mas fluido e orgânico. Não adianta postar por postar, pois as pessoas não estão mais sendo enganadas e isso muda o jogo.”

Mudança de paradigma

Seja no meio virtual ou físico, o período eleitoral também pode representar conflitos éticos entre os candidatos e os responsáveis pela campanha. Conforme Max Severo, um exemplo clássico é o do pagamento para cabos eleitorais, algo proibido por lei, mas que ocorre com a utilização de dinheiro não declarado, conhecido como caixa 2.

“Ao montar um comitê em determinada cidade, o prédio precisa ser cedido, mas sabemos que tem gente que cobra. Tudo é por baixo do pano”, alerta. Segundo ele, essas situações dificultam o trabalho dos profissionais.

“Você fala para o candidato que tem que fazer as coisas direito, quase sempre eles acham um jeito de manter o velho esquema”, afirma. Lembra que antigamente era permitido qualquer tipo de prática, mesmo a contratação de cabos eleitorais profissionais, desde que devidamente declarado.

O músico do grupo Contagem Regressiva, Paulo Jair Liesenfeld, 44, lembra da época em que a campanha representava serviço também para a banda. “Fizemos temporadas inteiras de showmícios. Além disso, fazíamos a sonorização e até a música de alguns candidatos.”

Por outro lado, em alguns casos, a cobrança pelos serviços prestados era muitas vezes motivo de incômodo. Em um dos casos, após tocar em sete comícios, prometeram o pagamento para o dia seguinte ao último show. “O candidato perdeu e, se tivéssemos cobrado depois, não iríamos receber, pois foi o que aconteceu com outras pessoas que trabalharam para ele.”

Para Meire, hoje a campanha está mais séria, o que é positivo. “Antes era uma loucura. Podia tudo e mesmo o que era proibido as pessoas davam um jeito de burlar”, lembra. Segundo ela, na medida em que as redes sociais projetam os candidatos, também projetam a responsabilidade da campanha.

Vale tem pelo menos 19 concorrentes

Prazo para registro de candidaturas para o pleito deste ano acaba nesta quarta. Até lá, número de concorrentes pode passar dos atuais 19. Ao lado, confira os nomes que concorrem pela região e qual o apoio deles para os cargos de governador e presidente.

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Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br

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