Criminosos usam de método sofisticado para ludibriar e convencer os menos atentos
Não é a primeira vez que sou surpreendido por uma ligação de celular não identificada para me passar um calote. Nas outras, sempre desliguei. Mas, desta vez, a ligação tinha procedência (048-9 9112-3893) e o mensageiro se identificou, educadamente, como sendo da Promoção Universo Vivo, que de fato existe e sorteia até R$ 100 mil em prêmios. “Eu era um dos sorteados com R$ 10 mil, além de um smartphone”.
Ao enxergar o prefixo 048 (Santa Catarina), desconfiei. Então questionei o número e a origem. O moço seguiu muito elegante na argumentação. Disse que falava da Central Vivo Região Sul, sediada em Florianópolis. Até me passou um número de protocolo e pediu que entrasse no site da Vivo para verificar a veracidade da promoção. Conferi e, de fato, existe. Por alguns instantes, fiquei em dúvida, e resolvi aprofundar a conversa para saber até onde isso daria.
Foi então que ele ampliou sua esperteza: “Adair, você não precisa e não deve me passar nenhum número de documento, nenhum dado seu. Nada, nada… Não se passa essas coisas por telefone. O sorteio refere-se tão somente ao teu chip Vivo, então, é exclusivo para este número. Não quero saber nada dos teus dados.”
Para deixar a conversa ainda mais empática, me perguntou sobre o serviço da Vivo, se estava bom, se queria ampliar o plano e por aí vai… Tudo muito bem articulado.
A conversa fluía e, por vezes, parecia até fazer sentido. Então, o instinto desconfiado de jornalista resolveu dar mais corda para saber até onde esta tática levaria.
Aceitei seguir os “passos” do golpista e me dirigi até o banco. “Não desligue o telefone, cuide o trânsito, e, quando chegares ao banco, retome a ligação, que estarei em linha”, orientou.
Enquanto isso, avisei um colega para me dar cobertura, pois poderia tratar-se de um assalto planejado.
Ao chegar à agência bancária, próxima do jornal, o criminoso sugeriu que eu tirasse um extrato da minha conta e conferisse o saldo. Simulei o extrato e foi quando ele começou a fazer perguntas técnicas sobre o caixa eletrônico: “Agora me diz seu valor em conta. Em seguida farei a transferência dos R$ 10 mil para você conferir a diferença. Depois, você vai até a loja Vivo ou Magazine Luiza, apresente o extrato e o protocolo que te dei, para eles fazerem contato conosco e confirmar o prêmio do smartphone.”
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E o atrevido insistiu para saber o valor que eu tinha na conta. Inventei uma cifra hipotética de R$ 15 mil. Foi quando percebi sua “sede” e entusiasmo.
E agora vem o GOLPE: “Adair, vamos fazer a transferência neste exato momento. Parabéns, você é um sorteado! Entre novamente na sua conta, e aperte em “transferência”.
Continuei ouvindo a criatura me orientando passo a passo e me fazendo perguntas pontuais sobre o caixa eletrônico. Quando percebeu que eu não tinha feito transferência, mudou o tom de voz e veio a ameaça. “Se tu não fizer a digitação correta, não posso fazer a transferência. Vamos tentar de novo”, insistia, muito solícito.
Foi então que já não aguentei e mandei o “sem vergonha para longe”. Para minha surpresa, o desgraçado se revelou e passou a fazer ameaças físicas. “Vou te meter uma bala na cabeça. Estou bem perto da agência e e te vendo. Vou acabar com a tua raça. Faz logo este depósito”. Devolvi a grossura, a ameaça e desliguei.
Por isso, escrevo aqui, para compartilhar e alertar sobre o sofisticado e articulado golpe que os marginais tentam e conseguem aplicar país afora. Orientem seus familiares, especialmente, as pessoas mais idosas ou propensas a participarem de sorteios. Sem uma boa dose de informação e desconfiança, a enganação pode, facilmente, se efetivar e vitimar qualquer um.
Feito o registro.
Luz sobre os candidatos do Vale
O A Hora abrirá espaço aos candidatos a deputado do Vale do Taquari, com entrevistas e questionamentos sobre as bandeiras que adotarão se eleitos. O modelo de reportagem foi estruturado pela Redação e visa contemplar o eleitor com o pensamento e as propostas dos candidatos, de modo que possa fazer sua melhor escolha.
Atualmente, existem 15 nomes propensos à Assembleia Legislativa e três ao Congresso. A vereadora Mariela Portz ainda é uma incógnita. Pode vir a concorrer ao Senado. Dependerá da coligação em âmbito de estado e país.
Presidenciáveis na Globo News
A sabatina dos candidatos à Presidência mais lembrados nas pesquisas, promovida pela Globo News, ilustra muita diferença. Álvaro Dias (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) me surpreenderam, positivamente. Apesar do ataque sistêmico dos nove jornalistas, Álvaro ele se saiu bem. Tem bagagem e integridade comprovadas. Ciro Gomes é o mais direto e, embora alguns condenem sua contundência, expôs pensamentos estruturados e coerentes. Gostei muito. Marina Silva (Rede) não me acrescentou nada. Geraldo Alckmin (PSDB) já conhecia e repetiu a fórmula articulada costumeira. A vez de Jair Bolsonaro (PSL) foi nessa sexta-feira à noite, mas, em virtude do fechamento desta edição, comentarei sobre ele na próxima semana.
O impacto do centrão no RS
O aglomerado de partidos que o tucano Geraldo Alckmin conseguiu estabelecer em torno de sua candidatura o coloca no jogo. O aceite da senadora Ana Amélia Lemos (PP) para vice corrobora mais um pouco.
E é neste enredo que mudam as cartas do jogo no Rio Grande do Sul. Ana Amélia puxa o assado aos gaúchos e exige atenção especial, e muda a composição ao Piratini. Luis Carlos Heinze (PP) concorrerá ao Senado e, em contrapartida, o PSDB abrirá espaço na TV e ganhará o apoio do PP estadual, já no primeiro turno.
Com isso, o atual governador José Sartori (PMDB) seguirá isolado e pode perder força no interior, com a debandada do PP ao candidato Leite, fortalecido pela chapa Alckmin/Ana Amélia.
Emenda impositiva é politicagem barata
Os vereadores de Lajeado da atual legislatura estavam no prumo. Desde a cautela em relação à construção do novo prédio legislativo à aprovação de projetos importantes, a maioria tem mostrado equilíbrio e coerência.
Entretanto, a insistência nos bastidores em relação às emendas impositivas acaba por macular, novamente, o parlamento de Lajeado.
Não importa quem são os vereadores, mas as emendas impositivas cheiram a politicagem e incoerência. Igual ocorre no Congresso Nacional, onde essas emendas viram moeda de troca, e abrem caminhos para corrupção, sem falar do mal que essas causam no encorajamento de novos líderes para se candidatar no futuro próximo.
A função de um vereador é legislar e fiscalizar o dinheiro do povo. No momento em que eles têm poder executivo para destinar recursos, se repetirá a tragédia nacional dos deputados federais que se elegem com as emendas parlamentares, uma verdadeira corrupção disfarçada de ajuda aos municípios.
Se quisermos uma cidade desenvolvida e com visão político-administrativa adequada, então, temos de nos opor a esse desserviço que alguns vereadores tentam emplacar na câmara de Lajeado.
Não faz sentido, e a sociedade precisa se opor a isso. Afinal, é assim que avança a corrupção e o fisiologismo nos parlamentos. Os lajeadenses não precisam disso, nem os vereadores.