Após o arquivamento da comissão parlamentar processante (CPP) no Legislativo, o presidente da câmara, Juliano Körner (PSDB), se manifestou sobre o caso. Segundo ele, o resultado dos trabalhos de investigação confirma sua inocência. O vereador afirma que sempre acreditou que sua honestidade seria comprovada.
Durante o processo investigativo, Körner optou por não se pronunciar à imprensa acerca das suspeitas em torno de uma conversa grampeada pela Justiça com Alexandre Peters, ex-chefe de gabinete do governo municipal preso desde março pela Operação Schmutzige Hände. Com a apuração encerrada, o parlamentar decidiu romper o silêncio.
“Sempre acreditei que a verdade e a justiça chegariam no momento certo. Em nenhum momento, como vereador, tive ou terei, em plena consciência, a intenção de cometer qualquer ato de desabono ou que reprove minha conduta como parlamentar”, ressalta. Segundo Körner, princípios familiares sempre balizaram o seu comportamento para representar a comunidade de forma honesta.
O vereador também agradece às pessoas que permaneceram ao seu lado durante o período em que foi alvo das investigações. Frisa ainda que continuará “firme e forte”, tendo como maiores desafios o auxílio e a dedicação ao próximo. “O caráter e a honestidade de um homem se medem com sua postura e forma de atuação junto à sociedade que representa”, destaca.
A CPP foi instalada em 12 de abril, depois que a Ouvidoria da câmara aceitou denúncia de populares sobre suposta falta de decoro parlamentar e corrupção passiva por parte do presidente da casa. Conforme o parecer do relator Diego Tenn Pass (PDT), faltaram elementos que comprovassem as irregularidades sugeridas pela denúncia.
Entenda o caso
A conversa interceptada entre Körner e Peters foi mencionada no primeiro despacho judicial que determinou a prisão de quatro pessoas ligadas à administração municipal. Na interpretação da juíza Patrícia Stelmar Netto, o telefonema poderia ser um índicio de que a suposta organização criminosa instaurada no Executivo tivesse “tentáculos” no parlamento.
No diálogo, o presidente do Legislativo e o ex-chefe de gabinete falam sobre a devolução antecipada das sobras orçamentárias da câmara ao Executivo, no valor de R$ 750 mil. A conversa na íntegra foi disponibilizada a todos os vereadores, em caráter sigiloso. Contudo, o áudio vazou nas redes sociais e Körner registrou o fato na polícia.
Entrevista
“Posso ser investigado quantas vezes for preciso”
Juliano Körner foi o vereador mais votado de Teutônia em 2016. A seguir, comenta sobre as investigações em torno de sua conduta como presidente da câmara.
A Hora – Diante do arquivamento das investigações na câmara, o que você tem a dizer à comunidade?
Juliano Körner – Durante esses três meses do trabalho da comissão, eu sempre acreditei que a verdade e a justiça viriam à tona. Eu sempre tive a consciência tranquila que jamais cometi algum erro, ou alguma coisa que pudesse ser reprovada dentro da minha conduta como parlamentar.
Você se sentiu injustiçado?
Körner – Não pela investigação, porque eu acho que toda a pessoa pública não pode ter medo de ser investigada. Pois o cargo é público. Mas o que me deixou bastante chateado foi o vazamento do áudio. Ele foi enviado a cada vereador em caráter sigiloso. Nós recebemos isso numa quarta-feira, e na sexta já estava nas redes sociais. Eu mesmo registrei boletim de ocorrência, porque me senti ofendido. Isso foi o que mais me chateou. Quanto a ser investigado, jamais. Posso ser investigado quantas vezes for preciso. Quem não deve, não teme.
O que você tem a dizer a respeito do conteúdo da conversa?
Körner – Na oitiva da comissão, quando fui interrogado, expliquei cada parte da conversa. De forma geral, trata-se de uma conversa política entre o presidente da câmara e o chefe de gabinete e secretário da Saúde, onde nós falamos em parceria. Há parceria entre Legislativo e Executivo desde que o município existe. Na Constituição, inclusive, consta que os poderes são harmoniosos entre si. Restou comprovado que essa parceria não tinha nenhuma má-fé, mas sim o objetivo de utilizar a sobra de valores da câmara para necessidades básicas do município, como saúde.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br