Preço pago ao produtor alcança patamar de 2016

Vale do Taquari - ânimo à cadeia leiteira

Preço pago ao produtor alcança patamar de 2016

Litro de leite in natura alcança R$ 1,30, mesmo preço antes da crise no setor. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) monitora o preço pago pelo litro de leite no país. De junho até o fim deste mês, houve uma elevação de 5,9% no produto in natura. Apesar da alta e da redução das importações do leite em pó, os agricultores continuam com dificuldades para se manter na atividade devido aos custos de produção

Preço pago ao produtor alcança patamar de 2016
Vale do Taquari

Melhoria no preço do leite in natura e redução das exportações animam os produtores. Conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os agricultores estão recebendo R$ 1,30 pelo produto.

De acordo com o Sindilat, o valor médio pago por litro ao produtor do RS chegou a R$ 1,30. Conforme o sindicato, o frio das últimas semanas de julho contribuiu para um maior consumo do leite no estado, resultando na elevação do valor de referência.

O preço está 5,9% acima do resultado de junho, quando o valor médio pago ao produtor fechou em R$ 1,23. Presidente do Sindilat, Alexandre Guerra afirma que as pastagens de inverno em 2018 estão mais atrasadas do que em 2017, o que reduz a captação por parte das empresa. “A produção não está crescendo tanto quanto se esperava.”

Além disso, as chuvas alagaram áreas de pasto e reduziram a produtividade dos animais. Presidente do STR Teutônia, Liane Brackmann afirma que, apesar do valor mais alto, o preço pago aos produtores não representa uma recuperação das perdas dos anos anteriores.

Segundo ela, nos últimos meses, o custo da produção cresceu graças ao aumento de insumos e combustíveis. “Entre maio e julho, houve uma elevação de 18,5% no preço pago ao produtor. Com os incentivos, alguns produtores estão ganhando quase R$ 1,50, mas nosso custo também está maior.”

Para Liane, o produtor deve manter a cautela diante desse cenário. Segundo ela, mesmo com a redução nas importações de leite em pó, provocada pela alta do dólar, os produtores ainda não estão tendo um aumento real na lucratividade.

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Cenário ideal

Conforme a presidente do STR, os produtores deveriam receber pelo menos R$ 1,50 para que a atividade volte a ter uma rentabilidade interessante. No caso dos consumidores, acredita que o valor cobrado nas gôndolas do supermercado para o litro do UHT Integral não deve ultrapassar os R$ 3.

“Não podemos ter queda no consumo. Sabemos que nos próximos meses as temperaturas aumentam o que já reduz a procura nos mercados”, lembra.

De acordo com a Associação Gaúcha de Supermercados, o preço médio do litro de leite UHT integral passou de R$ 2,19 em fevereiro para R$ 3,27 em julho.

Conforme o Cepea, parte da alta está relacionada à paralisação dos caminhoneiros e à tentativa do setor de recompor os estoques após a greve.

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Aumento do frete

As indústrias de laticínios do RS mostram preocupação com os reflexos que a nova tabela de frete. Conforme o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, a tabela divulgada altera sensivelmente os custos da produção e a distribuição do produto, com elevação que oscila entre 20% e 100% no preço do frete de acordo com a região do estado.

“O setor do leite trabalha exclusivamente com transporte rodoviário e não tem alternativa. Dessa forma, o impacto será mais expressivo no produto”, acredita. O risco, alerta, é que o encarecimento resulte na revisão de algumas rotas de coleta de leite. “A indústria não quer excluir nenhum produtor, mas a elevação do frete pode tornar algumas operações inviáveis tanto no que se refere à captação quanto à comercialização”, alega.

Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br

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