Melhoria no preço do leite in natura e redução das exportações animam os produtores. Conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os agricultores estão recebendo R$ 1,30 pelo produto.
De acordo com o Sindilat, o valor médio pago por litro ao produtor do RS chegou a R$ 1,30. Conforme o sindicato, o frio das últimas semanas de julho contribuiu para um maior consumo do leite no estado, resultando na elevação do valor de referência.
O preço está 5,9% acima do resultado de junho, quando o valor médio pago ao produtor fechou em R$ 1,23. Presidente do Sindilat, Alexandre Guerra afirma que as pastagens de inverno em 2018 estão mais atrasadas do que em 2017, o que reduz a captação por parte das empresa. “A produção não está crescendo tanto quanto se esperava.”
Além disso, as chuvas alagaram áreas de pasto e reduziram a produtividade dos animais. Presidente do STR Teutônia, Liane Brackmann afirma que, apesar do valor mais alto, o preço pago aos produtores não representa uma recuperação das perdas dos anos anteriores.
Segundo ela, nos últimos meses, o custo da produção cresceu graças ao aumento de insumos e combustíveis. “Entre maio e julho, houve uma elevação de 18,5% no preço pago ao produtor. Com os incentivos, alguns produtores estão ganhando quase R$ 1,50, mas nosso custo também está maior.”
Para Liane, o produtor deve manter a cautela diante desse cenário. Segundo ela, mesmo com a redução nas importações de leite em pó, provocada pela alta do dólar, os produtores ainda não estão tendo um aumento real na lucratividade.
Cenário ideal
Conforme a presidente do STR, os produtores deveriam receber pelo menos R$ 1,50 para que a atividade volte a ter uma rentabilidade interessante. No caso dos consumidores, acredita que o valor cobrado nas gôndolas do supermercado para o litro do UHT Integral não deve ultrapassar os R$ 3.
“Não podemos ter queda no consumo. Sabemos que nos próximos meses as temperaturas aumentam o que já reduz a procura nos mercados”, lembra.
De acordo com a Associação Gaúcha de Supermercados, o preço médio do litro de leite UHT integral passou de R$ 2,19 em fevereiro para R$ 3,27 em julho.
Conforme o Cepea, parte da alta está relacionada à paralisação dos caminhoneiros e à tentativa do setor de recompor os estoques após a greve.
Aumento do frete
As indústrias de laticínios do RS mostram preocupação com os reflexos que a nova tabela de frete. Conforme o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, a tabela divulgada altera sensivelmente os custos da produção e a distribuição do produto, com elevação que oscila entre 20% e 100% no preço do frete de acordo com a região do estado.
“O setor do leite trabalha exclusivamente com transporte rodoviário e não tem alternativa. Dessa forma, o impacto será mais expressivo no produto”, acredita. O risco, alerta, é que o encarecimento resulte na revisão de algumas rotas de coleta de leite. “A indústria não quer excluir nenhum produtor, mas a elevação do frete pode tornar algumas operações inviáveis tanto no que se refere à captação quanto à comercialização”, alega.
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br