Natural de Arvorezinha, Ligia Zat, 31, busca espaço no futebol profissional. Hoje ela atua como gerente do Guarani, de Venâncio Aires.
• Como surgiu o futebol na sua vida? Sempre sonhou em trabalhar no esporte?
Desde a infância, sempre gostei muito de futebol. Em 2015, estava desempregada e surgiu uma vaga no Lajeadense de secretária, fui para entrevista e lá fiquei. A partir daí, foi paixão à primeira vista. Pelo clube ter poucos funcionários, desempenhei diversas funções e cada vez mais buscando meu espaço e reconhecimento.
• O que te levou a trabalhar com futebol?
Na época, foi a falta de oportunidades na minha área, mas me identifiquei com a função e fui aos poucos aprimorando meu conhecimento no setor e gostando cada vez mais do que fazia. O Lajeadense se tornou minha segunda casa na época, participava diretamente em todos os setores, sempre buscando conhecimento por meio das pessoas que lá estavam, sempre observava meus superiores e pensava: “Será que um dia serei como eles?”, pelo futebol ser um pouco machista, desacreditava nessa possibilidade, mas meus colegas sempre acreditavam no meu potencial, o que me fez aceitar o desafio de ser gerente.
• O futebol está deixando de ser um esporte machista? Ou não?
Acredito que ainda é um pouco machista e preconceituoso, principalmente pela torcida, mas, por incrível que pareça, tenho muito incentivo dos homens. O que percebo é que existem muitas mulheres machistas também. As pessoas acabam levando para o outro lado. Mas quando o trabalho é bem feito faz a diferença.
• Já sofreu algum preconceito?
Existem muitos olhares tortos que preciso ignorar, mas acredito no meu potencial. Com o passar do tempo, vou mostrar que futebol é coisa de mulher sim e que somos capazes de exercer essa função. Mas sinto que muitos nos respeitam e creio que estamos ganhando nosso espaço.
• Por que tem pouca mulher ocupando cargos importantes em clubes profissionais?
Aos poucos isso vai mudar, a mulher tem uma visão privilegiada e esse é o grande diferencial. Além de sermos criativas, sempre buscamos alternativas nas adversidades e conseguimos superar a limitação financeira, além da relação intimista e pessoal que possuímos, e isso vem sendo comprovado nas grandes empresas e aos poucos isso irá ocorrer no futebol também. Acredito que no futuro as mulheres do futebol serão tratadas com a mesma igualdade que hoje são tratadas as advogadas e médicas.
Ezequiel Neitzke: ezequiel@jornalahora.inf.br