O Brasil se tornou o laboratório do Facebook para implantar o modelo de controle contra a propagação de fake news. Nessa quarta-feira, a rede social fundada por Mark Zuckerberg desativou 196 páginas e 87 contas pela participação em “uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”.
A medida demorou. Antes tarde do que nunca. Ainda que os argumentos da empresa sejam para reduzir o impacto da disseminação dessas notícias falsas no processo eleitoral, a decisão também representa uma resposta do Facebook aos escândalos do vazamento de dados e o uso de informações dos usuários da plataforma por empresas ligadas a candidatos políticos.
A companhia de Zuckerberg inclusive foi responsabilizada por ter interferido nas eleições norte-americanas em 2016. No Brasil, a determinação de excluir perfis ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL) gerou reações, tanto favoráveis quanto contrárias. Inclusive um procurador de Justiça do estado de Goiás cobra explicações da empresa sobre as exclusões.
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Por outro lado, integrantes do MBL chamam de censura o ato do Facebook e argumentam que páginas ligadas a movimentos de esquerda não sofreram as sanções. Indiferente da posição ideológica, é necessário criar barreiras para evitar que a desinformação seja propagada e que interfira na democracia. Seja de direita ou esquerda, se trata de um dever da empresa. Uma responsabilidade que por muito tempo foi ignorada.
A internet é, e sempre deve ser, um ambiente livre. Mas isso não significa uma terra sem lei. O que vale para a convivência nas ruas também precisa ser aplicado nas redes sociais.
Os meios digitais influenciam cada vez mais no debate público. Em meio a essa transferência do embate, o internauta deve estar vigilante e atento. Como o Facebook tem sua parcela de responsabilidade, o usuário também deve rever o comportamento na rede. Analisar a procedência das informações, pois o avanço tecnológico e de comportamento do eleitor nas redes sociais é muito mais veloz do que a capacidade de fiscalização da Justiça.
Editorial
Antes tarde do que nunca
O Brasil se tornou o laboratório do Facebook para implantar o modelo de controle contra a propagação de fake news. Nessa quarta-feira, a rede social fundada por Mark Zuckerberg desativou 196 páginas e 87 contas pela participação em “uma rede…