PC desarticula abate de “gado fantasma”

VALE DO TAQUARI - lavagem de dinheiro

PC desarticula abate de “gado fantasma”

Frigorífico de Santa Clara do Sul foi flagrado em esquema criminoso. Operação Grande Negócio da PC afastou quatro diretores do frigorífico Frigoforte e dois advogados que prestavam serviço à empresa. Eles são acusados de crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro, estelionato e falsificação de documento público

PC desarticula abate de “gado fantasma”
Vale do Taquari

Na manhã de ontem, quatro diretores do frigorífico Frigoforte e dois advogados que prestavam serviço à empresa foram afastados durante a 2ª Fase da Operação Grande Negócio da Polícia Civil. Os agentes apreenderam duas armas e um veículo importado estimado em mais de R$ 150 mil que estava em nome de um frigorífico e era utilizado por um dos investigados.

A ação que investiga crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro, estelionato e falsificação de documento público foi apresentada ontem com a presença do chefe da Polícia Civil do estado, Émerson Wendt, e do secretário estadual de Segurança Pública, Cezar Schirmer.

Sob a investigação do delegado Cristiano Ritta, da Delegacia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) de Bagé, foram cumpridas 18 ordens judiciais de busca e apreensão e quebra de sigilo bancário nas cidades de Lajeado, Santa Clara do Sul e Porto Alegre.

Lavagem de dinheiro

De acordo com Ritta, o frigorífico de Santa Clara do Sul, localizado às margens da ERS-413, foi o principal alvo da operação.

Iniciada em março, a investigação aponta que um dos proprietários do frigorífico usava familiares, um genro e um irmão, para atuar como “laranjas” na administração do esquema ilícito no frigorífico.

“Para lavagem de dinheiro, eles faziam o que chamamos de abate de gado fantasma. Pois eles adquiriam uma nota de venda de animal com um produtor rural que não era pecuarista. Em seguida, o frigorífico emitia uma contranota como se tivesse adquirido e abatido o animal”, conta o delegado.

A partir disso, o grupo conseguia abrir lastro financeiro com as transações para adquirir recursos ilícitos e abastecer um “sócio-oculto”.

A fraude foi descoberta a partir de suspeita da Secretaria de Agricultura do Estado que alertou a Polícia Civil sobre a possibilidade de fraude nos negócios por não encontrarem as guias de transporte de animais.

Envolvidos

Ritta estima que há diversos falsos pecuaristas envolvidos no esquema com o frigorífico de Santa Clara do Sul, que praticava ilicitudes faz pelo menos três anos, embora a Polícia Civil acredite que o esquema já era feito há ainda mais tempo.

O primeiro produtor investigado acumulou mais de R$ 500 mil em negócios ilícitos, conforme levantamento da primeira fase da operação.

“Agora que encontramos novos documentos e mais pessoas ligadas ao esquema, as cifras devem ser bem superiores a essa”, afirma.

Os quatro diretores da empresa afastados estão impedidos judicialmente de interagir nos negócios do Frigoforte, além de oito investigados, que a partir de agora, também estão proibidos de manter contato entre si.

Dois advogados de Lajeado, suspeitos de envolvimento no esquema, estão sendo investigados, pois teriam coagido outras pessoas a continuar participando da organização criminosa.

Frigorífico continua em operação

Por enquanto, o Frigoforte segue em operação, pois, segundo a Polícia Civil, parte da atividade da empresa é regular e não há intenção de prejudicar o funcionamento do negócio nem eventuais desligamentos de trabalhadores da empresa, que operam dentro da lei.

Até o momento, nenhuma prisão foi feita. Quebras de sigilos bancários e telefônicos devem revelar, no decorrer da investigação, novas relações criminosas no frigorífico.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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