O aposentado Hércio Böhmer (o “Prinz”), 69, é figura folclórica no futebol amador em Teutônia. Sua trajetória se confunde com a história do Gaúcho, ao qual se dedica faz quase 50 anos. Foi jogador, cortador de grama, copeiro, tesoureiro e presidente.
• Como começou a paixão pelo futebol amador?
Eu sempre adorei futebol. Comecei a puxar a liderança desde cedo. Isso surgiu com o meu pai, que ia aos jogos, tocava bandoneón, tomava cerveja e animava o pessoal. Eu, como guri, acompanhava o pai no antigo campo do Gaúcho. Eu ainda era meio desligado por causa da idade. Mas foi ali que tudo começou. O futebol é algo muito bonito. Hoje sou um cara bem conhecido ali.
• Qual foi o episódio mais marcante nesta trajetória?
Uma vez nós vencemos um jogo que valia um automóvel, nos pênaltis, por 2 a 1, no início dos anos 2000. Eu estava atuando como mesário, nem pude vibrar. Foi muita emoção, mas eu tive que me segurar. Para mim, o mesário não pode vibrar. E, claro, todos os títulos do clube também foram muito marcantes. O Gaúcho é tricampeão regional.
• O que te motiva a seguir na atividade?
É ter saúde, ter cabeça firme para acompanhar e ver que a coisa está andando. É bom ver que tem mais gente colaborando, porque não é fácil. Vários que entram no campeonato dizem: “Não vai dar, são muitas despesas”. Às vezes, os mais antigos não querem largar, mas a juventude tem que abraçar junto também para que o clube continue futuramente. Senão, vai acabar tudo. Pode escrever: a gurizada tem que participar, senão, a várzea vai terminar.
• Como manter a tradição da várzea?
Temos que ter futebol, temos que ter esporte. Para isso, tem que haver empenho. Quando algo não dá certo, temos que tentar de novo. Há lugares em que a juventude está pegando junto. Isso é muito importante. Precisamos nos empenhar muito. Temos bons campos aqui em Teutônia, mas é difícil. São muitas despesas para os clubes se manterem.
• E como atrair os jovens para participar mais?
Aí que está a questão. Hoje eles têm muitas opções. Não é fácil fazer eles se empenharem mais. As comunidades têm que ajudar mais, pois os clubes representam elas. É necessário mais incentivo por parte dos governos também. As entidades têm que fazer reuniões e conversar sobre o que está faltando para que os jovens tenham mais liderança.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br