Moradora de um prédio vizinho à delegacia desde 2015, a aposentada Lúcia Breitenbach, 67, ajuda a alimentar os patos da lagoa do Parque Professor Theobaldo Dick. Ela também adotou o canteiro da DP.
• Como começou essa rotina de alimentar os patos?
Comecei a vir no parque e vi que tinha um senhor que dava milho para os patos. Conversei com ele e ele disse que vinha só de vez um quando. Eu disse para ele que também ia começar a trazer. Falei com uma amiga e combinamos que ela alimentaria de manhã e eu, de tarde. Trago pão, milho e “verde”, que são as folhas de couve e de beterraba que o pessoal deixa nas fruteiras. Quando tem filhote, compro milho moído, além de ração de peixe.
• A senhora batizou eles?
Só a Pepa, que é a mais antiga, uma bem branquinha. Esses tempos, ela deu um monte de filhotes, acho que uns 13. No início, a gente ficou com medo de dar nome, porque demos o nome de Brilhante para uma outra, e ela não está mais aqui. Daí a gente ficou com medo de que ela também sumisse, e a gente fica triste; é uma pena. Tinha um casal branco também, mas parece que um cachorro matou, então, a Pepa que começou a procriar.
• Sempre teve afeição aos animais?
Sim. Gosto muito de bichinhos. Eu tinha uma chácara em Forquetinha e tinha patos, mas tive que me desfazer. Tenho um casal de gatos: o Lilico e a Divas. A Divas é muito delicadinha, e o Lilico é mais rebelde, mas pede muito cafuné. De vez em quando, fico meio irritada, de ficar muito tempo sozinha, e chego aqui e os patos vêm perto; isso é bom. E a água dá sossego. Às vezes, eles me cercam. Um dia, foram me seguindo por todo o contorno do lago. Fiquei com medo que eles fossem para a rua, mas quando chegou na outra margem pararam. Eu disse “Graças a Deus”.
• O canteiro da delegacia também é coisa sua?
Quando eu vim morar no apartamento, eu via aquele inço, aquela macega… A mãe de um inspetor que vinha me visitar sempre ficava olhando lá para baixo. Um dia, pedi se ela achava que aquele canteiro ia mudar, e ela disse que não. Daí, depois que ela morreu, pedi permissão e eles deixaram eu arrumar. O delegado ainda me deu os parabéns pela iniciativa. Capinei bastante, mas foi uma terapia. Comecei a testar o que dava, e percebi que chás dão certo ali. Também pintei uma bicicleta velha e coloquei ali na frente, de enfeite. Gosto de fazer essas coisas. Sou toda do bem.
Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br