Peças no tabuleiro

Editorial

Peças no tabuleiro

O momento político nacional comprova o distanciamento entre a opinião pública e os agentes públicos. Essa condição será posta à prova nas eleições gerais de outubro. Talvez nunca se tenha visto uma disputa presidencial tão indefinida quanto a atual. Fruto…

O momento político nacional comprova o distanciamento entre a opinião pública e os agentes públicos. Essa condição será posta à prova nas eleições gerais de outubro.
Talvez nunca se tenha visto uma disputa presidencial tão indefinida quanto a atual. Fruto do desgaste dos líderes políticos e da desagregação partidária, essa turbulência democrática parece ter pré-candidatos com perfis diversos. De um lado, a extrema direita. No outro, a extrema esquerda.
Ambos desajustados na busca por apoiadores. Enquanto isso, o centrão, cheio de siglas conhecidas por terem políticos suspeitos de estarem envolvidos com escândalos de corrupção, faz o que mais sabe. Arranja parcerias para garantir mais tempo de televisão à campanha.
As legendas DEM, PP, PR, Solidariedade e PRB apontam para o apoio ao pré-candidato tucano, Geraldo Alckmin. Abandonaram as hipóteses de reforçar a equipe de Ciro Gomes (PDT) ou de Jair Bolsonaro (PSL).
Ao que tudo indica, fazem uma opção por um nome que lhes pareça mais confiável, apesar de aparecer na tabela de baixo nas pesquisas.
[bloco 1]
Pelo desenho pré-campanha, há um paralelo entre os arranjos atuais com a coligação que levou Fernando Henrique Cardoso ao Planalto. Essa similaridade se explica pela afinidade das opiniões partidárias sobre ideias liberais e reformistas.
Para o PSDB, o acordo é o melhor dos cenários possíveis para Alckmin. Garante mais tempo de propaganda e capilaridade em diferentes estados e regiões.
O preço para essa coligação começa com a campanha. O tucano não é uma figura política renovadora. Também não pode se apresentar como um agente para romper com a fisiologia da política. O ex-governador paulista não tem essa imagem. Pelo contrário, possui uma história enraizada com diversos políticos de carreira.
Algo que tanto o pré-candidato do PSDB quanto os demais postulantes à presidência têm em comum é o desafio que acompanha toda a classe política nacional: conseguir apoio para governar sem precisar lotear cargos e comprar votos com as emendas parlamentares. De fato, antes das peças serem postas no tabuleiro, o balcão está aberto para os negócios.

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