Em meio a rotinas agitadas, muitas pessoas sentem um certo vazio. A busca por um preenchimento que possa trazer satisfação, um contentamento diante da dureza de viver, do estresse, competição, violência e frustrações do cotidiano pode ser tornar exaustiva se a procura pela sensação de plenitude se der em fatores exteriores ao próprio ser.
Para o terapeuta holístico e orientador de meditação e autoconhecimento, Eduardo Finkler, 35, para a maioria das pessoas a vida é sempre uma busca pela sensação de plenitude, felicidade e dever cumprido. “Vivemos buscando alguma coisa e, mesmo mediante as conquistas, a maioria de nós ainda sente uma profunda falta no seu interior, só não sabe de quê”, analisa.
Criação externalista
Conforme Finkler, a educação da maioria das pessoas ainda é voltada para a ideia de que a conquista da plenitude só se dá por meio de elementos que valorizam a aprovação social e o atingir as expectativas dos outros. “Toda nossa educação é voltada para o tornar-se, para a busca da felicidade no tempo, no amanhã, nos objetos de desejo. Seja ela através de relacionamentos, ou pela profissão exercida, através do prestígio ou da conta bancária, estamos de fato condicionados a viver para ter, conquistar, manter e proteger”, alerta.
Essa forma de viver acaba sendo repleta de conflitos, acumulação de mágoas, desgastes e sofrimentos. É nesse ponto que o vazio existencial se instala nas vidas das pessoas. “A angústia de uma vida sem real propósito atravessa nosso ser, reproduzindo-se em profundas tristezas e depressões, que algumas vezes não parecem ter uma causa óbvia, mas que, no entanto, também não parecem ter fim”, diz.
Para ele, observar tal sentimento de desconexão, de vazio e depressão, levará à conclusão de que são fruto da carência e do abandono de si mesmo, mas que também são um chamado ao resgate da essência da sua própria vida e ao amor próprio. “Logo, de uma falta nasce a necessidade, e toda necessidade faz com que surja essa vontade de querer saber quem somos e por que estamos aqui”, explica.
Não viva para os outros
Na opinião de Finkler, buscar a felicidade naquilo que é impermanente pode ser desastroso para o equilíbrio pessoal. “Seu companheiro pode lhe deixar, a empresa em que você trabalha pode falir, o dinheiro pode acabar, a fama ou sucesso podem desmoronar da noite para o dia. Não há como prever o que pode acontecer, mas o certo é que você sempre está lá, diante de cada experiência, pois você é a parte mais importante”, afirma.
Assim somente o indivíduo pode fazer dos acontecimentos um momento de perdão, gratidão e celebração, em que a vida não é vista como um fardo, mas um momento único a ser vivido com todo coração. “Veja bem, é você quem dá sentido a tudo, e isso só acontece se for feliz com sua própria presença, pois a infelicidade não dá sentido para a vida. Você não pode dar aquilo que não tem, e não poderá fazer ninguém feliz, a menos que esteja absolutamente feliz com sua própria solidão”, conclui.
O amor é a única força que faz com que uma pessoa se torne um ser humano. “Somos a única raça que necessita de amor como o corpo necessita de alimento”, raciocina. Para Finkler, amar a si mesmo é o único caminho para se abrir a possibilidade de amor verdadeiro por outras pessoas, sem julgamentos e projeções pessoais.