Mais nutritiva e menos calórica

Negócios

Mais nutritiva e menos calórica

Produtores buscam divulgar os benefícios da carne e derivados para elevar a rentabilidade e ampliar o plantel. Desafio é agregar valor, eliminar atravessadores, organizar a logística e garantir oferta constante no mercado  

Mais nutritiva e menos calórica
Vale do Taquari

Se pensar em comer carne de búfalo parece exótico demais, está na hora de mudar de ideia. Mais saudável, ela tem 40% menos colesterol, 12 vezes menos gordura, 55% menos calorias, 11% mais proteínas e 10% mais minerais do que a bovina, de acordo com a Associação Sulina de Criadores de Búfalos (Ascribu).

Com a busca cada vez maior por alimentos saudáveis, o casal Bernhard Rudolf Schroers e Vanessa Hirt, de Venâncio Aires, decidiu agregar valor à matéria-prima produzida na fazenda da família desde 1970.

Em Lajeado, abriram um açougue com bistrô para degustação e venda direta de derivados do búfalo. Os animais são criados no sistema de pastoreiro voisin. “Recebem apenas pasto. Não tratamos ração. Usamos sal mineral livre de aditivos químicos e proteínados. Se não tenho coragem de colocar na mesa para meu filho comer, não produzo e nem vendo”, diz.

O manejo de rotação das pastagens interrompe os ciclos das verminoses e reduz a aplicação de medicamentos, tornando a carne ainda mais saudável. Por ano são abatidos até 300 animais, com idade média de 18 meses. Por hectare, o rendimento de carne chega a 840 quilos, com trato feito somente a pasto. “Comparado com o bovino, a taxa de conversão é 30% superior, devido à flora ruminal que faz um melhor aproveitamento da celulose e hemicelulose do pasto”, explica.

Schroers e Vanessa abriram um açougue e bistrô com oferta de carne de búfalo e derivados

Schroers e Vanessa abriram um açougue e bistrô com oferta de carne de búfalo e derivados

Divulgação dos benefícios

Entre os desafios para elevar o consumo da carne e derivados, Schroers aposta na divulgação dos benefícios. “Tem menos gordura, calorias  e colesterol. Como é produzida a pasto, tem mais proteínas, minerais e ômega 3 e 6”, ensina.

Outro meta é eliminar os intermediários, os quais compram a carne por um preço menor e vendem com margem de lucro acima dos 50%, o que muitas vezes torna o acesso restrito. “Isso prejudica toda cadeia produtiva. Sem falar que muitos açougues vendem a carne como se fosse bovina”, lamenta.

No açougue, o quilo varia de R$ 12,90 a R$ 47,90, dependendo do corte. A oferta passa de 50 opções, desde os cortes tradicionais para as donas de casa aos especiais para grelha.

Os produtos são embalados a vácuo e seguem rigoroso processo de fiscalização sanitário e de qualidade, ou vendidos direto no balcão conforme o cliente desejar. “Ter a carne e derivados de forma constante, com garantia de procedência e de qualidade, desde o campo à mesa do consumidor, ajuda a estimular o consumo”, opina.

Negócio atraente

De acordo com o vice-presidente da Ascribu, João Gaspar de Almeida, no RS, existem em torno de 800 criadores, cujo rebanho chega a 80 mil animais. Para ele, a oferta regular e a divulgação das vantagens de consumir a carne e derivados como leite e queijo são os principais desafios para fortalecer o setor. “É uma carne muito saudável, mas muitos desconhecem suas características. Precisamos divulgar essas qualidades”, orienta.

[bloco 1]

Na carne, Almeida entende ser necessário organizar a logística de entrega para abate com padrão de idade e acabamento. No estado, muitos rebanhos são pequenos e têm poucos animais. “Na cadeia do bovino, existe a figura do invernador, que agrega os lotes pequenos e consegue melhor  logística e maior uniformização ao acabamento. Como o búfalo é naturalmente muito precoce, muitos produtores fazem ciclo completo, mesmo tendo rebanhos pequenos e isso precisa ser modificado”, avalia.

No leite, vê um mercado promissor com a produção de queijos finos, mas para isso é preciso elevar a oferta, com qualidade. Destaca o trabalho da Cooperbufálo, uma associação que atua na organização e venda dos produtos de forma coletiva, em parceria com produtores e frigoríficos.

búfalo 1

No prato

Gilberto Schabbach, veio de Santa Cruz do Sul para comprar a carne em Lajeado. Item frequente nos churrascos e no cardápio do dia a dia da família, destaca as vantagens. “É uma carne leve, magra, com poucas calorias, colesterol e rica em proteínas. Muito saudável”, afirma.

Para conquistar novos apreciadores, entende ser necessários criar novos pontos de venda e manter a oferta constante.

Fique atento

A diferença entre as duas carnes está na cor: quando crua, a de búfalo tem o tom de vermelho mais escuro que a de boi, e a gordura é mais branca, enquanto a bovina é mais amarelada.

 

Acompanhe
nossas
redes sociais