Turma de 68 celebra meio século de formatura

Lajeado - AMIZADE QUE PERDURA

Turma de 68 celebra meio século de formatura

Professoras formadas no Madre Bárbara se encontram no Dia do Amigo faz 30 anos

Turma de 68 celebra meio século de formatura
Lajeado

Gritos de alegria e o falatório emocionado de um grupo com cerca de 20 mulheres na casa dos 70 anos romperam o habitual silêncio da Igreja Matriz. Eram algumas das primeiras professoras formadas pelo curso de magistério do Colégio Madre Bárbara que, na manhã dessa sexta-feira, se reuniram para receber a bênção pelos 50 anos de formatura.

Vestida com um hábito típico da época, a aposentada Lilia Natália Ruwer, 68, divertiu as amigas, que se conhecem desde a educação básica, ao relembrar as vestimentas das irmãs que dirigiam a escola na época. A funcionária mais citada pelas ex-alunas é a irmã Bernadina, que vigiava o portão para que as meninas não escapassem no recreio. A alegria das garotas era “enforcar aula” para comprar balas na antiga rodoviária ou no armazém Weiler.

Nos corredores da escola, quando as freiras não estavam olhando, as alunas iam de um andar a outro escorregando pelos corrimãos. Também gostavam de fazer o ‘jogo do copo’ nos corredores, invocando espíritos que pudessem revelar com quem e quando elas se casariam.

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(SEM LEGENDA)

Entre todas as curiosidades que surgem na adolescência, a que mais instigava aquele grupo se referia aos cabelos das freiras. “Elas cobriam tudo, só mostravam o rosto. Quando a gente via uma fiapo de cabelo de alguma, era uma festa”, comentam.

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Como a escola admitia apenas meninas, o professor de Educação Física, o Poletto, abalava o coração das mocinhas. “O uniforme de esportes ia até o joelho, mas assim que a freira saía a gente subia o calção”, lembra Lilia Ruwer.

Mas o flerte de verdade acontecia quando as gurias aproveitavam a ausência das superioras para espiar por uma janela que dava para o restaurante Caixeiral. Era lá que os meninos ficavam esperando para trocar olhares. “Viravam tanto o pescoço que quase tinham torcicolo”, completa.

Roseli Heller Veloso, 69, também lembra dos momentos de aventura para ver os meninos que estudavam no antigo Colégio São José, onde hoje fica a Escola Estadual Castelo Branco. “Eles ficavam sentados no muro de uma casa ali perto assobiando, e a gente já sabia quem estava ali”, conta Roseli.

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Além de recordações, aqueles olhares renderam casamentos que duram até hoje.

Visita à escola

Após a missa, as amigas visitaram o Colégio Madre Bárbara. Ao passar pelos corredores enfeitados pelas crianças da escola, elas foram lembrando dos momentos eternizados por ali.

Quando passaram pela entrada que costumava ser o posto da irmã Bernardina, Lea Craide Verinzuck, 69, e Inglah Terra, 69, recordaram do episódio em que, ao lado de outras amigas, fugiram do colégio para comprar merenda na Padaria Mil Folhas. Elas geralmente conseguiam voltar sem que a religiosa as dedurasse.

Mas a sorte que sempre esteve a favor das traquinas não as ajudou naquela ocasião. Lea conta que, quando estavam voltando para as salas, foram flagradas e impedidas de entrar no colégio. O castigo foi uma suspensão de três dias.

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“Imagina contar isso para as nossas mães? Nós íamos para a praça no horário das aulas e só voltávamos quando já havia acabado. Nossos pais só souberam disso muitos anos depois”, relembra Lea.

Foi nesse episódio que a irmã Bernardina ganhou um apelido que fazia jus ao seu tamanho e à fama de brava. E desse apelido surgiu uma música cujo refrão, mesmo passado mais de meio século, ainda é lembrado pelas ex-alunas nos encontros anuais. “A Bernardão pegou três alunas no portão”.

Orgulho

Moradora do bairro Alto do Parque, Mara Suzana Reali, 68, acompanhou o auge e a queda da profissão. Lembra que há meio século o magistério era um curso respeitado, ao qual poucas tinham acesso.

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Depois de formada, Mara lecionou por mais de 40 anos. Passou pelo Castelinho, pelo Santo Antônio e até pelo curso de magistério do Madre Bárbara. “Mesmo na situação precária que vivemos, eu digo com orgulho que sou professora.”

Ministrante da bênção ao grupo de professoras, o padre Antônio Puhl considera o profissional do ensino uma figura fundamental na educação dos jovens para a vida. “O professor é um protagonista do bem.”

Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br | Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br

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