Propina disfarçada de comissão divide arquitetos e urbanistas

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Propina disfarçada de comissão divide arquitetos e urbanistas

O pagamento de um tipo de comissão gera polêmica na construção civil e nas áreas de arquitetura e design de interiores. Lojistas e fornecedores pagam “Reserva Técnica (RT)” para profissionais desses ramos pela indicação de projetos. Entretanto, a prática é considerada ilegal e antiética.
Caso recente e conhecido é o da arquiteta e urbanista Ana Lúcia Jucá (foto) que, em depoimento à Polícia Federal, admitiu ter recebido comissões de lojas por obras realizadas em endereços ligados ao ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), Jerônimo de Moraes, anunciou abrir processo contra a arquiteta e diz que esse tipo de remuneração é proibido porque corresponde à propina.
ana-lucia-juca-7102
Em Lajeado e região, o tema divide opiniões. Existem lojas que não pagam e, por isso, acabam preteridas por aquelas que cedem à irregularidade. Os contrários ao pagamento assumem posição, mas quem paga “por fora” prefere não se expor.
Há poucos dias, o assunto foi tema de painel durante a Jornada Técnica e de Inovação promovida pela Seavat/A Hora. Inclusive, o Crea e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) enfatizaram posição contrária à cobrança. Os dois entendem que o consumidor é enganado quando isso ocorre, seja pelo profissional ou pela loja, ainda mais quando o cliente não sabe da prática.
A proibição de cobrança vigora desde 2013. As punições podem acarretar até perda do registro profissional, como está sujeita a arquiteta carioca.
Para o CAU/BR, a norma proibitiva “é um instrumento de recuperação e valorização da profissão”. Com o fim da comissão, o consumidor passa a enxergar o profissional arquiteto como aliado para garantir qualidade técnica e melhor preço. Faz mais sentido para o cliente remunerar o profissional pelo serviço de apoio, desde a concepção do projeto até a execução da obra. Aliás, a responsabilidade é complexa e, por esse motivo, o profissional deve cobrar o valor justo e adequado.
[bloco 1]
Outra indicação do Código de Ética e Disciplina que pretende melhorar as relações entre arquitetos e clientes é justamente a obrigatoriedade do profissional de condicionar seus serviços à apresentação de proposta técnica que inclua, com detalhes, os produtos oferecidos, etapas, prazos e a remuneração requerida. Recomenda-se ainda que os profissionais calculem suas propostas tomando como referência as tabelas indicativas de honorários aprovadas pelo CAU/BR.
O grande problema, hoje, está na concorrência desleal entre os próprios arquitetos. Alguns cobram abaixo do adequado, já prevendo a compensação por meio de propina junto aos fornecedores. Nessa prática, o arquiteto correto deixa de ser competitivo, em alguns casos.
Nos bastidores, os lojistas, mesmo os que pagam a chamada RT, admitem que a prática é ilegal e prejudica a categoria e o consumidor.
O CAU insiste e tenta sensibilizar os profissionais a terminarem com a prática ilegal. Quanto mais esclarecido for o consumidor, mais fácil será eliminar a propina e melhor remunerado será o profissional pelo trabalho efetivamente contratado. É um tema para amadurecer!


Inovação não tem idade

Pensar que inovação é apenas para gente jovem é um completo equívoco. Em qualquer negócio, o conhecimento e a experiência dos erros passados reforçam lições ao futuro. Uma mostra é o terceiro maior acionista do Carrefour, Abílio Diniz, 81 anos, que deixa o cargo, mas não vai parar. “O que faremos é arrumar outros brinquedinhos para investir”, anuncia.


Soa coerente

A Câmara de Vereadores de Lajeado aprovou, por absoluta maioria, o projeto que possibilita ampliar 36 vagas de estacionamento no prédio 300, que a Lyall Construtora edifica na avenida Piraí, no São Cristóvão. Na verdade, toda a avenida permite tal edificação, exceto a esquina onde estará o 300, por conta de uma rua transversal. A decisão dos vereadores me soa coerente quando cotejada com a reclamação da falta de vagas no centro. Mas o Executivo estuda vetar a matéria.


03_AHORA

Ele quer tudo novo

Douglas Sandri, 27, ex-secretário do Desenvolvimento Econômico de Lajeado, é o primeiro candidato confirmado em convenção partidária do Vale do Taquari. O NOVO definiu seu nome para concorrer a deputado estadual, ontem, em Porto Alegre. Autor da lei Simplifica Lajeado, Sandri ganhou notoriedade entre os contadores e empresários ao possibilitar a emissão de alvarás de funcionamento em apenas 24 horas.
Sandri estruturou a campanha em quatro eixos: simplificação, desburocratização, reforma do estado e segurança pública. Defende a livre iniciativa para gerar renda, o fim dos privilégios corporativos e a renovação total do quadro político no país.
Dia 24, às 19h, na sede da Atlética da Prefeitura de Lajeado, Sandri promove jantar por adesão.


No alvo

André Cruz foi cirúrgico na sua abordagem, durante o Workshop Negócios em Pauta, na quarta-feira. “Chega de achismos, é preciso comprovar os resultados”, disse o publicitário da ACDI Neurobranding, de São Paulo.
Também chamou a atenção para as visões extremas ou discursos absolutistas de que uma ferramenta sozinha resolve tudo. As marcas devem perguntar aos seus clientes e público interno. Verdade, relevância e entrega são os pilares para a comunicação da marca ser assertiva.
Cruz também mostrou como ações simples podem ampliar os resultados. Citou a Girando Sol, empresa que assessora faz um ano. “Fizemos todos conversar, uns com os outros. Tudo está integrado e a comunicação chega onde precisa”, salientou.
Outro aspecto fundamental: não importa mais o nome que se usa para definir as ferramentas, estilos e plataformas. O que vale é o conteúdo da mensagem, o compromisso com a ética, a verdade e a transparência. A propaganda por si só não convence. É preciso entregar valor ao cliente e tocar a emoção das pessoas.
Na mesma linha, vem a revista CENP do mês de julho. Duas matérias especiais, uma sobre branded content e a outra sobre a saga da esquizofrenia digital. A primeira sugere que o protagonismo deve ser o conteúdo. A segunda reflete sobre a extensão e a profundidade das mudanças que se tornam cada dia mais desafiadoras no ambiente digital. E é nesse quesito que reside a chave: assegurar transparência nos dados, credibilidade nas informações e, principalmente, manter um diálogo saudável entre todos os que desejam atuar com as ferramentas das melhores práticas comerciais.
É preciso cuidado com os falsos milagres na era digital. Experiências ruins e frustradas acabam por estragar o mercado e desacreditam boas ideias de profissionais e modelos vencedores.

Acompanhe
nossas
redes sociais