“Ficamos conhecidos pelo mundo inteiro”

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“Ficamos conhecidos pelo mundo inteiro”

Morador do Santo André, João Pedro Eckert lapida pedras desde 1973 e relembra épocas em que o setor era pujante em Lajeado. Acredita ser o último profissional a manter viva a atividade no município. • Como iniciou na profissão de…

“Ficamos conhecidos pelo mundo inteiro”

Morador do Santo André, João Pedro Eckert lapida pedras desde 1973 e relembra épocas em que o setor era pujante em Lajeado. Acredita ser o último profissional a manter viva a atividade no município.
• Como iniciou na profissão de lapidador de pedras?
Eu engordava porcos em uma empresa de Arroio Grande, interior de Venâncio Aires. Na Páscoa de 1973, fui visitar minha mãe no São Cristóvão. Meu irmão trabalhava com pedras na empresa do Manfred Walter Klein e ele me convidou para trabalhar junto.
• Foi muito difícil aprender a tarefa?
Quando cheguei na empresa, o patrão me deu um monte de pedras e disse que eu poderia ir treinando, tirando o branco das pedras e deixando o mais cristalizado. De noite, eu disse para minha mãe Selita Terezinha Lermen: ‘eu vou correr, vou voltar na criação de porco’. Meus dedos estavam todos cortados por causa das pedras. Não saía mais sangue, era só água. Daí minha mãe disse que devagar eu ia me acostumando. Então eu teimei, nunca corri do serviço e não seria naquele momento que iria correr.
• Você trabalhou em outros lugares?
A maior parte da minha carreira foi na Exportadora de Pedras Olmiro Jachetti. Lá era maravilhoso. Eles faziam exportação para Alemanha, Japão e tudo que era lado. Os fregueses vinham aqui e tiravam fotos da gente martelando as pedras. Ficamos conhecidos pelo mundo inteiro. Trabalhei nessa empresa até 1988. Nos últimos 20 anos, estou trabalhando com o Volmir Prass, de Marques de Souza.
• Por que esse setor de pedras preciosas, tão pujante no passado, acabou enfraquecendo na região?
Porque entrou muita mercadoria de fora. Muita pedra da Bahia e Minas Gerais, pedra muito mais bonita que a nossa. Daí a nossa pedra começou a perder o valor e as pessoas pararam de investir na atividade. Acho que sou o único que ainda trabalha com isso.
• Hoje é rentável ser lapidador de pedras?
Não é mais vantagem. A pedra é muito barata. Hoje, eu ganho R$ 80 o quilo de pedra e dá para fazer uns 400 a 500 gramas por dia. Estou aposentado, então, eu me contento com esse dinheiro.
• O que te motiva a continuar lapidando pedras?
Eu trabalhei desde os 7 anos. Como trabalhei desde guri, eu gosto do serviço e gosto de lapidar as pedras. Mas está chegando num ponto em que o meu corpo vai me obrigando a parar.

Fábio Alex Kuhn: fabiokuhn@jornalahora.inf.br

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