Malditos privilégios!

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Malditos privilégios!

O excesso de privilégios corrompe, alucina, desvirtua e destrói a nação. Todo privilégio tem seu custo. Seja a meia-entrada do cinema para estudantes, ou o auxílio-moradia dos deputados. Alguém sempre paga a conta e, geralmente, esse alguém não faz parte do grupo de privilegiados. E, para aliviar a raiva diante de tantos erros, eu volto a sonhar com a Suécia…
Enquanto no Brasil, um dos campeões mundiais de privilégios, cresce no Congresso uma articulação para elevar os salários dos deputados e senadores para a próxima legislatura, além de garantir mais benefícios para magistrados e seus filhos, países do leste europeu dão mais e mais exemplos de como respeitar o suado dinheiro retirado à força do contribuinte.
E isso deixa qualquer brasileiro decente fulo da vida. Afinal, boa parte da nossa desgraça social é fruto do poder gerado por meio desses privilégios. Desses malditos privilégios.
Ontem mesmo, logo cedo da manhã, “apitou” o meu Whatsapp. Como de praxe na vida de um jornalista de rua, meu celular acaba se transformando em um anzol para os mais diversos problemas enfrentados pelos cidadãos pagadores de impostos que, diante da inércia do poder público responsável, apelam à imprensa para alcançarem melhores serviços.
Desta vez, a queixa era relacionada à saúde pública. Na íntegra, chegou assim: “Cara, faz uma matéria sobre a emergência do hospital, sem leito. Estamos passando por isso agora, com meu pai. Foi uma briga para conseguir internar ele por meio do SUS.” O “pai” em questão tem mais de 70 anos.
Seria fácil apenas criticar o hospital. Mas seria injusto. Nossa referência em saúde é outra vítima do descaso de quem se empanturra de privilégios e deixa o povo esmolar por atendimento médico. O HBB, segundo as últimas informações, tem muito a receber da União. E quem não recebe em dia, acaba falhando em algum aspecto.
E não há luz no fim do túnel. Enquanto senhores de 70 anos esmolam por um leito de hospital do SUS, os nossos debochados parlamentares articulam, às escuras, um aumento de R$ 4,3 mil nos próprios salários e, de quebra, planejam mais um agrado aos ministros do STF, com a possibilidade do mesmo reajuste, legalizando assim o teto constitucional já extrapolado.
É um escracho, repito. Hoje cada deputado federal já recebe salário de R$ 33,7 mil, mais auxílio-moradia de R$ 4,2 mil ou grandes apartamentos para morar; verba de R$ 101,9 mil para contratar até 25 funcionários; de R$ 30,7 mil a R$ 45,6 mil em média por mês para gastar com diárias, aluguel de veículo e escritório, divulgação do mandato, entre outras despesas.
Além disso, cada um dos 513 deputados tem direito a dois salários no primeiro e no último mês da legislatura como ajuda de custo, e ressarcimento de gastos com médicos. Com isso, cada um deles custa R$ 2,14 milhões por ano. Somados, os 513 integrantes da Câmara Federal já nos custam R$ 91,8 milhões todo mês, ou R$ 1,1 bilhão por ano. É muito poder. É muito atrativo.
E pensar que num reino nem tão distante, chamado Suécia, privilégios não são atrativos para que alguém vire político ou magistrado. Juízes vão trabalhar de bicicleta. Deputados vivem em imóveis com, no máximo, 50 metros quadrados. E a diária para quem decide viajar para visitar suas bases só dá para comprar uma pizza e um refrigerante.


Lobby ou simplesmente política?

A mudança na lei do estacionamento no subsolo de edificações da av. Piraí, em Lajeado, virou polêmica. O vereador Adi Cerutti (PSD) falou em um possível lobby praticado por empresários interessados na proposta. No entanto, é preciso separar o joio do trigo. Tratar todo empreendedor que luta por mudanças na legislação como um criminoso não é saudável ao desenvolvimento da cidade. Afinal, fazer política também está no DNA do empresário.


O Judiciário que se cuide!

A transparência é avassaladora contra os privilégios, as hierarquias e as falcatruas de qualquer poder. Finalmente, e embora ainda limitado, esse mecanismo chegou ao Judiciário brasileiro, campeão mundial dos penduricalhos. A transparência é a principal arma contra o devaneio com o dinheiro do contribuinte. O Judiciário – para desespero de muitos devotos de juízes, promotores, desembargadores e afins – que se cuide!


Tiro curto

– O governo de Lajeado não faria mal algum se gastasse alguns tostões para melhorar a iluminação das vias públicas no entorno da rodoviária. De quebra, poderia implantar vagas de estacionamento rotativo. Gratuito, até. Já garantiria um melhor fluxo para os usuários;
– Em Estrela, dificilmente Paulo Finck (PP) será candidato a prefeito. Pedro Barth (PP) tem mais aceitação dentro do partido. E os líderes progressistas também descartam Cristiano Nogueira da Rosa (MDB) como vice. Talvez, Marco Wermann (PV);
– Também em Estrela, cidadãos iniciaram a criação do Observatório Social;
– Na próxima terça-feira será lançado o Circuito Cultural em Lajeado;
– A 1ª Feira Gastronômica Sabores de Arroio do Meio será realizada neste domingo, das 10h às 17h, na Rua de Eventos;
– Em Estrela, Claudiomiro Silva (PMN) está confirmado como pré-candidato a deputado estadual. Já a delegada Márcia Scherer (MDB), que em 2016 buscou a prefeitura de Lajeado, deve concorrer a uma vaga na Câmara Federal;
– Na sessão da câmara de Lajeado, Adi Cerutti (PSD) deixou algumas questões no ar. “Cuida com a obra das garagens”, disse ao colega Sérgio Kniphoff (PT). A conversa inicial era sobre as obras de reforma dos belvederes do Rio Taquari, pagas por empresas privadas mediante compensação ambiental, entre 2015 e 2016. Aguardamos as cenas dos próximos capítulos…

Boa quinta-feira a todos!

“É um grande privilégio viver uma vida difícil.”
Indira Gandhi

 

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