Saudades da Globo

Opinião

Saudades da Globo

Mamães, primas, irmãs e titias passaram a usar pedras circundadas de bijuterias na testa e nas mãos. Diziam coisas como “Você vai arder no mármore do inferno”” e “Inshalá”. Algumas mais ousadas encararam, inclusive, algumas aulas dança do ventre.
Jade, da novela O Clone, era tudo que a maioria delas queria ser.
Viagens com destino a Marrocos dispararam em vendas e tornaram o país um dos mais visitados pelos brasileiros naquelas quimeras.
Na TV Globinho, nós, a pré-geração Y, queríamos ser Power Rangers ou algum personagem qualquer de Dragon Ball.
À tarde, íamos à escola, enquanto algum familiar cuidava de nossos tamagoshis enquanto assistia Vamp no Vale a Pena Ver de Novo.
No luscofusco, enquanto os primeiros pelos de pêssego brotavam em nossos buços, formando um pequeno bigodinho de furar-meias, aqueles que estavam na puberdade imitavam como podiam a vida de Malhação no colégio.
Era preciso coragem para chegar na coleguinha forçando um grave na voz em meio ao amadurecimento das cordas vocais.
Tinder, Facebook, Instagram e nem o diabo do celular existiam.
A Globo pautava nossas vidas. Formava assuntos nos bastidores. E nunca faltava.
O Big Brother, a Fórmula 1 do Airton Senna, o Boner incontestável, o Rei do Gado e a Ana Maria Braga comendo embaixo da mesa enquanto soltava os cachorros.
Mas agora não mais.
Fórmulas pasteurizadas da vida regadas a Crossfit, biquinhos em selfies, stories de tudo quanto é coisa tomaram conta.
Sociedade de imagens e aparências.
[bloco 1]
Parece fila para o inferno.
Todo mundo é legal.
Todo mundo é bem intencionado. Todo mundo é oráculo de tudo. Todo mundo é fitness e faz bolo de cereais. Todo mundo fala balada, top e pós-treino.
A Ana Maria Braga não entra mais embaixo da mesa.
A Fátima Bernardes substitui o Power Ranger branco e o Goku. O Jô Soares foi trocado pelo mala do Bial.
Trocaram o Jornal Nacional pelos fake fews do “Zap-zap”.
Pra mim já chega.
Volta, Rede Globo.
E nos manipule.


Lajeado

Para encarar a crise, tem gente que está, literalmente, fazendo malabarismo para vencer os boletos do fim do mês.

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(SEM LEGENDA)

Carma

Começo a achar que a candidatura de Lula é uma compensação cármica. Talvez ele não surrupeie o dinheiro público a empreiteiros canibais. Já fez tanto que não precisa mais disso. Passados os 70 anos, só lhe resta compensar o discurso perdido no ABC Paulista. Quem sabe daí governe, de fato, para os pobres e não para os ultramilionários.


Mau humor

Em tempos de crise, peca a todos os deuses aquele que maltrata e despreza o cliente. Agora, mais do que ter sempre a razão, ele precisa também ser compreendido.


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E aí, peixe

O Maradona até pode ter jogado feito um dos deuses do futebol. Mas tirar o cara para ídolo não dá: gol de mão na Copa de 86, sonífero na garrafinha da água de Branco na Copa de 90, corte por dopping na Copa de 94 e, para fechar a “carreira”, uma torcida fanfarrona e sob efeitos duvidosos (para dizer o mínimo) na Copa de 2018.
Sou mais o Romário. Melhor atacante dentro da grande área de todos os tempos e homem público exemplar, na luta dos deficientes físicos, como pai da menina Ivy, que tem síndrome de Down.


No Twitter

@elikatakimoto | A pior solidão é estar ao lado de quem acha que agrotóxico não faz mal, mas a vacina sim.


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