Pela primeira vez desde 1990, o país registra aumento na taxa de mortalidade infantil. A pesquisa feita pelo jornal Folha de São Paulo se refere aos números de 2016. A tendência é de que a elevação se repita em 2017 e em 2018. O índice foi de 14 óbitos infantis para cada mil nascimentos, um aumento próximo de 5%.
Dois motivos são apontados para esse resultado. A epidemia do vírus da zika e a crise econômica. No primeiro apontamento, se trata da redução de nascimentos, o que afeta o cálculo da taxa de mortalidade, tendo em vista a morte de bebês por malformações.
Com relação ao impacto da recessão, há uma associação às mortes infantis evitáveis, como diarreias e pneumonias. Nesse segmento, parte da responsabilidade recai sobre o governo, devido à estagnação de programas sociais, cortes de verbas na saúde pública e pelo desemprego.
Falta uma luz no horizonte da nação. Difícil saber quando o país voltará aos trilhos. O desequilíbrio nas gestões públicas impacta sobre a população, em especial na mais carente. Como o discurso é de austeridade, a perspectiva para os próximos anos é de mais redução no investimento público.
O atendimento básico ficará cada vez mais comprometido. A taxa de mortalidade infantil é um indicador importante para avaliar a capilaridade das políticas públicas. Justo em um segmento sensível, em específico na vida dos bebês, o Brasil retrocede.
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Esse movimento pode ser confirmado no fechamento de leitos infantis. De 2010 a 2016, as instituições de saúde desativaram mais de dez mil unidades pediátricas pelo SUS. Mais de 40% dos municípios do país não têm leitos para internação nessa especialidade.
Conforme reportagem publicada pela Folha de S. Paulo nessa segunda-feira, das 5.570 cidades, 2.169 não têm nenhum leito pediátrico. Entre as que têm pelo menos uma unidade de terapia intensiva infantil, 1/3 tem menos de cinco leitos e 66 contam com apenas um leito.
Como o ano é de eleições gerais, este é o momento para a sociedade pensar em quais são as suas prioridades. O equilíbrio entre gestões públicas conscientes dos gastos e da responsabilidade de criar políticas públicas para garantir a vida. Não é aceitável que o mundo tenha redução de 3,2% nas taxas de mortalidade enquanto o Brasil amarga aumento de 5%.
Editorial
Alerta nacional
Pela primeira vez desde 1990, o país registra aumento na taxa de mortalidade infantil. A pesquisa feita pelo jornal Folha de São Paulo se refere aos números de 2016. A tendência é de que a elevação se repita em 2017…