Publicitário e fundador da Mr. Wolf – Facilitadores Estratégicos, Marcelo Campana Lubisco foi atração da reunião-almoço da Acil de julho. Especialista em design estratégico, Lubisco falou sobre a necessidade de equilibrar as tarefas cotidianas com a necessidade de desenvolver e executar estratégias.
Conforme o palestrante, a rotina das empresas está cada vez mais atribulada, fazendo com que os gestores se empenhem cada vez mais nas tarefas operacionais e acabem deixando de lado os momentos de parada para pensar o planejamento estratégico.
Segundo ele, a estratégia é única maneira de solucionar problemas e criar novas oportunidades para o negócio, portanto, não deve ser negligenciada pelo foco nas atividades diárias. “As empresas estão atoladas em rotina e investindo cada vez menos o seu tempo e seus recursos em pensar e agir.”
Para Lubini, rotina são todas as tarefas imprescindíveis para o andamento da empresa, e aumenta ou diminui de acordo com o número de clientes internos e externos. “Não pode ser a vilã, porque não vamos nos livrar dela.”
Segundo ele, o importante é não deixar que o peso da rotina, que tende a aumentar de acordo com o desempenho da organização, atrapalhe a estratégia. “A estratégia é qualquer iniciativa essencial para levar a empresa para outro patamar de competitividade, que transforma essa empresa em algo melhor.”
Conforme o palestrante, para equilibrar esses dois elementos da atividade empresarial, os gestores precisam começar a pensar micro. Se foi identificada a necessidade de pensar e executar dez tarefas, exemplifica, executar uma, duas ou quatro dessas ações já tornará a empresa melhor.
Segundo ele, quando a empresa está estruturada, pensa e age em torno da estratégia, a própria rotina acaba diminuindo porque muita coisa desnecessária deixará de ser feita.
Teoria dos jogos
O publicitário defende a adoção de uma metodologia competitiva para resolver problemas de negócio por meio de paradas estratégicas. Para ele, em invés de incluir na rotina horas semanais de reuniões pouco resolutivas, é mais eficiente parar durante dois ou três dias inteiros durante um mês, desde que a proposta seja de fato construir a solução dos problemas.
Nesse sentido, defende a adoção de uma metodologia baseada na teoria dos jogos. “Qualquer jogo alia a colaboração com a competição”, afirma. Segundo ele, combinar essas duas coisas que parecem conflitantes é a melhor maneira de criar ideias inovadoras e capazes de solucionar problemas.
A efetividade dessa metodologia, relata, está diretamente ligada ao envolvimento dos diferentes setores da empresa, de parceiros, clientes e consumidores.
Entrevista
“A empresa que pensa e age estrategicamente está mais preparada”
É possível equilibrar a manutenção da rotina de trabalho com a necessidade de parar para planejar estratégias?
Marcelo Lubisco – Esse é uma problemática cresce. Com o desenvolvimento de tudo o que existe em tecnologia, se intensifica, pois ficamos mais ansiosos, com mais focos de atenção, e as empresas ainda estão derrapando nesse universo. Importante dizer que a rotina tende a não diminuir. O maior erro que você pode cometer é esperar a rotina diminuir para fazer as paradas para construir e pensar as estratégias. É preciso criar brechas na rotina para resolver problemas de forma ágil. Normalmente a estratégia está associada a reuniões gigantescas e pouco produtivas. As pessoas falam muito, discutem muito, e muito pouco se produz. Os momentos de falar e pensar a estratégia precisam ser momentos de produção. Dá para fazer, mas é preciso ter métodos.
Quais métodos podem ser aplicados nesse sentido?
Lubisco – Na empresa onde atuo, a proposta é de criar momentos muito inspiradores para falar de estratégias. A ideia é resolver a estratégia em poucos encontros de alta produtividade. Então, em vez de fazer durante um mês duas horas de reunião estratégica toda terça e quinta-feira, por que não tentar pegar algumas situações estratégicas e em um mês resolvê-las em três encontros de um dia inteiro? Quando você olhar para trás depois desse mês, essas questões estarão superadas e você poderá pensar em outras, e as pessoas perceberão que construíram coisas que serão utilizadas, e não discutiram. Assim, a estratégia ganha importância em meio à rotina.
Como esse equilíbrio é afetado pelos momentos de crise?
Lubisco – Acredito que as empresas que têm uma sistemática de pensamento e execução de estratégia serão menos afetadas pelos momentos de crise. A empresa que pensa e age estrategicamente está mais preparada para enfrentar as mudanças de cenário. Não é porque estamos passando por uma crise que está na hora de pensar estrategicamente. Esse pensamento deve ocorrer em todos os momentos. Se vamos conseguir vencer as crises, não sei, pois depende de muitas outras coisas, mas isso diminui a margem de erro. Se a empresa ainda não pensa dessa forma, acredito que tem que começar a pensar em ser. Para isso, é preciso primeiro mudar o hábito para criar a cultura na empresa. É estar preparado para a crise trabalhando fortemente a estratégia.
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br