Idoso amarrado por 2 dias

Estrela - VÍTIMA DA VIOLÊNCIA

Idoso amarrado por 2 dias

Criminosos invadiram casa no bairro Cristo Rei e roubaram cerca de R$ 300 mil do aposentado. Quatro bandidos renderam Audir Medeiros, 81, e entraram na casa dele. O crime aconteceu na terça-feira, por volta das 11h. Depois de ser agredido com golpes de facão, o idoso foi amarrado nos braços e nas pernas. Áurea Medeiros, a únicar familiar viva, percebeu sumiço do irmão dois dias após o crime. Cunhado e amigo encontraram a vítima amordaçada.

Idoso amarrado por 2 dias
Estrela

Embora tenha recebido alta hospitalar, nessa sexta-feira, o aposentado Audir Medeiros da Silva, 81, preferiu permanecer no Hospital Estrela.

Tamanho trauma depois de ter passado dois dias amarrado e amordaçado no sofá de casa após bandidos roubarem cerca de R$ 300 mil, que estavam guardados na residência, na rua José João Horn, no bairro Cristo Rei. Por enquanto, Silva ele se sente mais seguro no hospital.

Quebra na rotina

Todos os dias, Silva ia até a padaria que fica a 200 metros de casa para buscar pão. Para completar a rotina, por volta das 12h, saía do bairro Cristo Rei em direção ao Alto da Bronze para comprar almoço em um restaurante nas imediações do hospital.

Sem filhos e viúvo faz cinco anos, no caminho, passava na casa da irmã Áurea Medeiros da Silva, 78, a única pessoa da família ainda viva.

Porém, por dois dias, a irmã e o marido Juarez Oliveira, 58, ficaram se receber a visita de Silva.

“Achei muito estranho”, conta o cunhado. “Ele sempre passava aqui para conversar com a gente”.

Oliveira tentou ligar para Medeiros por oito vezes. Nada.

Na quinta-feira, às 13h, movido pela inquietação acerca da saúde do cunhado, pegou a bicicleta e foi até a casa dele.

“Cheguei lá e tava tudo fechado”, lembra.

O socorro

Já não restava mais dúvidas aos familiares de que havia algo errado com Silva. Em frente à casa do aposentado, um chaveiro foi chamadoa.

Com as pernas bambas, pensando que ele pudesse estar morto, Oliveira e Áurea não tiveram coragem de entrar. Um vizinho, muito amigo do aposentado, decidiu ajudar. Acompanhado do chaveiro, abriram a porta da residência.

No hall da casa, um vaso caído com flores no chão. No quarto do aposentado, roupas de cama espalhadas por todos os cantos, gavetas jogadas contra parede e pertences caídos no carpete.

Passando pela cozinha, o chaveiro e o vizinho constataram que inclusive itens da geladeira tinham sido roubados.

Chegando no último cômodo da casa, na varanda junto à garagem, encontraram Silva.

Com as mãos presas em braçadeiras plásticas por dentro das pernas cruzadas e amarradas, o aposentado estava também amordaçado com um pano na boca.

“Achamos ele”, gritou o vizinho.

Do hall da casa, a irmã, temendo a pior resposta, com a pouca voz que lhe sobrara em meio ao pânico, perguntou.

“Ele está vivo?”

Para alívio, a resposta foi positiva. Neste momento, a faxineira Lovane da Silva, 55, também estava junto dos demais para conferir o estado de saúde do patrão, com quem trabalha faz mais de 20 anos.

Bombeiros e Brigada Militar foram chamados para socorrer o aposentado, preso e amordaçado por dois dias dentro de casa.

Com a saúde debilitada, ele foi retirado da residência em uma maca.

“Chorei ao ver os braços dele inchados de tanto apanhar”, lembra Lovane.

Facão usado para agredir o idoso. Ao fundo, a poltrona onde ficou amarrado

Facão usado para agredir o idoso. Ao fundo, a poltrona onde ficou amarrado

O caso

Às 11h de terça-feira, ao retornar da padaria, Silva se deparou com um veículo parado em frente à casa.

Em seguida, pelo menos quatro criminosos saíram do carro e, aos pontapés, levaram o aposentado para o interior da casa. O portão já havia sido arrombado para facilitar a entrada do bando.

Ao encontrarem um facão no roupeiro, os bandidos começaram a agredi-lo nos braços e nas costas.

Para evitar que a vítima gritasse por socorro e aproveitando-se da fragilidade do idoso, ele foi levado para a varanda, onde foi amarrado e amordaçado enquanto os criminosos vasculhavam a residência.

Nem o antigo veículo Santana de Silva passou imune à revista do bando.

Mas na estante, em frente ao poltrona onde o aposentado fora amarrado e amordaçado, os bandidos encontraram a quantia de pelo menos R$ 300 mil.

Eles fugiram sem ninguém perceber a ação, embora tudo tenha acontecido entre as 11h e as 12h de terça-feira.

Reincidência

Faz duas semanas, bandidos tentaram assaltar a casa de Silva. Primeiro quebraram o portão da frente e arrombaram a garagem, porém, não contavam com uma tranca extra no local onde o aposentado guardava o Santana.

Por último, os criminosos tentaram acessar a residência pelos fundos. Silva, que estava em casa durante a tentativa de assalto, ligou para a Brigada Militar e o grupo fugiu.

Depois desse episódio, na última semana, o aposentado havia investido mais de R$ 2,5 mil em alarme na casa.

“Acredito que alguém sabia que ele guardava dinheiro em casa e por isso queriam tanto roubar”, conta o cunhado.

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Investigação

O caso é investigado pelo delegado José Romaci Reis. Segundo ele, ainda não há suspeitos do crime. A Polícia Civil ainda não teve acesso à residência.

Oitivas com familiares e Silva devem ser feitas nos próximos dias para que a polícia chegue aos criminosos.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

 

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